domingo, 22 de setembro de 2024

Os dias 22 a 28 de Setembro na memória e história dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423!



Os dias 22 a 28 de Setembro na
memória e história dos Cavaleiros 
do Norte do BCAV. 8423!
A 1ª. página do jornal «Sol»,
sobre a viagem a Angola


DIA 22

A chegada a Luanda,
em jornada de saudade!

A 22 de Setembro de 2019, aterrei (ex-furriel Viegas) no aeroporto internacional de Luanda para uma visita de saudade aos chãos da nossa memória da jornada africana que levou os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 aos chãos uíjanos do norte de Angola.
Logo o cheiro de Luanda me encheu a alma quando, já fora do aeroporto, recuei no tempo e a 30 de Maio de há 50 anos e ali pousei, então de farda vestida, para servir as Forças Armadas Portuguesas na construção do País novo que ia nascer. 
Estava, hoje se fazem 5 anos, em Angola e em jornada de saudade e, ainda no avião da TAP, olhando do ar a baía luandina, já redescobrira os aromas daquela terra enorme, já reachara os seus cheiros, a sua grandeza.
O meu caminho era para o Uíge, por onde, em 1974/75, fiz a minha jornada angolana de África e esperavam-me o Mário Ribeiro e o João Nogueira – que iriam ser companheiros de um tempo de 18 dias a galgar o chão angolano e a reencontrar sítios onde, com orgulho, com garbo, muitos militares portugueses arriscaram a vida para garantir o processo de descolonização.
O jornal «Sol» publicou uma reportagem de 6 páginas, sobre essa viagem e que pode ser lida AQUI

Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV.
 8423: o furriel Agostinho Belo e
o alferes Carlos Silva - que
 também foi a Além Lucunga

DIA 23

A 3ª. CCAV. 8423 «acorreu» 
a «CI» com muitos mortos 
por rebentamento de mina!

O dia 23 de Setembro de 1974 foi tempo de um grupo de combate da 3ª. CCAV. 8423 se apresentar na Fazenda do Além-Lucunga, onde estava uma Companhia de Intervenção (CI), comandada por um capitão miliciano que era arquitecto paisagista e do mesmo curso dos capitães Castro Dias, José Manuel Cruz e José Paulo Fernandes, oficiais dos Cavaleiros do Norte.
E que tinham sido emboscada, com «muitos mortos», no rebentamento de uma mina.
«Eu fui na viatura da frente e o que encontrámos foi um terreno descampado, num fazenda abandonada à pressa, algo inóspita e despovoada, sem ninguém mas com valas e trincheiras abertas, que felizmente nunca precisámos de usar. A Companhia que pedira ajuda recuou para o Songo e esperámos por ataques que felizmente não acontecerem», recordou-nos o capitão José Paulo Fernandes.
Trincheiras que, felizmente, nunca tiveram de usar. De humano, apenas um homem que lhes pediu boleia na picada.
«Esperávamos ataques, mas nada disso aconteceu. Avisaram-nos que iríamos encontrar problemas, mas felizmente não tivemos», lembra-se José Paulo Fernandes, puxando pela memória desses dias de tensão permanente e de medos que a coragem venceu.
A fazenda, que até aí muita riqueza produzira, era bastante grande mas estava estranhamente vazia, com muitos porcos à solta, às varas enormes, e galinhas por lá perdidas, que se foram abatendo e comendo. 
«Grandes banquetes, por lá fizemos...», disse o «nosso» capitão Fernandes.
Um dia, elementos da OPVDCA foram-lhe dar conta que iriam abandonar o posto, por lá próximo situado, mas os Cavaleiros do Norte continuaram em Além Lucunga. Até 8 de Novembro de 1974, quando regressaram a Santa Isabel.

Mário Araújo

Araújo, 1º. cabo de 
Aldeia Viçosa festeja 
71 anos em Santo Tirso!

O 1º. cabo Mário Novais de Carvalho Araújo foi Cavaleiro do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, e festeja 72 anos a 23 de Setembro de 2024.
Operador-cripto de especialidade militar e ao tempo residente em Santo Tirso, lá voltou a 10 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar por terras de Angola. Ainda por lá mora, agora na Sampaio de Carvalho e já aposentado, de lá se «criptando» para os encontros anuais dos Cavaleiros do Norte do capitão miliciano José Manuel Romeira Pinto da Cruz.
Para lá e para ele vai o nosso abraço de parabéns!

