sexta-feira, 28 de agosto de 2015

3 235 - Notícias (poucas) do Uíge e fuzilamentos públicos em Luanda

Quitexe, a casa dos furriéis e da secretaria da CCS (as três portas da direita, 
última a do gabinete do capitão António Oliveira,
comandante da 
CCS). À esquerda, vê-se a torre da Igreja


O Diário de Lisboa de 28 de Agosto
de 1975 noticiava a iminente invasão
de Pereira d´Eça por forças militares
sul-africanas

Aos 28 dias de Agosto de 1975, hoje se completam 40 anos, Luanda acordou com a informação de iminente invasão do território angolano, por forças da África do Sul. «Continuam a violar o território angolano e ameaçam invadir a cidade de Pereira d´Eça, depois de terem destruído completamente um centro populacional civil», lia-se no Diário de Lisboa desse dia, citando um comunicado do MPLA.
A 21, ainda segundo o movimento liderado por Agostinho Neto, «invadiram Angola, a partir da Namíbia e através do posto fronteiriço de Santa Clara, povoação que foi completamente arrasada». No dia 26 do mesmo Agosto de 1975, «voltaram a violar Santa Clara, prosseguindo desta vez a sua marcha através da povoação de Namacunde, em direcção a Chieve, ameaçando ontem invadir Pereira d´Eça, capital do Cunene, distrito controlado pelo MPLA».
«O que acontece neste momento na fronteira sul (...), não difere, na essência, do que vem acontecendo na fronteira norte, nas províncias do Zaire e do Uíge», sublinhava o comunicado do MPLA, em «clara alusão às ingerências da República do Zaire nos assuntos internos angolanos». 
O MPLA também chamava a atenção das autoridades políticas e militares portuguesas para, e cito o DL de 28 de Agosto de 1975, «as responsabilidades que ainda lhe cabem na condução conjunta do país» e ainda protestava junto das autoridades da República Sul Africana para «esta violação e agressão (...), exigindo a retirada imediata de quaisquer efectivos militares que se encontrem abusivamente em território angolano».
Notícia do DL sobre o
julgamento e fuzilamentos
de Luanda. Há 40 anos!
Luanda, por onde os Cavaleiros do Norte continuavam (aquartelados no Grafanil), foi cenário para, no bairro do Sambizanga, do primeiro julgamento de militares do MPLA. na verdade, «seis elementos das FAPLA, foram ontem condenados por um tribunal popular e executados». Eram acusados de «violarem, roubarem e assassinarem 11 pessoas». O fuzilamento foi em público.
Um ano antes, precisamente e no Quitexe, preparava-me eu para as minhas primeiras férias da jornada africana de Angola. Fazia a pequena mala de viagem, ia fazer mais um serviço (à ordem) e lá iria eu (e fui) laurear o queijo pela imensa e enfeitiçante Angola. Luanda seria o primeiro destino mas, na «ordem de operação» estavam também viagens a Gabela e Nova Lisboa (de visita a familiares e conterrâneos), Lobito e Benguela e outras localidade do sul angolano. Uma grande viagem de férias!!!

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