quinta-feira, 30 de novembro de 2017

3 960 - Extinção dos Grupos Especiais (GE´s) adidos aos Cavaleiros do Norte

Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, no Quitexe: tenente Mora (SGE), furriéis
 milicianos Neto, Viegas e Monteiro (trio de Operações Especiais, os Rangers),
1º. cabo Miguel (escriturário) e furriéis milicianos Reino (Rangers) e Aldeagas
(atirador de Cavalaria), frente à Casa dos Furriéis
Os furriéis milicianos Viegas e Neto, responsáveis pelos
GE´s 217 e 223, ambos adidos ao BCAV. 8423, no Quitexe



A 30 de Novembro de 1974, hoje se pas-
sam 43 anos nas memórias das nossas vidas e pelas bandas do Quitexe, no Uíge angolano e pela Zona de Acção (ZA) dos Cavaleiros do Norte, conclui-se o processo de extinção dos Grupos Especiais - os GE´s.
«A ineficiência que se vinha verificando e  sua desnecessária (in)inexistência levaram os escalões superiores a prever a sua desactivação, o que se verificou a 30 de Novembro», reporta o livro «Histó-
ria da Unidade» - o BCAV. 8423.
Grupos Especiais
O mesmo livro de memórias da nossa jornada africana, sublinha ainda, e ainda sobre a desactivação dos GE´s, que poderia «até dizer-se que muitos deles enfileiraram de imediato nas forças irregulares da FNLA e também, segundo alguns, nas do MPLA».
O que não era, não foi..., nada de surpreendente - pelo conhecimento que já tínhamos da duplicidade de alguns deles. Eram grupos irregulares ao serviço das Forças Armadas Portuguesas durante duas semanas por mês (recebendo instrução e participando em operações militares), no restante tempo eram bem sabiam eles o quê. Nós, nem tanto.
O BCAV. 8423 tinha quatro Grupos Especiais: dois na CCS, do Quitexe (os GE´s 217 e 223, de que eram responsáveis directos os furriéis milicianos Viegas e Neto, ambos de Operações Especiais - os Rangers), um  na 2ª. CCAV. 8423 (o 222) e um na CCAÇ. 4145, em Vista Alegre (o 208).

Guerreiro da CCS,
65 anos no Algarve

O mecânico-auto Guerreiro, dos Cavaleiros do Norte da CCS, está hoje em festa: comemora 65 anos.
José Domingos da Encarnação Guerreiro era, ao tempo, residente no Sítio das Lombas, freguesia e concelho de Lagoa, no Algarve. Lá voltou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e da nossa) jornada africana de Angola.
Actualmente e continuando profissionalmente ligado à mecânica automóvel, tem oficina e mora no Alvor - para onde vai o nosso abraço de parabéns!
Fazenda de Santa Isabel


Luís e Graça, atiradores,
anos em Santa Isabel!

Os atiradores de Cavalaria Graça e Luís, ambos da 3ª. CCAV. 8423, festejaram anos a 30 de Novembro de 1974, quando estavam aquartelados na Fazenda Santa Isabel.
José Maria Luís era originário de Melriço,  dafreguesia S. Tiago da Guarda, no concelho de Ansião. Mora agora em Chão de Couce, também em Ansião. Comemorou 28 anos.
Raúl Rosa da Graça vivia no Barreiro e lá regressou a 11 de Setembro de 1975. Mora agora na Mina do Lousal, na Azinheira dos Barros, em Grândola. Festejou 22 anos e dele mais nada sabemos.
Para ambos os Cavaleiros do Norte de Santa Isabel, e depois Quitexe e Carmona, vão os nossos abraços da parabéns!

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

3 959 - Contra-subversão no Quitexe, furriel Martins e 1º. cabo Leonel...

Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, todos furriéis
 milicianos: António Augusto Rebelo, de Guimarães, Amorim António Mar-
tins (que hoje faz 65 anos, em Pegões Gare), Abel Maria
 Mourato, de  Vil
Viçosa, e Mário Augusto Matos, de Anadia

Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423 em mais um
encontro: Marques, Azevedo, Oliveira, Beato e Soares

A Comissão Local de Contra-Subversão (CLCS) do Quitexe reuniu a 2 de No-

vembro de 1974, no âmbito do «progra-
ma traçado» para aquele período pós-cessar fogo anunciado pelos três mo-
vimentos angolanos de libertação.
As CLCS actuavam junto das popula-
ções, por via da acção psicológica e com o intuito de influenciar o seu comportamento, no sentido de uma

maior fixação no território e de negar apoio a elementos infiltrados.