O furriel Viegas, da CCS, placa de entrada no Quitexe, na Estrada
do Café e do lado de Luanda, a 24 de Setembro de 2019,
 hoje se fazem 5 anos!

DIA 24

O regresso ao
Quitexe, 44 anos
depois!


O dia 24 de Setembro de 2019, há 5 anos, foi tempo do regresso ao Quitexe, em viagem de saudade e memória e 44 anos depois de lá termos saído - a 2 de Fevereiro de 1975.
A chegada a Luanda tinha sido a 19 e todos estes dias foram de fartas emoções e grávidos de memórias, sentindo os cheiros da terra uíjana e «matando» a saudade de um tempo irrepetível e imortal da nossa vida: o da jornada que, como militares, nos levou ao norte, ao Quitexe e a Carmona - agora cidade do Uíge.
Há 5 anos, por Setembro e Outubro de 2019 adentro, deixei levedar o meu feliz e quase infantil entusiasmo, galgando as mesmas rotas (de 1974 e 1975), as mesmas estradas e caminhos, para reviver esses tempos que fizeram nascer um novo País: Angola!
Não sabia, quando partiu de Lisboa para Luanda, mas soube quando voltei: não morreria completo, não partiria eu «todo» para o outro lado, se não tivesse voltado a Angola.
Fui e voltei feliz!
Alferes António Cruz



Alferes António Cruz
festeja 79 anos em
Santo Tirso!

O alferes miliciano António Albano de Araújo Sousa Cruz foi mecânico-auto do BCAV. 8423 e festeja 79 anos a 24 de Setembro de 2024.
Engenheiro de formação académica, foi um excelente e inesquecível companheiro da nossa jornada africana do norte de Angola, por terras do Uíge.
Oficial competente e sempre solidário, o pelotão que proficientemente por lá comandou foi louvado pelo Comando do Batalhão, atestando-o como «equipa de trabalho, com espírito de entreajuda e sacrifício, procurando tirar o maior rendimento do seu labor», conforme se lê na Ordem de Serviço nº. 181 do BCAV. 8423.
A esposa era (é) a dra. Margarida Cruz, médica que por lá foi professora primária e com quem se consorciou a 11 de Agosto de 1973 - há 51 anos!... Já ao tempo angolano eram pais do Ricardo, o bebé «mascote» do batalhão. 
Agora já aposentado, mora na sua natal Palmeira, em Santo Tirso, para onde vai o nosso abraço de parabéns!
Furriel Américo
J. S. Rodrigues


Rodrigues, furriel de
Zalala, faria 72 anos!
Faleceu em 2018!

O furriel miliciano Américo Joaquim da Silva Rodrigues foi Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Fazenda de Zalala, e faria 72 anos a 24 de Setembro de 2024.  Infelizmente, faleceu de doença, a 30 de Agosto de 2018.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, foi também vagomestre na jornada africana do nortenho Uíge angolano, função que exerceu com farto agrado da guarnição comandada pelo capitão miliciano Davide Castro Dias que, de resto, o louvou em Ordem de Serviço do BCAV. 8423 (a nº. 165).
Regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, 15 meses após a partida para Angola, e fez vida profissional e familiar em Vila Nova de Famalicão, o seu chão natal. Foi, desde sempre,  grande incentivador e animador dos encontros anuais da 1ª. CCAV. 8423 e prestativo e regular colaborador deste blogue de memórias.
Hoje o recordamos com muita saudade! RIP!!!
O que, em 2019, restava do edifício do Comando
do BCAV. 8423, na vila do Quitexe


DIA 25

A última passagem, em 2019, pela saudosa vila do Quitexe!

O dia 25 de Setembro de há 5 anos, em 2019, foi o da última passagem pelo Quitexe, depois de lá ter estado na véspera e depois de uma saltada e pernoita em Carmona.
Uma passagem de muita emoção, deixando cair uma traiçoeira lágrima de alegria e já saudade. Íamos a caminho de Luanda e lembramos que o «nosso» quartel inexistia, como se vê na imagem, na sombra de um enorme embondeiro. Da porta d´armas, resta(va) o sítio e uma avenida que foi de alcatrão estava esburacada, aqui e ali ainda com o separador central com alguns verdes a alegrar o espaço.
Um comerciante de Malanje abriu loja na antiga messe de oficiais e disse-nos que «isto está muito parado». A messe e bar de sargentos, a secretaria e a casa dos furriéis eram habitações ocupadas, de gente que nos espreitou e saudou com sorrisos largos. 
«Saúde, papá…, brigado», disseram-nos algumas crianças. E recusaram-se a vender os seus pequenos brinquedos de madeira.
Foi o adeus ao Quitexe, pela Estrada do Café fora, galgando caminho para Luanda.

