segunda-feira, 30 de maio de 2016

3 412 - A CCS já no Grafanil e os Zalala´s a voar para Luanda


Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala. Aqui, no encontro
de 1 de Junho de 2914, em Fátima. Partiram para Angola a 30 de Maio de
1974, hoje se fazem 42 anos!






Os Cavaleiros do Norte da CCS chegaram a Luanda no abrir da manhã de 30 de Maio de 1974. Há 42 anos! No dia seguinte (31) e de Lisboa, com o mesmo destino, voaram os companheiros da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala.
O anexo da Ordem de Serviço nº. 153, de 2 de Julho de 1974, refere, erradamente, que o voo foi a 28 de Maio - mas todos os embarques do BCAV. 8423 foram adiados, três dias no caso da 1ª. CCAV. 8423. Esta, comandada pelo capitão miliciano Davide de Oliveira Castro Dias, que pelo Uíge seria assessorado pelo alferes miliciano Mário Jorge de Sousa Correia de Sousa - que meu companheiro fora no curso de Operações Especiais (Rangers) em Lamego. Meu, como instruendo, assim como do Francisco Neto e do José Augusto Monteiro (CCS), Manuel Pinto (1ª. CCAV.) e António Carlos Letras (2ª. CCAV.). E dos então cadetes e agora alferes milicianos António Manuel Garcia (da CCS, a do Quitexe), João Francisco Machado (2ª. CCAV., a de Aldeia Viçosa) e Augusto Rodrigues (3ª. CCAV., a de Santa Isabel).  O 1º. sargento era Alexandre Joaquim Fialho Panasco que, de doença oncológica, faleceu a 28 de Junho de 2005, em Carnaxide e aos 70 anos. Outros Cavaleiros do Norte de Zalala já falecidos, os três também por doença são (foram furriéis milicianos) Manuel Dinis Dias, mecânico-auto (a 20 de Outubro de 2011, em Lisboa) e os atiradores de Cavalaria Eusébio Manuel Martins (a 16 de Dezembro de 2014, em Belmonte) 
A Ordem de Serviço com a partida
da 1ª. CCAV. 8423 para Luanda
e Jorge António Eanes Barata (a 11 de Outubro de 1997, 
em Alcains). 
O dia, em Luanda e à chegada da CCS, estava exageradamente quente e húmido para os nossos hábitos europeus e logo nos despimos da casaca verde da farda nº. 2 e procurámos «matar» a sede nascida, com as inevitáveis... Cuca´s, a cerveja angolana de que tanto já ouvíramos falar. Apanhadas as bagagens, logo foi tempo de viajarmos em Berliets para o campo Militar do Grafanil, onde nos «hospedámos» até ao dia 6 de Junho, quando partimos para a vila do Quitexe.
O trajecto, ainda que muito apressadamente, deu para «descobrir» uma cidade moderna, de largas avenidas e enormes arranha-céus, lindos espaços ajardinados e uma metrópole enorme e cheia de luz, como a enormíssima maioria de nós nunca tinha visto! Uma grande capital! E deu também para observar os musseques que ladeavam a grande urbe, olhados com curiosidade quando já a coluna galgava já a larga e movimentada estrada que passava ao gigantesco Jumbo e ao cemitério Catete e para Viana, até ao Grafanil.
Curiosidade (desportiva) desse dia 30 
de Maio de 1974 tinha a ver com o
Cartaz do Mundial de Hóquei
em Patins, o Luanda 74
 Mundial de Hóquei em Patins, que estava marcado para Luanda. O Comando Chefe das Forças Armadas em Angola garantia toda a segurança da prova, mas havia resistência espanhola, segundo a imprensa do dia. A Federação Portuguesa de Patinagem assegurava que o campeonato iria mesmo «disputar-se em Luanda, com ou sem a participação da selecção espanhola». 
«Espera-se que essa atitude (a garantia de segurança) ponha termo a alguns receios, porquanto está satisfeito o desejo demonstrado por quase todos os delegados», relatava o Diário de Lisboa, acrescentando que «só a Espanha parece estar com pouca vontade de ir a Luanda» e que a imprensa catalã (de Barcelona) tinha levantado uma campanha «pretendendo que o Mundial não seja disputado em Luanda».
Mundial que, apesar de todas essas garantias (de resto também solicitadas por outros países participantes) acabaria por não se realizar em Luanda, como sabemos. Estava previsto para os dias 19 a 28 de Julho desse ano de 1974. Repare-se no cartaz do evento: em «XXI Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins * Portugal | Angola | Luanda». O presidente da Federação portuguesa de Patinagem José Castelo Branco, bem garantira, numa reunião em Barcelona, que «está tudo em ordem para que o torneio decorra na capital de Angola».
Um ano depois, o
O 1º. sargento Fialho Panasco e a esposa no
 encontro de Águeda, a 9 de Setembro de 1995.
Faleceu a 28 de Junho de 2005, em
Carnaxide, aos 70 anos e de doença oncológica 
Exército Português ameaçava intervir, devido ao agravamento da situação em Angola, nomeadamente na área do Caxito - na estrada de Luanda para Carmona, onde se aquartelavam os Cavaleiros do Norte. Aqui, segundo o Livro da Unidade, «verifica-se uma enorme dificuldade em fazer vingar o papel de árbitro, atribuído como prioritária missão às NT». A sua actuação, ainda segundo o Livro da Unidade, «viu sempre escolhos diversos a vencer, viu e sentiu ameaças, foi alvo de vexames, mas sobretudo foi sempre apelidada de partidária e, consequentemente, viu as suas actividades mal aceites, ainda que não suscitem quaisquer dúvidas quando à sua isenção». Isto, ainda citando o Livro da Unidade, «não esmorecendo, expondo os seus problemas, mas cumprindo», mas, porém, «começou a verificar-se desautorizada, o que levou a publicamente se afirmar «viver-se numa ilha no mar da FNLA, com todas as inconvenientes posições que daí advém».
O dia 30 de Maio de 1975 foi uma sexta-feira. Mal sabiam os Cavaleiros do Norte o que os esperava, e às gentes de Carmona, na madrugada do domingo seguinte - o trágico dia 1 de Junho. E seguintes dias!

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