Cavaleiros de Aldeia
Viçosa a... passear! 

Um quarteto de Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, fez passeio de turismo e de saudade das terras uíjanas de Angola.

O grupo juntou-se nas margens do Rio Douro, em Vila Nova de Gaia, e foi em «cruzeiro» até à Barragem de Crestuma/Lever.
Foram eles os 1º. cabos António Marques (operador-cripto), João Azevedo (apontador de morteiros) e José Maria Beato (radiotelegrafistas) e os soldados Alexandre Oliveira (clarim) e António Rocha Soares (atirador de Cavalaria).
Amorim Martins




Martins, furriel de Aldeia
Viçosa, 65 anos em Pegões!


O furriel miliciano Martins, da 2ª.CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, festeja hoje 65 anos.
Amorim António Barrelas Martins foi furriel mecânico-auto dos Cavaleiros do Norte da CCAV. comandada pelo capitão miliciano José  Manuel Cruz, e regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975, fixando-se no Cruzamento de Pegões, freguesia de Canha, no concelho do Montijo.
Foi louvado pelo comando do BCAV.8423, por ter «garantido com o seu exemplo, esforço e firmeza, o melhor aproveitamento do pessoal técnico sob as suas ordens, com o que obteve excepcional operacionalidade das viaturas da subunidade».
O louvor sublinha também o seu «zelo e competência» e também «uma impecável conduta cívica e militar», que tornaram «merecedor de ser distinguido com este justo prémio» - o louvor.
Leonel Sebastião

Leonel, mecânico, 65 
anos em Leiria !

O 1º. cabo mecânico-auto Leonel, da 2ª. CCAV. 8423 e está hoje em festa: comemora 65 anos.
Leonel da Encarnação Sebastião era natural de Á-dos-Pretos, freguesia da Maceira, em Leiria, e lá regressou a 10 de Setembro de 1975. Por lá continuou e fez vida e para lá vai o nosso abraço de parabéns!

terça-feira, 28 de novembro de 2017

3 958 - O alferes Hermida, os 1ºs. cabos Esteves e Albino, o Grave...

Cavaleiros do Norte das Transmissões. Costa (?), furriel Pires, alferes
Hermida (que hoje faz 71 anos) e 1ºs. cabos Oliveira a Mendes. Em baixo,
Zambujo, Soares, Salgueiro e Jorge Silva, da 1ª. CCAV. 8423,  a de Zalala
O casal Hermida: Graciete Marques (à esquerda) e o alfe-
 res José Leonel Hermida (à direita) com o furriel Viegas,
em Fevereiro de 2015, na Figueira da Foz


O dia de hoje é de aniversário de vários Cavaleiros do Norte: o alferes miliciano José Leonel Hermida chega aos 71! Os 1º. cabo José Esteves e o soldado Joaquim Grave fazem 65! O 1º. cabo Albino Ferreira também faria, mas, infelizmente, faleceu a 23 de Janeiro
deste ano de 2017.
José Leonel Pinto de Aragão Hermida 
O casal Hermida no Natal
de 1974, no Quitexe
foi oficial de Transmissões e de Acção Psicológica dos Cavaleiros do Norte, integrado na CCS, no Quitexe. Originário de família de Castro Daire, nasceu em Coimbra e mora na Figueira da Foz. Com formação na área da engenharia electrónica, foi professor de matemática e física, de que está aposentado.
Deixou o Quitexe e os Cavaleiros do Norte em Fevereiro de 1975 e rodou para o Songo, daqui para Luanda, seguindo para Nova Lisboa (actual Huambo) onde sentiu os dramas de uma guerra que tragicamente pôs angolanos contra angolanos e, por exemplo, levou a que Graciete Marques Hermida (sua esposa e que tinha sido professora primária no Quitexe), tivesse de sair à pressa para Luanda, num avião e com família de outros oficiais.
Na altura, o alferes Hermida rodou para o Luso, onde as coisas não foram nada fáceis, devido às circunstâncias locais da guerra civil angolana.
«Foram tempos muito maus, mas inesquecíveis, com coisas e coragens que só a idade permite», disse-nos o alferes Hermida, há 2 anos e na sua casa da Figueira da Foz, quando nos reencontrámos 40 anos depois.
Hoje faz 71 anos. Parabéns!
José  Lopes Esteves

Esteves, 1º. cabo, 65
anos em Viseu !