Norberto Morais

Morais, furriel mecânico
da CCS, festeja 74 anos
em Elvas !


O furriel miliciano 
Norberto António Ribeirinho Carita de Morais foi mecânico-auto da CCS do BCAV. 8423, a Companhia do Quitexe, e festeja 74 anos a 25 de Setembro de 2024.
Integrou a equipa do Parque-Auto, no Quitexe e em Carmona, e que era comandada pelo alferes miliciano António Albano Cruz - que ontem festejou 79 anos, em Santo Tirso.
Regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975 e fixou-se em Nisa - a sua terra natal... -,  posteriormente se radicando em Elvas, onde fez carreira como técnico superior do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, de que reformou em Janeiro de 2013, fazendo parte dos quadros do Instituto Nacional de Recursos Biológicos.
É participante habitual dos encontros da CCS, provavelmente quem mais quilómetros galga, desde o seu Alentejo para onde se juntam os CCS´s para partilhar memórias.
Parabéns, grande Morais!

A parada do BCAV. 8423 no Quitexe
DIA 26

O desarmamento
dos milícias!

O desarmamento previsto pelos acordos de Portugal com os movimentos de libertação de Angola não tinha sido bem aceite pelos povos e, a 26 de Outubro de 1974, há precisamente 50 anos, realizou-se no Quitexe «uma reunião com todos os regedores, aos quais foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das milícias».
O plano de desarmamento tinha começado já no dia 21 (uma semana antes) e os povos das áreas do Quitexe e de Aldeia Voçosa, principalmente, temiam que a sua defesa ficasse fragilizada, face ao que o livro «História da Unidade» chamou «defesa às acções de depradação e exigência do IN» - que, na área, era principalmente a FNLA de Holden Roberto (e o seu ELNA) - mas qualquer outro poderia ser, a UNITA, de Jonas Savimbi (com as suas FALA) e o MPLA de Agostinho Meto (com as suas FAPLA´s).
O desarmamento «veio a suceder, voluntariamente, a partir de 28 de Outubro», memoria o livro «História da Unidade».


Condutores da CCS: António Picote, Manuel
Alves e Alípio Canhoto (irmão de José)

Canhoto, CAR de Santa
Isabel, faria 74 anos !


O soldado José Canhoto Pereira, da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, faria 75  anos a 26 de Setembro de 2024.
Irmão de Alípio, condutor da CCS, a Companhia do Quitexe, estava emigrado em França e, numa das visitas de férias, foi «apanhado» para cumprir o serviço militar. Cumprida a jornada africana, voltou a Colmeal da Torre, em Belmonte, a 11 de Setembro de 1975, e logo depois voltou a França e por lá fez vida. 
Casou, teve duas filhas e separou-se, casando-se de novo - em Chaves. Faleceu «há uns 10 ou 11 anos», vítima de doença cancerosa, disse-nos o Alípio, há 5 anos e na sua casa, mas sem conseguir precisar a data.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!
A Fazenda Santa Isabel


Castelo de Santa 
Isabel festejaria 72 anos 
em Fanhões !

O soldado Graciano Letras Castelo foi atirador de Cavalaria da 3ª. CCAV. 8423 e festejaria 72 anos a 26 de Setembro de 2024. Hoje mesmo.
Faleceu, segundo nos informou o companheiro Raúl Ferreira e em data desconhecida.
Cavaleiro do Norte da Fazenda Santa Isabel, aonde chegou a 11 de Junho de 1974, também jornadeou pelo Quitexe (lá aquartelando a 10 de Dezembro do mesmo ano) e por Carmona (a 9 de Julho de 1975), do comando do capitão miliciano José Paulo Fernandes. Regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, aos Casalinhos, de Fanhões, em Loures.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!

Uma coluna da CCAÇ. 2019/RI, a subunidade da Fazenda do Liberato e subunidade do BCAV. 8423, numa progressão
auto-transportada numa picada do Uíge angolano. Companhia formada, maioritariamente, por militares
angolanos e que se revoltou  27 de Setembro de 1974. Há 49 anos!
A esposa e capitão Victor Correia, comandante da
CCAÇ. 209/RI 21, com o furriel José Oliveira e 2
militares de identidade desconhecida (o de
cima, à direita, e o de baixo). Quem serão?
Grupo de «liberatos»


DIA 27


A revolta da Companhia do Liberato!

