quarta-feira, 6 de novembro de 2013

1 849 - MPLA não aceita o plano português de descolonização

 Título do Diário de Lisboa de 6 de Novembro de 1974 (em cima), tenente coronel 
Almeida e Brito e capitão Falcão, no encontro de Águeda, em 9 de Setembro de 1995  


Os comandantes das sub-unidades do Comando de Sector do Uíge reuniram no Quitexe, a 6 de Novembro de 1974. O capitão José Paulo Falcão era, ao tempo, o comandante efectivo do Batalhão de Cavalaria 8423, substituindo o tenente-coronel Almeida e Brito, de férias em Portugal.
O oficial-adjunto «desenvolveu intensa actividade», como se lê no Livro da Unidade, nomeadamente no Comando do Sector do Uíge, mas também no BC12 e nas sub-unidades e com as autoridades civis.
O MPLA, em Lisboa e pelo seu lado, anunciava não aceitar o plano português de descolonização e Aristides Van-Dunen. do Comité Central, afirmava ao Diário de Lisboa, que «a primeira golpada que o imperialismo quer dar a Angola é a separação de Cabinda».
«Alguns acontecimentos registados em Luanda são da responsabilidade da reacção (...). Este problema de Cabinda serve os interesses do imperialismo e daqueles que o apoiam, como Mobutu. Mobutu permitiu a instalação da FLEC no Zaire, sabendo que a FLEC não representa, de modo nenhum, o povo angolano, nunca lutou pela sua libertação», disse Van-Dunen, acusando o presidente do Zaire de «permitir que a FLEC tenha um programa na Rádio Zaire» e de saber que «a FLEC não é reconhecida pela OUA».
Outra questão levantada pelo dirigente do MPLA teve a ver com «a enorme propaganda» a Daniel Chipenda, da Revolta do Leste: «Não foi eleito, foi nomeado vice-presidente. Não foi possível a unidade», disse Van-Dunem, frisando que Chipenda «não controla guerrilheiros».
E quanto às relações com Portugal? «Assinámos um acordo de tréguas, ainda não se trata de cessar fogo, mas apenas da oficialização das tréguas».
Sobre o plano de descolonização: «Esse plano não é aceite por nós. Só tivemos conhecimento dele através dos jornais e não a título oficial, pelo que nem sequer temos qualquer contra-proposta», disse Aristides Van-Dunem, concluindo: «Eu não creio que o MPLA apareça no governo de transição».
Sobre a UNITA, acusava-a de «conluio com as tropas colonialistas portuguesas» e denunciava «os partidos fantoches angolanos surgidos após o 25 de Abril». Finalmente e sobre a FNLA, admitia que «é possível uma certa conjugação». «Temos um ideário e a FNLA tem o seu. Defendemos uma frente comum para as negociações», disse Aristides Van-Dunen. 
- FALCÃO. José Paulo Montenegro de Mendonça Falcão, capitão 
de cavalaria e oficial-adjunto do BCAV. 8423. Aposentado, 
atingiu a patente de tenente-coronel e reside em Coimbra.

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