O 1º. cabo Esteves, da secretaria do Comando do BCAV. 8423, está hoje em festa: comemora 65 anos!
José Lopes Esteves foi escriturário e regressou a Portu-
gal, e a Viseu, a 8 de Setembro de 1975. Fez vida profissional na área comercial do sector  automóvel e já está aposentado. O seu aniversário tem uma curiosi-
dade muito particular: nasceu a 22 de Novembro mas apenas foi registado a 28 de Novembro de 1952. Parabéns para ele que, pela esposa e exactamente hoje, sabemos que esta de boa saúde e para a curvas.
O furriel João Dias
e Albino Ferreira

Albino, 1º. cabo,
faria hoje 65 anos!

O 1º. cabo Albino, atirador de Cavalaria do BCAV. 8423, faria hoje 65 anos. Faleceu, de doença, a 23 de Janeiro deste ano de 2017.
Albino dos Anjos Ferreira foi garboso Cavaleiro do Norte do PELREC, no Quitexe (primeiro) e da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala (depois). Participou no encontro da CCS de 2010 e não mais o vimos. Natural do Cardal, em Ferreira do Zêzere, morava em Almargem do Bispo, con-
celho de Sintra - onde trabalhou na área da construção civil e do comércio de automóveis usados. Foi lá que (ver foto) foi achado pelo furriel João Dias, de Zalala, em finais de 2016. Recordamo-lo com saudade. Foi um bom compa-
nheiro da jornada africana do Uíge angolano.
Joaquim Grave

Grave, da 2ª. CCAV.,
65 anos no Montijo!

O soldado mecânico Grave, da 2ª. CCAV. 8423, está hoje em festa: é dia 28 de Novembro de 2017 e comemora 65 anos.
Joaquim Augusto Margaça Grave, de seu nome completo,  foi Cavaleiro do Norte de Aldeia Viçosa e regressou a Portugal a 10 de Setembro de 1975, à sua residência do Largo do Calvário, na freguesia e concelho alentejano do Redondo. 
A vida profissional levou-o para «fora de portas» e mora actualmente na Praça Aldegalega, no Montijo. Para lá vai o nosso abraço de parabéns!

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

3 957 - Operação «trimetal» e BCAV. 8423 no CSU!

Cavaleiros do Norte do PELREC. De pé, 1º. cabo Almeida (falecido a 28/02/2009),
Messejana (f. a 27/11/2009), Ferreira, 1º. cabo Soares, António, Florêncio, Marcos, 

1º. cabo Pinto, Caixarias e 1º. cabo Florindo (enfermeiro). Em baixo, 1º. cabo Vi-
cente (f. a 20/01/1997), furriel Viegas, Francisco, Leal (f. a  18/06/2009), 1ºs. cabos
Oliveira (TRMS) e Hipólito, Aurélio Barbeiro) e Madaleno
Furriel Viegas no Quitexe, há 43 anos. Não
tinha, nesse tempo, problemas de anca para
ter de pôr uma prótese. Teve agora!



O dia de hoje, 27 de Novembro de 2017, é o do meu regresso a casa, com alta hospitalar e depois de uma intervenção cirúrgica: a primeira de toda a minha vida e precisamente no dia (21) em que fiz 65 anos.
Correu tudo muito bem, fui «enriquecido» com zircónio, titânio e polietileno (em prótese, numa que, metaforicamente, verdadeiramente pode-
ríamos chamar «Operação Trimetal»), a anca direita irá deixar de me fazer «mancar» e, assim acredito, dentro de pouco tempo terei bem melhor qualidade de vida. Graças à perícia e competência do meu amigo dr. José Brenha, que é sábio nacional da ortopedia.
Muitos Cavaleiros do Norte me contactaram pessoal e telefonicamente ao longo destes 6 dias de «hospedagem» no excelente Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro - não sei como souberam o meu internamento e intervenção cirúr-
gica - depositando-me abraços de fortíssima amizade e viva e cara solidarie-
dade. Deixem-me sublinhar os especiais afectos que o telefone me trouxe em-
balados em ternurentas chamadas do capitão Acácio Luz (de 89 anos) e do furriel Cândido Pires (sapadores, de 65), também eles recentemente interven-
cionados e encorajando-me para esta minha debutância cirúrgica.
A todos agradeço, sem excepção!
Capitão José Paulo Falcão


