sexta-feira, 23 de setembro de 2016

3 528 - Cavaleiros de Santa Isabel reforçaram Além Lucunga

Grupo de Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423. No destaque, o alferes 
miliciano Carlos Silva, que comandou um dos grupos de combate que, 
hoje se fazem 42 anos, foi em apoio à fazenda de Além Lucunga 

O capitão José Paulo Fernandes (o segundo, do lado
direito), com o comandante Bulunda (da FNLA), o
capitão José Manuel Cruz e o alferes João Machado,
ambos da 2ª. CCAV. 8423, em Aldeia Viçosa

A 23 de Setembro de 1974, dois grupos de combate da 3ª. CCAV. 8423 foram em diligência operacional para a Fazenda de Além Lucunga. «Pediram reforço e fomos, eu mesmo fui, com um grupo e o grupo do alferes Carlos Silva», recorda o capitão miliciano José Paulo Fernandes, que comandava a Companhia da Fazenda Santa Isabel.
Mapa do norte (parcial)  de Angola, reconhecendo-se
a localização de Santa Isabel (a amarelo), Quitexe
(vermelho), Fazenda Além Lucunga (roxo) e Carmona 
A razão era simples e grave: os militares portugueses lá estacionados ocasionalmente - eram de uma Companhia de Intervenção, comandada por um outro capitão miliciano, que era arquitecto paisagista e do mesmo curso dos capitães Castro Dias, José Manuel Cruz e José Paulo Fernandes... - e tinham sido emboscados, com «muitos mortos», no rebentamento de uma mina. 
«Eu fui na viatura da frente e o que encontrámos foi um terreno descampado, num fazenda abandonada à pressa, algo inóspita e despovoada, sem ninguém mas com valas e trincheiras abertas, que felizmente nunca precisámos de usar. A Companhia que pedira ajuda recuou para o Songo e esperámos por ataques que felizmente não acontecerem», recorda o capitão José Paulo Fernandes.
Os dois grupos de combate dos Cavaleiros do Norte de Santa Isabel iam avisados de que iriam «encontrar problemas», iam preparados para eles, mas, frisa o capitão Fernandes, «felizmente, nada disso aconteceu».
A fazenda estava estranhamente despovoada, mas com muitos porcos, eram varas deles à solta, e galinhas perdidas, que os homens dos dois grupos de combate de Santa Isabel foram abatendo e comendo. Com elas e os porco, diz o capitão José Paulo Fernandes que «fizemos por lá grandes banquetes», até que «cumprida a missão» voltaram os dois grupos de combate a Fazenda Santa Isabel.
Furriel miliciano Américo Rodrigues.
A 24 de Setembro de 1974, festejou 22
anos na Fazenda de Zalala, onde estava
na 1ª. CCAV. 8423 dos Cavaleiros do Norte 
O dia, pelo Quitexe, foi tempo de o comandante Carlos Almeida e Brito (tenente-coronel) voltar a reunir no Comando do Sector do Uíge (CSU), em Carmona, por razões de natureza operacional. Ao mesmo tempo e em Zalala, onde jornadeava a 1ª. CCAV. 8423, foi dia de véspera de o furriel miliciano Américo Rodrigues (foto) comemorar o seu 22º. aniversário - ido de Vila Nova de Famalicão, onde nasceu, para a africana terra do Uíge. 
Um ano depois, Angola estava cada vez mais próxima da independência (marcada para 11 de Novembro de 1975) e confirmava-se a reconquista do Caxito, pela FNLA, o que, segundo alguns observadores citados pelo Diário de Lisboa, «levanta sérios obstáculos às importantes ofensivas que o MPLA tinha em curso, nomeadamente a sul contra Nova Lisboa, e a Norte, rumo ao Ambriz e a Carmona».
O MPLA, em Luanda e porém, considerava a perda do Caxito como um «mero desaire» e mantinha «a recusa firme de estabelecer qualquer acordo com a FNLA». Todavia, a vitória da FNLA no Caxito, a 53 quilómetros de Luanda - e que teria sido «largamente facilitada pela deslocação de importantes efectivos do MPLA para a região de Nova Lisboa e pela concentração de tropas na frente norte» -, poderia tornar necessário  «operar uma rápida revisão da estratégia militar» do movimento de Agostinho Neto, assim «forçado agora a acorrer à defesa da capital».
Capital, Luanda, que, segundo o Diário de Lisboa de 23 de Setembro de 1975, «segundo rumores não confirmados, poderia sofrer ainda a pressão de forças mercenárias comandadas pelo ex-oficial do Exército Português, o coronel Santos e Castro, através da via Malanje, Salazar, Catete».


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