sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

1 507 - O Natal de 1974 no Quitexe


Mesas da consoada de Natal no Quitexe, 24 de Dezembro de 1974. Reconhecem-se o Rocha, o Fonseca Viegas (de camuflado), o Belo, o Ribeiro e o Florindo (à esquerda), o Monteiro, Pires (Montijo) o Costa (morteiros) e Machado (de cigarro na boca). Em baixo, ao centro e sentado, o comandante Almeida e Brito, ladeado  pelo capitão Fernandes e o Reino (à esquerda, na foto), Ribeiro e capitães Falcão e Oliveira (de óculos). Atrás, de pé, o Soares, o Garcia (?) e o NN. Em primeiro plano, o alferes Hermida (de bigode) e esposa, a espoca e o alferes Cruz (de óculos)

Aproxima-se a noite de Natal de 2012, talvez valha a pena recordar a de...1974! Há 38 anos, éramos todos nós jovens militares que, a Angola, foram em missão. A consoada foi no refeitório dos praças do Quitexe e toda gente estava encalorada do clima e da emoção. Juntas, a CCS e a 3ª. CCAV., dias antes chegada de Santa Isabel. E bacalhau  e muitos pitéus natalícios, confeccionados pelas esposas dos militares.
O dia correu calmo, quanto aos serviços correntes, embora com alguma nostalgia na alma de muitos de nós. A saudade bem se entendia mais viva e sentida neste dia tão especial, dia de família e de emoções que não se contam. Por lá andava o Papélino, a nossa mascote, a quem perguntei o que era o Natal dele! Foi-me contando natais que ele não vivera, mas sonhara... - de tantas vezes ouvir contar! Fazia de conta.
A noite da consoada foi feliz! Sabia-se que podíamos estar tranquilos na comunhão da mesa natalícia, pois era certo o companheirismo que medrava entre as forças armadas e os movimentos emancipalistas - o ex-IN. E havia, instintivo, o sentimento de que seria a última velada de armas da tropa portuguesa, por terras de Angola! De que nós éramos actores! Via-se alegria e emoção, nos rosto dos soldados, soldados de qualquer patente, sabendo-se construtores de um novo país que estava para nascer.
Falou o comandante Almeida e Brito, chegado de Lisboa nas vésperas. Ouvido em silêncio e emoção. A tropa consoou feliz! Duas centenas e meia de homens, cada qual com uma ementa de saudade no peito, tiveram a sua consoada africana.

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