Cavaleiros do Norte
no Comando do Sector


Há 43 anos e sem quaisquer ancas a incomodar a saúde física de nenhum dos bravos Cavaleiros do Norte que jornadeavam pelo Uíge angolano, o capitão José Paulo Falcão deslocou-se a Carmona para mais uma reunião do Comando de Sector do Uíge.
Os trabalhos decorreram no Batalhão de Caçadores 12 (o BC 12, que a partir de 2 de Março de 1975  viria a ser o quartel do BCAV. 8423) e envolveram os comandantes das várias unidades militares do Sector uíjano. 
José Paulo Montenegro Mendonça Falcão era o oficial de operações dos Cavaleiros do Norte e exercia, ao tempo, as funções de comandante interino do BCAV. 8423 - por o tenente-coronel Carlos Almeida e Brito estar de férias em Portugal.
João Messejana

Messejana, atirador,
faria 65 anos!

O atirador de Cavalaria Messejana faria hoje 65 anos. Faleceu a 27 de Novembro de 2009.
João Manuel Pires Messejana era do litoral alentejano, rapaz de poucas falas, sempre muito introspecto, mas cumpridor e disciplinado. Dele não houve, alguma vez, alguma queixa, algum dedo apontado. Regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, teve uma pequena empresa comercial (que perdeu, com a mulher, para um sócio), ingressou numa força policial e faleceu de doença, em Lisboa.
Hoje o recordamos com saudade.






domingo, 26 de novembro de 2017

3 956 - Comício da FNLA em Vista Alegre, o primeiro e há 43 anos!

O furriel João Dias, em grande plano, comandou uma coluna motorizada
 que, de Vista Alegre, levou militares e militantes da FNLA a um comício da
 FNLA a Aldeia Viçosa. A 26 de Novembro de 1974, hoje se fazem 43 anos,
 
realizou-se um comício do mesmo movimento ma em Vista Alegre
O furriel Rodrigues, da 1ª. CCAV. 8423, rodeado por 4
combatentes da FNLA, em Vista Alegre (1974/75)



O dia 26 de Novembro de 1974 ficou nos anais da história da presença portuguesa em terras de Angola: foi o tempo do primeiro comício da FNLA em terras de Vista Alegre - onde já jornadeavam os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Zalala. 
Os contactos dos combatentes e dirigentes da FNLA com as autoridades militares portuguesas iam já ao nível das chefaturas e «em fase mais avançada até permitiram a realização de um comício de mentalização das populações», como refere o livro «História da Unidade» (o BCAV. 8423), sublinhando, quanto ao dito comício, que era «certamente tendente a procurar anular a influência local e de área que o MPLA possui».
Os presidentes Jonas Savimbi (UNITA), Agos-
tinho Neto (MPLA) e Holden Roberto (FNLA)

Mesa redonda em Portugal

com movimentos angolanos

O dia 26 de Novembro de 1974, há 43 anos, foi tempo de se saber que MPLA, FNLA e UNITA se iriam reunir em Portugal, em mesa redonda, com o objectivo de preparar a formação do Governo de Transição - ou Provisório, como por lá mtambém era chamado. 
«O Governo que será constituído deve ser formado pelos diversos movimen-
tos nacionalistas», comentou Mário Soares, que era o ministro português  dos Negócios Estrangeiros e acrescentou que «decidimos fazer uma mesa redonda na primeira quinzena de Dezembro». Dali a poucos dias.
Faltava escolher o local. «Propomos Portugal...», disse Mário Soares, argu-
mentando que, podendo ser em país africano, algum dos movimentos «poderia acontecer que alguns movimentos nacionalistas se recusassem a ir»
Daniel Chipenda

Expulsão de Chipenda,
acordo FNLA/UNITA

A data de há 43 anos foi assinalada, também, pela notícia da expulsão de Daniel Chipenda do MPLA, acusado de traição.
«Chipenda e o seu grupo trabalham agora com a FNLA e por este facto foram excluídos do movimento», disse Agostinho Neto, que era o presidente do MPLA.
Ao mesmo tempo, FNLA e UNITA, dois dos três movimentos de libertação de Angola - era o MPLA, o outro, o terceiro... -, «assinaram um acordo, pondo termo às suas divergências» e, por outro lado, sublinhava a notícia, «instaurando uma cooperação e assistência mútua, para fazer frente a qualquer eventualidade extremista, vinda de qualquer lado». 
O acordo foi assinado, em Kinshasa, a capital do Zaire, e pelos presidentes Holden Roberto (da FNLA) e Jonas Savimbi (da UNITA). 

Adriano de Santa Isabel, 
68 anos em Carnaxide!

