sexta-feira, 15 de julho de 2016

3 458 - FNLA quis armas em Carmona e «perdia» em Luanda

Os alferes milicianos Jaime Ribeiro (que hoje faz 66 anos), António
Manuel Garcia (falecido a 2 de Novembro de 1979) e José Alberto
Almeida, em foto tirada do lado da igreja. À esquer,a as casernas,
parque-auto e edifício do Comando do BCAV. 8423.  Ao fundo, a vila
do Quitexe e lá mesmo em cima o edifício da administração civil



A FNLA, a 15 de Julho de 1975, fez um surpreendente pedido de armas ao comando do Batalhão de Cavalaria 8423. Seriam as armas em depósito da então extinta PIDE/DGS e a «novidade» correu celeremente, entre a guarnição. Podia lá ser? Dar armas a quem todos os dias nos ameaçava, nos acusava, de nós se queixava e nos criticava? 
Viegas, Mosteias e Neto, em cima, três furriéis milicianos
que, com o Machado (e talvez outros), foram protestar, ao 

comandante Almeida e Brito, a entrega de armas à FNLA. Há 
41 anos, precisamente!Em baixo, Machado e António Cruz
Um grupo de furriéis milicianos - o Mosteias, o o Neto, o Machado, o Viegas, pelo menos estes (podendo a memória ter feito esquecer um ou outro mais...) -, subiram as escadas do edifício do comando, «exigindo» falar com o comandante Almeida e Brito. Podia lá ser? Dar armas a quem nos ameaçava matar?
Pois, podia ser e... foi. Explicou Almeida e Brito, assumindo responsabilidades mas não se eximindo da dar nota de um pormenor: as armas eram antigas, avariadas e sem munições. Não haveria problemas, a aparente cedência era para «calar», acalmar,  a excitação dos «fnla´s». E assim foi, não sem as agrestes posições contestatárias dos jovens furriéis milicianos na conversa com o comandante Almeida e Brito.
O dia, por Luanda, não foi dos melhores, apesar de mais calmo e de já não se registarem tantas rajadas. Mas soldados da FNLA, que seguiam numa viatura que transportava armas, dispararam sobre soldados portugueses, o que «originou uma situação de certa gravidade, havendo pelo menos a registar ferimentos num sargento português», noticiava o Diário de Lisboa. Junto à Emissora Católica, foi sequestrado um alferes português (pela FNLA) e um grupo de civis foi detido, quando transportava armas numa carrinha que se dirigia para o Palácio do Governo. Havia bichas para o pão e elementos da FNLA (derrotada pelo MPLA) reivindicavam a evacuação para o norte - para a zona de acção dos Cavaleiros do Norte.

O Palácio do Governador, em Luanda
Zona onde, reportava o Diário de Lisboa, «assiste-se a uma ocupação por parte da FNLA de parte do distrito». FNLA que acusava o MPLA de «estar ao serviço do social-imperialismo» e se afirmava «disposta a lutar até ao fim para impor as suas opções». MPLA que denunciava a FNLA de ter «ter desencadeado os últimos acontecimentos e muito particularmente de, no dia 4, ter chacinado, crianças, mulheres e velhos» na povoação de Dangu.
As acusações dos e entre os dois partidos (o de Agostinho Neto (o MPLA) e o de Holden Roberto, a  FNLA) repetiam-se sem conta, valendo o que valeriam.
Um ano antes, precisamente e também em Luanda, outros incidentes se tinha registado, com um saldo pouco animador: 12 mortos e 60 feridos. No âmbito das actividades dos Cavaleiros do Norte, aconteceu a visita do comandante Almeida e Brito à 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel e do capitão miliciano José Paulo Fernandes. E, desta Companhia, a morte, vítima de acidente, do soldado Bernardo Oliveira, da incorporação local (grupos de mesclagem). Era natural de Caiango, no Alto Canale.
Fazia-se a história do Batalhão de Cavalaria 8423 - os Cavaleiros do Norte!

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