terça-feira, 7 de outubro de 2014

2 898 - Quitexe na expectativa, uma Angola também para brancos

jj
Quitexe, da direita para a esquerda, casa da secretaria da CCS (cobertura clara e beiral 
vermelho), casa dos furriéis, messe de oficiais e, ao fundo (cobertura clara) a 
messe e bar de sargentos. Em baixo, as leituras do (furriel) Farinhas



Aos 7 dias de Outubro de 1974 e pelas bandas do Quitexe, eram lidas, com expectativa, declarações de Agostinho Neto, em Lusaka, na véspera: "O MPLA garantirá os interesses dos brancos". Que o seu movimento reconhecia "o direito à existência das minorias brancas de Angola". Negou "fazer racismo negro" e disse que era intenção do MPLA "garantir uma política que permita a existência de brancos no nosso país".

Sobre as negociações com o Govermo Português, para fazer evoluir o processo de independência do território, disse Agostinho Neto que começariam "logo que se alcance a unidade, tanto no interior do MPLA como da FNLA". 
Pelo Quitexe, cogitava-se cada vez mais a iminência do cessar-fogo, muito desejado mas expectado com algumas reservas. O inimigo de ontem não se transforma, instantâneamente, no melhor amigo de hoje. Ou de amanhã. 
De Luanda, chegava a notícia, via Alberto Ferreira (o amigo da Força Aérea, que regularmente tinha acesso à imprensa de Lisboa, chegada praticamente no dia): "O Costa Gomes e o Spínola estiveram a comer num hotel. Outra vez amigos, não se percebe isto...», comentava o Alberto. 
O general António de Spínola tinha renunciado à Presidência das República, a 30 de Setembro - depois da chamada Intentona de 28!, ou Inventona, também assim apelidada - e Costa Gomes foi o seu sucessor imediato, logo confirmando Vasco Gonçalves como 1º. Ministro. O mesmo 1º. Ministro que, a 28 de Setembro, Spínola tinha querido demitir. Eram os tempos seguintes ao seu apelo à maioria silenciosa.
Lá pelo Quitexe, no imenso Uíge angolano, tudo isto era surpreendente e incomprendido por nós, Cavaleiros do Norte - mesmo com as esquerdizantes e revolucionárias prelecções políticas do Farinhas. O melhor era "fazer tempo" para o fazer de malas. Que ainda demoraria tempo. Só daí a 11 meses!!! Mas nós nem imaginávamos!
- FARINHAS: Joaquim Augusto Loio Farinhas, furriel
mliciano sapador, da CCS dos Cavaleiros do Norte. 
Natural de Amarante, faleceu a 14 de Julho de 2005
vítima de doença.
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