O 1º. cabo Adriano apontador de Morteiros da 3ª. CCAV. 8423, está hoje em festa, dia 26 de Novembro de 2017: faz 68 anos!
Adriano Marques de Oliveira, ao tempo da jornada africana do Uíge angolano, era residente em Santegãos, na Areosa, cidade do Porto. Lá voltou a 11 de Setembro de 1975.
A vida, entretanto, levou-o para as bandas de Lisboa e sabemos que mora em Carnaxide, no Portal das Tendas. Para lá vai o nosso abraço de parabéns pela bonita idade que comemora!

sábado, 25 de novembro de 2017

3 955 - O adeus da 1ª. CCAV. 8423 e os primeiros combatentes de Zalala

Cavaleiros do Norte a 1ª. CCAV. 8423, que há precisamente 43 anos abandonou
a Fazenda de Zalala, todos milicianos e aqui já em Vista Alegre: o alferes Pe-
dro Rosa ladeado pelos furriéis Manuel Pinto (à esquerda) e João Aldeagas

Furriéis milicianos de Zalala: Eusébio, Queirós e Costa
 (de pé), Rodrigues, Louro, Barata (flecido a 11 de Outubro
 de 1997) e M. Dias, mecânico (falecido a 20 de Outubro de
2011), ambos de doença. RIP!!!


A 1ª. CCAV. 8423 concluiu a sua rotação para Vista Alegre e Ponte do Dange a 25 de Novembro de 1974. Hoje se passam 43 anos.
Os Cavaleiros do Norte da mítica Fa-
zenda de Zalala, comandados pelo capi-
tão miliciano Davide de Oliveira Castro Dias, foram, assim, os últimos militares portuguesas a ocupar aquele ponto es-
tratégico da ZA do Batalhão de Cavalaria 8423 e que foi sobremaneira relevante
José Martinho, à esquerda, fazia parte da
primeira Companhia de Caçadores a chegar
a Zalala, em 1961. Aqui, com o furriel Vie-
gas, da CCS do BCAV. 8423
para a tropa portuguesa, desde a chegada dos primeiros militares, em 1961. 

A primeira tropa
em Zalala!

A primeira Companhia de Caçadores a chegar ao Quitexe, em 1961, integrava um conterrâneo do blogger - José de Oliveira Martinho, agora na casa dos 80 anos e PSP aposentado.
Coutou-nos que, estabilizada a vila, partiu um grupo para  Zalala, de onde tinha chegado notícias de barbáries. Demoraram 9 dias para fazer o 40 e tal quilómetros que os levaram a Zalala - onde encontraram morte e destruição.
O galgar dos quilómetros foi lento. «Tivemos de fazer e desfazer 14 pontes, para progredir. Fomos alvejados muitas vezes, morreram soldados nossos, creio que nove...», contou José Martinho.
Os tempos foram de dramas e tragédias que as palavras não contam. Desbravaram picadas e construíram pontes, invadiram «aquartelamentos», limparam suor feito de sangue dos rebentamentos de bombas e minas, do deflagrar de granadas, do efeito mortífero dos tiros dos canhangulos.
Zalala ofereceu-lhes cenário mortal: dezenas de mortos, homens, mulheres e crianças espalhados pelo chão. 
«Safou-se o encarregado da fazenda, a quem deceparam um braço, mas conseguiu fugir para a mata, onde andou à fome até que a tropa apareceu»,contou José Martinho.
 Era a guerra que começava! 
«O encarregado salvou-se, a embrulhar o côto do braço em bocados de pano e folhas de árvores!», recordou José Martinho.
A tropa instalou-se e foram os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423 a última guarnição militar portuguess,de lá saindo 13 anos depois.

Rafael António
Pimenta Ramalho

Ramalho, furriel de Aldeia
Viçosa, 65 anos em Évora !

O furriel miliciano Ramalho foi atirador de Cavalaria da 2ª. CCAV. 8423. Amanhã é domingo, dia 26 de Novembro de 2017, e festeja 65 anos em Évora, a sua cidade de sempre!
Rafael António Pimenta Ramalho especializou-se na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e tornou-se Cavaleiro do Norte da uíjana Aldeia Viçosa pela mobilização para Angola. De lá voltou a 10 de Setembro de 1975, depois de cumprida a sua jornada africana. Voltou à Quinta das Courinhas, na Es-
trada de Reguengos e freguesia da Sé, em Évora.
Por lá fez vida familiar e profissional, na área comercial, e lá vive, agora no Bairro de Santo António e reformado. Para lá vai o nosso abraço de parabéns!

