sábado, 30 de abril de 2016

3 382 - Morteiros no céu de Luanda e avião que voltou à pista...

O furriel Viegas (segundo, à direita) com o capitão Domingues (da 
ZMN) e a família Resende, em Luanda: os irmãos Albano e José Bernardino - o 
segundo, à esquerda, com a esposa Fátima e duas filhas. Há 41 anos!


Francisco Miranda, um Cavaleiro do Norte
do PELREC que venceu a Volta a Portugal
em Bicicleta de 1980

As malas estavam feitas da véspera, demos a última volta pela baixa de Luanda e, nessa manhã de 30 de Abril de 1975, ainda almoçámos na Mutamba, meio a correr e, de táxi, fomos (eu e o Cruz) para o aeroporto - a que, na véspera, tínhamos regressado, após uma meia hora de voo sobre os céu de Luanda, por onde troavam morteiros, canhões e rajadas de metralhadoras ligeiras e pesadas, dos combates entre movimentos.
O voo não
PELREC. Augusto Hipólito (em França), José
Monteiro (Paredes), Joaquim Almeida (falecido a
28/02/2009, de Penamacor) e Jorge Vicente (de Vila
Moreira, falecido a 21/01/1997). Em baixo, António
Garcia (de Carrazeda de Ansiães, falecido a 2 de
Novembro de 1979, de acidente), Leal (falecido a 18/06/2007, 

no Pombal e de doença), Francisco Neto (Águeda) e
Aurélio Júnior (Barbeiro, de Ferreira do Zêzere) 
seguira para Carmona e, nessa noite de 29 de Abril de 1975, fomos «despejados» numa pensão, sem comida que tivemos de procurar já depois do recolher obrigatório e com todos os perigos que isso representava. A cada momento, podámos ser alvejados. O Diário de Lisboa do dia seguinte (dia 30 de Abril de 1975) dá conta de «um reencontro entre forças da FNLA e da UNITA, que já vinham de segunda-feira» - dia 28, apesar de o Diário de Lisboa de 30 (hoje se fazem 41 anos) referir que «não estão determinadas as forças envolvidas nos recontros», sendo certo que «os primeiros incidentes registaram-se entre o MPLA e a FNLA».
Certo foi que «(...) as ambulâncias percorreram as ruas da cidade em direcção aos estabelecimentos hospitalares, desconhecendo-se, no momento, o número de mortos e feridos, não sendo de excluir que ande já pelas dezenas».
Custódio Pereira Gomes,
professor e advogado
em Carmona
Há 41 anos, nessa manhã em que eu e o Cruz descemos para a Mutamba, à procura de almoço, «registaram-se alguns incidentes, que ultrapassaram já os limites dos musseques» e houve tiroteio nas Avenidas do Brasil (próximo da sede da FNLA) e dos Combatentes - onde ficava a messe de sargentos (portuguesa).
A cidade, de resto, acordara ao som de tiroteios, de variadas origens e com armas de diversos calibres, e o Diário de Lisboa acrescentava que «pode dizer-se que ninguém dormiu». Bem o sabíamos. Mas lá fomos para o aeroporto, onde nos reencontrámos com o dr. Custódio Pereira Gomes - professor e advogado em Carmona, ao tempo já viúvo de minha conterrânea Maria Augusta Tavares, que em Carmona fora professora. Na véspera, indo no mesmo avião, também voltou a terra e por essa altura nos identificámos.
Hoje, estes 41 anos
A Ordem de Serviço 61 do RC4,
com a transferência de vários futuros
Cavaleiros do Norte do PELREC.
Clicar, para a ampliar
passados, dou conta da transferência, da 3ª. Companhia de Cavalaria 8423 (a futura da Fazenda Santa Isabel) para a CCS (e futuro PELREC), de Fernando Soares, João Pinto, Ezequiel Silvestre, José Manuel Cordeiro, Albino Ferreira e Augusto Hipólito (depois, todos eles promovidos a 1ºs. cabos), Francisco Miranda, Raúl Caixarias, João Marcos e Francisco António. Da 2ª. CCAV . 8423 (a a de Aldeia Viçosa) e também para o PELREC, Jorge Vicente (1º. cabo, falecido de doença a 21 de Janeiro de 1997, em Vila de Moreira, Alcanena), José Neves, Virgílio Caretas (de quem nunca nada soube, não foi para Angola), Carlos Cardoso (idem), Augusto Florêncio, Dionísio Baptista, Aurélio Júnior (o Barbeiro) e João Messejana (falecido, de doença, a 27 de Novembro de 2009 e em Lisboa). Todos a 15 de Março de 1974. A 28 de Fevereiro do mesmo, já fora transferido Joaquim Almeida (futuro 1º. cabo, falecido a 28 de Fevereiro de 2009, vítima de doença e em Penamacor, na sua terra natal). Vinha do 1º. Esquadrão de Instrução (EI).
O soldado atirador Francisco Alves Miranda, embora mobilizado para o BCAV. 8423, não foi para Angola - rendido por um outro militar. Era ciclista do Sporting e viria a ganhar a Volta a Portugal em Bicicleta de 1980 - entre outras provas nacionais. Em 1979, venceu o Grande Prémio JN, que ocasionalmente acompanhei. 
Ver AQUI




Sem comentários:

Enviar um comentário