sábado, 2 de abril de 2016

3 354 - Cavaleiros lá pelo Uíge, acusações lá por Luanda!!!

Vista Alegre vista do quartel onde, há 41 anos, estava aquartelada a 
1ª. CCAV. 8423, a do capitão Davide Castro Dias. Em primeiro plano, o 
campo de imortais futeboladas (de 5) dos Cavaleiros do Norte de Zalala

Furriéis milicianos da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala e Vista 
Alegre, num momento de diversão: Américo Rodrigues, 
Eusébio Martins (falecido a 16/04/2014, de doença e em 
Belmonte), Jorge Barata (falecido a 10 de Outubro de 
1997, em Alcains e de doença) e Plácido Queirós


A expectativa dos Cavaleiro do Norte, a abrir o mês de Abril de 1975, era a de, segundo o Livro da Unidade, realizar-se «o programa da continuação da remodelação do dispositivo». Todavia, tal só se começaria a concretizar no dia 24, com a desactivação de Vista Alegre e Ponte do Dange. 
«As indicações dadas pelos movimentos emancipalistas, resultantes do abandono de determinadas instalações militares, levou-nos a ter que aguardar que se resolvessem, a alto nível, as questões pendentes e inerentes a esse abandono», considerou o comandante Almeida e Brito, no seu histórico registo, no Livro da Unidade.
Eu e o Cruz continuávamos por Luanda, na delícia das férias angolanas que «rasgavam» dias para a partida para o centro/sul angolano, aguardando a ligação aérea para Nova Lisboa. A capital fazia contas aos incidentes das vésperas, mas a vida civil parecia correr com toda a normalidade. Para nós ambos, corria... seguramente, divertindo-nos dos meios das manhãs até aos depois das meias noites, descobrindo a cidade e o seus desafios para os nosso apetites.
Viegas e Cruz, amigos em 1974 e 1975, amigos
na actualidade - com a jornada africana do Uíge
angolano como razão de fundo e de sempre!

A chegada do ministro Melo Antunes estava prevista para esse dia 2 de Abril de 1975 - hoje se fazem 41 anos!... -, a censura a jornais continuava e, depois dos angolanos, era a vez de serem proibidos o Sempre Fixe (de Lisboa) e o Notícias (Moçambique). A situação era controlada por uma comissão ad-hoc, nomeada pelo Alto-Comissário. 
As posições do MPLA «deixaram de ser noticiadas pelas estações de rádio» e as privadas impedidas de divulgar boletins noticiosos - se bem que pudessem retomar a restante programação. Só a Emissora Oficial de Angola poderia divulgar os boletins.
Johny Eduardo, ministro da FNLA no Colégio Presidencial, recebeu os cônsules na cidade em numa espécie de conferência de imprensa, atacou as posições do MPLA e negou «qualquer responsabilidade da FNLA nos sangrentos acontecimentos recentemente ocorridos». Nomeadamente, e citamos o Diário de Lisboa desse dia, que «tenham existido fuzilamentos e prisões». E acusava o MPLA de «ter provocado o clima de tensão que se viveu na cidade nos últimos dias».
O MPLA reagiu com um panfleto espalhado na cidade (e não divulgado na imprensa), «convocando a população para uma manifestação» e exigindo «a substituição do Alto-Comissário em Angola» (Silva Cardoso» e também «o regresso das Forças Armadas da FNLA aos quartéis». 

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