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

3 954 - Calmaria no Uíge do BCSV. 8423, Governo de Transição para Angola

O tenente-coronel Almeida e Brito, comandante do BCAV. 8423, com os
 milicianos capitão José Manuel Cruz, comandante da 2ª. CCAV. 8423, e
o alferes Jorge Capela, ambos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa

Cavaleiros do Norte de Zalala: furriel Plácido Queirós,
 capitão Castro Dias,  alferes Lains dos Santos e furriel
Mota Viana no encontro de Águeda em 1995 (o primeiro)

A 24 de Novembro de 1974, um domin-
go, o almirante Rosa Coutinho viajou de Luanda para Lisboa, onde iria participar nos trabalhos da Comissão Nacional de Descolonização. Era o presidente da Junta Governativa e a situação de An-
gola estava na agenda de trabalhos.
A criação e nomeação de um Alto Co-
missário para Angola, a qual, de acordo com o Diário de Lisboa do dia seguinte
Rosa Coutinho ladeado pelos presidentes
Agostinho Neto (MPLA), à esquerda, e
Konas Savimbi (UNITA)
(25), «estaria ligado à formação do Governo de Transição, em que entrariam elementos dos diversos movimentos de libertação».
O Diário de Lisboa, ainda sobre esta matéria, reportava que «em Luanda, admite-se que o referido Governo de Transição possa entrar em actividade dentro de 3 semanas». 
Mário Soares, ministro dos Negócios Estran-
geiros de Portugal, encontrou-se nesse dia com Mobutu Sese Seko, presidente do Zaire, e depois com Holden Roberto, presidente da FNLA, para analisar a situação de Angola. 
O diplomata considerou de «útil» o encontro com o presidente do movimento de libertação e manifestou a intenção de «também reunir com Jonas Savimbi (UNITA) e Daniel Chipenda (MPLA)».
«Estamos decididos a ir até ao fim, isto é, até à  independência, mas e necessário encontrar um meio de diálogo para fazer falar o coração e manter a paz neste território», disse Mário Soares.
A Fazenda de Zalala, onde esteve a 1ª. CCAV. 8423

Rotação de Zalala

Ao tempo, os Cavaleiros do Norte mantinham as suas actividades normais, com a 1ª. CCAV. 8423, a da fazenda de Zalala, a fazer já sua rotação para Vista Vista Alegre, onde (e Ponte do Dange) iria substituir a CCAÇ. 4145/72, do capitão Raúl Corte Real. 
A 1ª. CCAV. 8423 era comandada pelo capitão miliciano Davide de Oliveira Castro Dias e a rotação, recordemos, concluir-se-ia a 25 de Novembro desse ano de há 43 anos (1974).  
A 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel e comandada pelo capitão mili-
ciano José Paulo Fernandes, também se preparava para rodar. Para o Quitexe, no seu caso, o que aconteceria a 10 de Dezembro de 1974
General Carlos José
S. Almeida e Brito

Comandante Almeida e Brito
faria amanhã 90 anos !

O tenente-coronel Almeida e Brito, comandante do BCAV. 8423, amanhã, dia 25 de Novembro, faria 90 anos. Faleceu a 20 de Junho de 2003.
Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito foi depois, 2º. comandante geral da GNR e da Região Militar Centro e, entre outros cargos, comandante da Região Militar Sul, atingindo a patente de general - com brilhante carreira militar.
A 20 de Junho de 2013, aos 76 anos, participava num passeio turístico em Espanha quando, vítima de acidente cardíaco, faleceu subitamente - no mo-
mento em que tirava uma fotografia ao grupo de turistas.
 Hoje o recordamos com saudade. RIP!
Ver AQUI

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

3 953 - Movimento Chipenda/Holden/Simão Toco anti- MPLA

Cavaleiros do Norte, todos furriéis milicianos: Cândido Pires (sapador, à civil),
António Cruz (rádio-montador), José Pires (transmissões), Reino (Rangers),
Grenha Lopes (atirador), Norberto Morais (mecânico) e Belo (vagomestre). Em
baixo, António Lopes Enfermeiro)

O condutor Henrique Nines Esgueira junto à placa
 do Quitexe, à entrada da vila, na Estrada do Café

Aos 23 dias de Novembro de 1974, soube-se, pela imprensa e no Quitexe, que o MPLA considerava «ter chegado o momento de declarar, solenemente, que está aberto a todos as funções que possam contribuir para a resolução dos principais problemas que afectam a vida nacional». Por outras palavras, admitia fazer parte de um Governo de Transição.
O anúncio foi feito por Lúcio Lara, o chefe da delegação em Luanda, em conferência de imprensa: «Isto quer
Simão Gonçalves Toco, líder religioso angolano
da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo
do Mundo (1918-1984)
dizer que o MPLA está pronto a participar num Governo deste ou daquele tipo, depois de trocar as necessárias impressões com os outros movimentos de libertação, para que seja possível encontrarem-se, em conjunto, as fórmulas que se impõem para a continuidade política, económica e social de Angola».

