terça-feira, 26 de abril de 2016

3 378 - O dia seguinte, há 42 anos, do 25 de Abril!!!

Uma coluna da CCAÇ. 209/RI 21, a do Liberato, a caminho do Quitexe,
por uma das «famosas» e muito perigosas picadas do norte de Angola

Nogueira (do Liberato) e Viegas, em Lisboa,
com a cidade em fundo, em dia (20 de Abril de 2016)
de encontros com Cavaleiros do Norte


O João Nogueira foi condutor do Liberato e tem sido «investigador» do Cavaleiros do Norte, pelo lado de além-Tejo, por onde moram (e ele descobriu) o Fernando Soares, o Ezequiel Silvestre, o Alberto Ferreira e o Dionísio Baptista, pelo menos, quatro garbosos combatentes do PELREC. Um destes dias (20) da semana passada, por lá andámos em busca deles! E do Mendes, do restaurante Travessa - na zona de Alcântara e ao pé do Palácio das Necessidades.
Monumento dos Mortos, na Fazenda do
Liberato, onde esteve a CCAÇ. 209, do
RI 21 de Nova Lisboa
O Nogueira é oriundo de Tomar, mas foi criança para Angola - onde o pai, técnico dos Caminhos de Ferro de Benguela, assentou arrais no Lobito. Quando chegou o tempo de tropa, fez recruta e especialidade e marchou para a guerra, mobilizado para o norte e «acampando» na Fazenda do Liberato, na CCAÇ. 209, do RI 21 de Nova Lisboa - a mesma que nos primeiros dias de Outubro de 1974 se revoltou e quis avançar sobre Carmona.
Reformado da Carris, divide-se entre a Tomar natal e a Cova da Piedade, por onde se instalou depois de chegar de Angola - já depois da mulher, grávida de um dos seus filhos (um casal). É, por afinidade, um garboso Cavaleiro do Norte!
Há 42 anos, uma sexta-feira e depois do 25 de Abril, os (futuros) Cavaleiros do Norte foram dispensados para fim de semana, depois do almoço, e rapidamente viajámos para Águeda, no SIMCA 1100 do Francisco Neto - que em Coimbra «apanhou» um manifestação de milhares de pessoas, entre a ponte do rio Mondego e a avenida Fernão de Magalhães, a certo ponto o povo conseguindo mesmo levantar a viatura, quando nela descobriram militares. Nós, ali feitos heróis da revolução!!!
O Diário de Lisboa de há 42 anos, dia 26
de Abril de 1974, anunciando a libertação
dos presos da PIDE/DGS
Aqui, na aldeia e procurando minha mãe, achei-a a trabalhar na sacha de um campo. «Estás cá, rapaz?!...». Estava, claro que estava. «O que é que se passou lá por Lisboa? Vocês sempre vão lá para fora?...», perguntou-me.
A euforia popular levara a que muita gente pensasse, crédula, que mais ninguém iria para a guerra colonial. Fora o que ela ouvira falar, nas vozes da rua - pois, ao tempo, muito pouca gente tinha televisão, poucos tinha rádio e não havia as modernidades comunicacionais de hoje. 
«Segunda-feira, volto para o quartel. Vou na mesma para Angola...», respondi eu.
Ouviu-me em silêncio e sem retirar os olhos da sacha, continuou o trabalho e mandou-me ir ao cabeceiro da terra, buscar uma qualquer alfaia agrícola.
O MPLA, a partir de Brazaville, fazia saber estar disponível rara negociar com Portugal, ou «aumentar a luta armada contra a tropa portuguesa, se a nova Junta Militar em Lisboa não modificar a sua política colonial». O alto dirigente Lúcio Lara, falando à Agência Reuter disse mesmo que se não e registasse qualquer mudança política «aproveitaremos a vantagem de situação em Portugal para resolver a questão de Angola, vibrando ainda golpes mais duros no Exército Português».
Era para esta Angola que iriam seguir (e seguiram) os garbosos soldados, sargentos e oficiais do Batalhão de Cavalaria 8423! Faltava saber o dia!!! Um ano depois, era a vez do adeus definitivo a Aldeia Viçosa - onde a 2ª. CCAV. 8423, a do capitão miliciano José Manuel Cruz, de lá saída a 11 de Março, ainda mantinha um pequeno grupo operacional, nesta data se desactivando o quartel.

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