A guarnição do BCAV. 8423 aquartelada no Quitexe viveu, a 27 de Setembro de 1974 - há precisamente 50 anos!!!... - um dos seus dias mais difíceis e dramáticos: o da revolta da Companhia do Liberato. Tais momentos já foram aqui suficientemente narrados, mas faltava a associar o dia exacto. 
Qual foi ele, qual não foi, como foi? Pois, foi 27 e foi um sábado de Setembro muito encalorado e de muitos suores e temores.
O livro «História da Unidade» faz-lhe referência: «Em 27 de Setembro, na sequência de outros incidentes internos, processaram-se na CCAÇ. 209 graves problemas disciplinares, os quais passaram ao controlo do Comando do Sector do Uíge!»A CCAÇ. 209 era a do Liberato e, sobre os incidentes, nada mais diz. 
Ao tempo e passado o susto que nos poderia ter enlutado a alma e o corpo, eu tinha regressado de férias, de laurear o queijo pela imensa Angola e, se me lembro bem, a gravidade do assunto andou em bolandas opinativas durante largos dias. E o aquartelamento em prevenção que não nos descansou o físico.
Na véspera e no dia seguinte, por coincidência, o comandante Almeida e Brito 
O furriel Viegas em 2012, com dois «liberatos»:
o condutor Nogueira e o furriel Oliveira (à direita)
esteve reunido em Carmona, no Comando do do Sector do Uíge. Já estivera a 21 e 23, «sempre acompanhado por oficiais da CCS do BCAV.», precisamente para «contactos necessários aos bom andamento dos trabalhos militares».

O Liberato em Águeda,
na «casa» dos CdN !


Os anos passaram-se e, a 1 de Dezembro de 2012, muito inesperadamente, fui visitado em casa por dois militares da Companhia do Liberato: o (furriel vagomestre) José Oliveira e o condutor Nogueira.
O furriel Oliveira é natural do Caramulo e foi meu companheiro de turma na Escola Industrial e Comercial de Águeda - onde reside e vive a sua reforma de funcionário bancário. Para mim é, eternamente, o Zé Marques.  
José Luís Nogueira da Costa foi condutor da CCAÇ. RI/21 e nasceu em Tomar, partindo para Angola aos três anos. Por lá cresceu e fez vida, lá cumprindo o serviço militar e rergressando a Portugal pela altura da descolonização.
Aqui aparecessem eles agora, e de novo, e teríamos de abrir espumante, enquanto refrescaríamos a memória sobre este dia de 1974.
Joaquim Catuna



Catuna Santos, soldado 
de Zalala, festeja 72
anos em Albufeira!


O soldado Catuna dos Santos foi atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423 e festeja 72 anos a 27 de Setembro de 2024, em Albufeira.
Joaquim José do Nascimento Catuna Santos, de seu nome completo, era residente em Albufeira, no Algarve, e lá regressou a 9 de Setembro de 1975, no final da sua jornada africana do Uíge angolano. 
O furriel João Dias (TRMS) informou-nos que, em data desconhecida, emigrou para o Brasil, onde trabalhou na área da restauração. Regressou a Portugal e sabemos que trabalha na mesma área e está estabelecido no Mercado Municipal dos Caliços, em Albufeira. 
Os nossos parabéns!
Graciano Queijo em festa de anos no 
Lar Padre Tobias, em Samora Correia

Graciano Queijo foi 
clarim e cozinheiro da 
CCS e faria 72 anos !

O soldado Graciano da Purificação Queijo foi clarim dos Cavaleiro do Norte da CCS do BCAV. 8423 e faria hoje 72 anos, dia 28 de Setembro de 2024.
Infelizmente, faleceu em 2013.
Natural de Vilarelhos, freguesia do município de Alfândega da Fé, regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, após a sua comissão militar angolana - onde também serviu como ajudante de cozinheiro, no Quitexe e em Carmona.
Teve uma vida algo errante, certamente nómada, até que, já bastante doente e muito debilitado, foi acolhido no lar da Fundação Padre Tobias, em Samora Correia. Foi lá que, rodeado de todos os cuidados e afectos, viveu, feliz, os seus últimos dias e faleceu a 30 de Outubro de 2013 - aos 61 anos.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!

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