Movimento anti-MPLA

O dia de há 43 anos, entretanto, foi tempo, também, para uma reunião, em Kinshasa, entre Daniel Chipenda (dissidente do MPLA), Holden Roberto (FNLA), Jonas Savimbi (UNITA) e Simão Toco, com o objectivo de, de acordo com o Diário de Lisboa, «constituir uma aliança contra o MPLA, beneficiando do patrocínio do presidente Mobutu», o líder do Zaire. 
A reunião, acrescentava do jornal lisboeta da tarde, «estaria integrada na campanha iniciada há alguns dias, para tentar isolar o MPLA».
Simão Gonçalves Toco (1918-1984) era um profeta angolano, fundador da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo do Mundo, actualmente e já então um dos maiores movimentos cristãos angolanos.


Feijão de Zalala, 65
anos em Almeirim!

O soldado Feijão, atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423, a da saudosa Fazenda de Zalala, festeja 65 anos no próximo sábado, dia 25 de Novembro de 2017.
Francisco Feijão, é este o nome completo deste Cavaleiro do Norte, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975 e à sua casa de Casais de Vera Cruz, na freguesia da Lamarosa, do concelho de Coimbra. Nada mais sabemos dele, a não ser que, actualmente e via furriel João Dias, reside em Almeirim. Para lá vão as nossas felicitações! Parabéns!

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

3 952 - Cavaleiros de Zalala a prepararem rotação para Vista Alegre

O 1º. cabo enfermeiro Victor Florindo, o primeiro da esquerda, é Cavaleiro
 do Norte em festa de 65 anos. Na imagem, reconhecem-se os 1ºs cabos Luís
Oliveira ( o terceiro) e Jorge Salgueiro (quarta), ambos de Transmissões. Quem
identifica os outros companheiros da jornada africana do Uíge angolano?
O 1º. cabo Carlos Ferreira na arrecadação de Vista Alegre.
Foi um dos primeiros Cavaleiros de Zalala a lá chegar,
 em Novembro de 1974. Há 43 anos!



Os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, os da mítica Fazenda Zalala, an-
davam a «fazer malas» por esta altura de 1974. Há precisamente 43 anos! Estava iminente a sua rotação para Vista Alegre e Ponte do Dange.
A 21, começara a processar-se a rotação da CCAÇ. 4145/72 para Luanda, abando-
nando a vila de Vista Alegre, já muito perto da Ponte do Dange. Era coman-
dada pelo capitão Raúl Corte Real.
Notícia do Diário de Lisboa de 22 de Novem-
bro de 1974, sobre a situação em Angola
A esse dia, ou na véspera, lá começaram a chegar os primeiros «zalala´s», comandados pelo capitão miliciano Davide Castro Dias.
Vivia-se, por esse tempo, «o clima de cessar-fogo estabelecido no mês anterior», podendo por isso mesmo dizer-se, de acordo com o livro «História da Unidade», que «se caracterizou por uma acalmia não encontrada há longos anos».

MPLA disponível para
Governo de Transição

O tempo político da Angola desse tempo de há 43 anos foi
Lúcio Lara
tempo para o MPLA, através de Lúcio Lara, «ter chegado o momento de declarar solenemente que está aberto a todas as funções que possa contribuir para a resolução dos principais problemas que afectam a vida nacional». 
«Isto quer dizer - frisou Lúcio Lara - que o MPLA está pronto para participar num  Governo deste ou daquele tipo, depois de trocar, evidentemente, as necessárias impressões com os movimentos de libertação».
Lúcio Lara era o responsável pela Delegação do MPLA em Luanda e sobre declarações de Jonas Savimbi, considerou que o seu partido as recebeu «com muita simpatia as palavras de um irmão que também esteve na mata». 
O presidente da UNITA tinha feito uma declaração ao país e Lúcio Lara consi-
derou que ao MPLA a mensagem lhe tinha parecido «um desejo autentico de contribuir para a paz e a solução pacífica dos problemas da nação».
Victor Florindo

Florindo, enfermeiro,
65 anos no Cartaxo!

