sexta-feira, 20 de abril de 2012

1 261 - O Ferreira que fazia a tropa na praia em Benguela

Marginal da praia de Benguela (foto da net).  Em baixo,
 Viegas e Zé Ferreira, em Santa Margarida (Março/Abril de 1974)

Lobito e Benguela eram terras de grande e farta promissão, que já se vivia e sentia em 1975, quando por lá passei com o Cruz. Não falamos das suas belezas, que aqui seriam redundantes quaisquer palavras.
Eram terras ricas, desenvolvidas, socialmente amadurecidas, empresarialmente evoluídas, por onde gente de todas as raças produzia riqueza e criava futuro. 
Os dias de Abril de 1975, por lá, foram cheios de bons momentos, com o Cruz a reencontrar familiares de Cardigos e até uma namorada de adolescência. E eu a regressar às belíssimas cidades de Lobito e Benguela, depois de em Setembro de 1974 lá ter dado uma saltada com o Orlando Rino, conterrâneo que era comerciante no bairro de Santo António, em Nova Lisboa. E agora, no Abril que florescia em férias e vadiagem, a pregar uma partida ao Zé Pimenta, companheiro de escola que aquartelava por Benguela, em companhia militar independente, de cavalaria, separada da praia por uma rede de arame. Imagine-se o luxo! 
Vem aqui o Zé Pimenta por uma historieca amalucada, que o deixara preocupado e amargurado. Saíra ele de Maria Fernanda (no norte de Angola) no princípio do ano e com a sorte grande de ir para Benguela. E escrevi-lhe eu, de Carmona e sabendo que o iria encontrar dentro de alguns dias, um lamuriento e choroso aerograma, dando-lhe conta de um virtual acidente, de que saíra (eu) muito mal-tratado. Chorou o Zé, lágrimas de amigo ao ler a minha trágica e mentirosa notícia. Soube-o depois! E chorou ele de verdade, de lágrima caída. Banha e ranho a escorrerem-lhe pelo queixo abaixo.
Imagine-se, pois, quando ao princípio da tarde de um destes dias de Abril de 1975, lhe entrei quarto adentro, onde ele dormia a sesta, a ressonar e enrolado numa manta, longe, muito longe de me imaginar por lá. 
«És tu, Zé Viegas???!!...», perguntou-me ele, meio estremunhado, a olhar-me de baixo para cima, admirado. 
E era eu! Eu e a sorrir-lhe de beiços largos e a penitenciar-me da apalermada partida que lhe pregara, brincando com coisas sérias.
Levantou-se o Zé Pimenta, a esfregar os olhos com os nós dos dedos e pendurou-se no meu pescoço, a chorar! A abraçar, a apertar!! Reparem, na foto, como é ele bem mais baixo que eu mesmo.
Afinal, eu estava sãozinho. Inteiro! Rijo como o aço e disposto a, com ele e o Cruz, irmos ajantarar nalguma marisqueira da restinga. E assim foi!
Ainda hoje não me perdoo, da minha idiotice. Eu tivera um grave acidente e ficara amputado. Era por isso que chorava o Zé Pimenta.
- ZÉ PIMENTA. José da Conceição Ferreira, o Pimenta. Furriel miliciano da CCAV. 8440, de 
Macinhata do Vouga, Águeda. Ex-chefe da Estação dos CTT de Oliveira de Azeméis, aposentado há menos de um mês.
- SBEL. Sociedade de Bebidas Espirituosas do Lobito, produtora do famoso whisky 
 SBEL, muito apreciado nas forças armadas.

3 comentários:

  1. Na verdade, só quem andou por terras Angolanas se apercebeu da evolução e grandiosidade ! Foi pena a Comunidade Internacional não se ter apercebido ou se por conveniência fez orelhas moucas, para que aquele novo País vivesse uma guerra fraticida. Agora que Angola se está a tornar numa potência económica, até a CEE lá anda a promover acordos!
    Carlos Silva
    https://www.facebook.com/profile.php?id=100001947222884

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  2. Boa vida ó Viegas, mas essa não se pregava ao ferreira

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  3. boa ó viegas nas essa não se pregava ao Ferreira

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