terça-feira, 4 de agosto de 2015

3 211 - A coluna de 4 de Agosto, de Carmona para Luanda


Cavaleiros do Norte na coluna de Carmona por Luanda, há
40 anos. Quem os pode identificar?

A parada do BC 12 nos últimos tempos da presença
dos Cavaleiros do Norte e das Forças Armadas
Portuguesas em Carmona. A foto é do capitão José Paulo
Falcão, tirada da varanda do edifício do comando


O 4 de Agosto de 1975 foi o último dia da presença militar portuguesa em Carmona e no Uíge. A partida da histórica coluna estava prevista para as cinco horas da manhã, mas, lê-se no Livro da Unidade, «pode dizer-se que, a partir das duas (horas da madrugada) tudo se pôs a postos para que o horário fosse cumprido, e foi».
«Efectivamente, a essa hora, toda a máquina se moveu, mas a incompreensão dos civis gerou o primeiro problema coma  FNLA que, bloqueando-os na cidade, não os quis deixar sair», dá conta o Livro da Unidade, frisando que «assim. às 5,15 horas, resolveu-se o primeiro incidente e esta resolução iria dar azo ao segundo e mais grave incidente, pois que todos fugiram para o Negage, onde finalmente foram impedidos de partir, situação que iria atrasar em cerca de 8 horas a marcha da coluna».
A coluna, com uma companhia de comandos na rectaguarda e uma de paraquedistas à frente, «passou o controlo da FNLA do Candombe com 210 viaturas e em cerca de meia hora escoamento». Um acidente, «devido ao cerrado nevoeiro», pouco depois e cerca das 7,30 horas, «fez com que fossem abandonadas na estrada duas viaturas médias e fosse rebocada e abandonada no Negage uma viatura pesada».
O Posto do Candombe, em foto de Luís Fernando
e relativamente recente (tirada da net).
Fica(va) entre Carmona e o Negage
Cito, textualmente. o Livro da Unidade, sobre a coluna e nesse 4 de Agosto de há 40 anos: «Aqui (no Negage) toda a cidade estava pejada de viaturas. A FNLA, em peso, proíbe a sua saída, excepção feita às viaturas privadas da coluna militar, Realizadas conversações, estas foram improfíquas; tentadas plataformas várias, bateu-se sempre em falso. Começou a odisseia dos civis, sentindo-se abandonados e entregues à sorte do querer da FNLA, convencidos que as NT os abandonariam.
Assim não sucedeu, procurou-se uma última solução e, efectivamente, após uma reunião às 16 horas, com Daniel Chipenda, obteve-se a permissão para o trânsito da  quase totalidade dos civis. Foi o renascer da esperança para essa gente, foi o acreditar na missão das NT. Efectivamente, não fora tal determinação e todos ficariam; assim, só uma pequena parte de camionistas não conseguiu resolver o seu problema.
Reorganizada a coluna, agora com cerca de 700 viaturas, retomou a marcha às 18 horas, para às 19 atravessar o controlo de Camabatela e incorporar mais uns tantos civis. Cerca das 20,30 horas, à entrada de Samba Caju, parou-se a coluna para pernoitar».
Enquanto isso, no Batalhão de Intendência de Angola, no Grafanil, os Cavaleiros do Norte que na véspera tinha viajado de avião, fadigavam-se na recuperação sanitária das degradadas instalações. Em Luanda. FNLA e UNITA defendiam a continuidade do Alto Comissário Silva Cardoso - muito contestado pelo MPLA. Na véspera, di 3 e por volta das 22 horas, depois do recolher obrigatório (21), registou-se «intenso tiroteio, em pleno centro. A polícia e o Exército cercaram de imediato a zona e não se verificaram detenções. A situação no Caxito «mantinha-se estacionária», segundo o Diário de Lisboa. No Luso,tinha sido «conseguido o cessar fogo às 23,40 horas de ontem». Na Quibala e Gabela, tinham «diminuído as acções de fogo», mas para a Gabela foi «uma companhia de tropas portuguesas, para ar protecção às populações» destas duas regiões. No Lobito e Benguela também se registaram acções de fogo.

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