O 1º. cabo Florindo, Cavaleiro do Norte da CCS do BCAV. 8423, no Quitexe, vai estar em festa dentro de dois dias, a 24 de Novembro de 2017: comemora 65 anos.
Victor Manuel Nogueira Florindo era enfermeiro e regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975 - no final da sua (e nossa)  jornada uíjana de Angola. Voltou ao Cartaxo, terra natal, onde residia e onde ainda hoje vive - lá sendo empresário do sector da restauração. 
É para lá que vai o nosso forte abraço de parabéns!

terça-feira, 21 de novembro de 2017

3 951 - Quitexe em dia de anos, MPLA a apresentar 6 capturados!

Os furriéis milicianos Cruz e Viegas (que hoje faz 65 anos) no separador
 da Avenida do Quitexe, ou Rua de Baixo. Em frente à Messe de Oficiais e Casa
dos Furriéis. à direita, na foto, o Bar dos Praças. A cobertura encostada era
 o espaço onde funcionaram as aulas regimentais   

O furriel Viegas no dia dos seus 22 anos,
de serviço à CCS dos Cavaleiros do Norte,
a 21 de Novembro de 1974, no Quitexe


O dia 21 de Novembro de 1974 foi o dia dos meus (Viegas) viçosos e expectantes 22 anos, comemo-
rados a dois tempos e entre amigos mais pró-
ximos. Tinha de ser.
O dia correu sem quaisquer problemas, no Qui-
texe, estava eu de sargento de dia, e almocei no refeitório, com a malta do PELREC, nesse dia com direito a bónus: caixas de bem cervejas fresquinhas, Cuca´s ou Nocais, não me lembro, Ou talvez Ekas, sei lá se n´Golas! Fosse o que fosse, fresquíssimas da silva. À conta da arca da messe de sargentos.
O dia, gastronomicamente, continuou com uma jantarada no Pacheco, aprimorada pelas mãos
O bar e restaurante Pacheco, o dos
cozinhados de D. Maria do Lázaro
de ouro de Maria Lázaro, a cozinheira do res-taurante, cabo-verdeana e companheira do dono - Josué da Costa Pacheco, de seu nome de baptismo e também  fazendeiro de café em terras uíjanas, perto do Quitexe.
As entradas foram de camarão, um luxo... para o tempo e coisa rara lá por aqueles sítios do norte angolano, mas que lá chegava fresco, sempre fresquinho (quando chegava...), do dia e regado com uns bons canhângulos, antes do velhís-
simo e sempre apetecido bife com batatas fritas e ovo a cavalo. Um pitéu.
Houve bolos, porventura alguns pudins..., a memória já não lembra tudo, e ficámos por lá algum tempo em conversa de saudade das famílias que nos esperavam em Portugal, de que tínhamos saudades imensas! Em fins, e antes de eu regressar ao serviço de dia, whiskye do melhor que havia e tratado a gelo!

Notícia do Diário de Lisboa de 21 de Novembro de 1974,
sobre a situação em  Luanda, capital de Angola

Captura de 5 nativos
pelo MPLA em Luanda

O dia dessa 5ª.-feira de há 43 anos foi tranquilo lá pelo Quitexe, onde os Cavaleiros do Norte continuavam a sua jornada africana de Angola, mas menos pacífico por Luanda - onde o MPLA, segundo reportou o Diário de Lisboa, «apresentou 6 nativos com as mãos atrás das costas, alguns deles feridos», à imprensa internacional. 
Tinham sido «capturados pelas recém-criadas Comissões de Vigilância e entregues ao MPLA» - um deles acusado de assassínio, outro de extorquir dinheiro em nome do MPLA e os restantes de roubos. 
Hermínio Escórcio, dirigente do MPLA, disse que as Comissões de Vigilância tinha pedido o seu fuzilamento e que, quando lhes disse que os ia entregar às autoridades portuguesas (por o MPLA «ainda não ter máquina judicial»), o povo concentrou-se frente à delegação do movimento, em sinal de protesto.
A FNLA, por seu lado, disse estar a proteger «19 pessoas forçadas recentemente a abandonarem os seus lares no Bairro Cazenga». Teriam sido, sublinhou a FNLA, «obrigadas a sair por aderentes armados de um movimento», mas sem especificar qual. Crê-se que o MPLA.