sábado, 16 de fevereiro de 2013

1 578 - O crocodilo do rio Dange

O Rio Dange, visto do Destacamento dos Cavaleiros do Norte (1975). Repare-se no poste eléctrico, em primeiro plano - obra, por certo, da «engenharia» militar portuguesa


O Destacamento da Ponte do Dange, dizia o Rodrigues, faz já algum tempo, «não deixava nada a dever às condições de Zalala», em termos logísticos. «Eram iguais ou para pior», recordou ele, antes de contar a história de quando foi carregar água (bem barrenta, como se vê na foto) e «pescou» um crocodilo: «Fomos abastecer-nos e tive logo um contacto estranho, para o qual não estava preparado, ou habituado, era um crocodilo. Pobre do bicho, levou tantos tiros, que nunca mais se mexeu...».
Soltadas as gargalhadas que a cena merece e justifica, alguém, logo depois, tirou a pele ao animal, pele que o Rodrigues carregou para Vista Alegre, onde, ao tempo, estava a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala.  
 «Estiquei-a entre vários suportes de madeira e ia colocando sal por cima dela, para assegurar o tratamento e conservação, e assim esteve uns dias, para secar, mas, numa noite, os cães vadios que albergávamos no quartel resolveram divertir-se e desfizeram a pele toda, nem o sal os deteve», contou o Rodrigues - quando, já lá vai bom tempo, fez memória desta «história de guerra»,
Ainda assim, conseguiu aproveitar um pequeno bocado, que trouxe para Portugal e mandou tratar, de forma eficiente, numa fábrica de peles em Guimarães. «Ficou em condições de conservação tais que ainda nos dias de hoje tenho esse bocado de pele», contou o Rodrigues - que, porventura, já nem se lembra disto. Lembras? E ainda tens a pele?
- RODRIGUES. Américo Joaquim da Silva Rodrigues, furriel miliciano atirador de cavalaria, da 1ª. CCAV. 8423. Aposentado, vive em Vila Nova de Famalicão.

4 comentários:

  1. Um bom lugar para passar o tempo!!
    ManPinto

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  2. Penso que a ponte do Dange ficava na estrada para Carmona a poucos quilómetros de Quitexe. No nosso tempo não havia esse destacamento. Havia um numa sanzala próxima, comandado por um Furriel, sem aquartelamento, as refeições eram levadas de Quitexe. Fui lá um dia para ir à pesca no rio Dange com granadas. Foi um dia bem passado.
    Ramiro Estevinho

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  3. Camarada Ramiro Estevinho, em que ano? Este destacamento era de Vista Alegre,antes do Quitexe sentido Luanda Carmona,exactamente com a responsabilidade e função de "defender a ponte" podemos ou não estar a falar na mesma coisa, porque os Km em Angola não eram contabilizados, era para andar e aí vamos nós por picadas, alcatrão, para onde era preciso, como foi o caso de quem lá passou tu e milhares de Camaradas que sabem como hoje em dia é difícil definir essas áreas geográficas que percorreram ou palmilharam . Dá "dicas" do ano, o nosso Camarada VIEGAS,"Ele regista tudo". Para o Viegas, um dia destes vou-lhe mandar uma foto do bocado da pele de crocodilo,é pequena mas ainda está comigo, dá só para fazer uma tanga,como sabes também como eu e restantes Camaradas,o nosso "disco rígido" ninguém o apaga porque está gravado na memória de cada um . Abraço Ramiro Estevinho e VIEGAS.

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  4. Companheiros:

    Ponte do Dange era antes de Vista Alegre. Depois, era
    Aldeia Viçosa e Quitexe, no sentido Luanda-Carmona.
    Era a "fronteira" natural da nossa área de intervenção.
    Também lá estive uns dias, em data que não consigo
    determinar, mas possivelmente no período de transição
    da Companhia de Caçadores de Vista Alegre (que foi embora),
    para a chegada da 1ª. CCAV. 843, a de Zalala.
    Talvez sim, talvez não.
    Abraços para todos.
    C. Viegas

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