terça-feira, 23 de julho de 2013

1 740 - A operação de retirada de Carmona...

Edifício do comando da Zona Militar Norte, no centro da cidade de Carmona - a ZMN. Em baixo, o furriel Rodrigues, da 3ª. CCAV. 8423, no parque-auto situado nas traseiras, nos últimos dias de Carmona e preparado para o que desse e viesse

A 23 de Julho de 1975,  aconteceram várias coisas menos boas em Carmona, por onde os Cavaleiros do Norte faziam os seus últimos dias da jornada uíjana. Uma delas, foi a reunião dos comandos militares portugueses com os responsáveis da FNLA - movimento que, a 13 e 21, tinham «impedido» a saída dos MVL para Luanda - o que gerou forte sentimento de revolta entre a guarnição. Guarnição não autorizada a reagir pela força das armas. A coluna viria a materializar-se no dia 25, já em terceira tentativa. A FNLA, nessa reunião de faz hoje 38 anos, anunciou imposições (querendo armas, por exemplo) que o comando português não aceitou.
Também a 23 de Julho, e já com uma data de saída marcada para Luanda (com início a 3 de Agosto), «esquematizava-se e montava-se uma operação para essa saída, que não se adivinhava fácil» e, por isso mesmo, motivou a «realização de reuniões de trabalho com elementos do QG/RMA, de modo a obter os meios necessários à execução de tal operação».
A tropa, que até aí já era «permanente alvo de crítica das populações brancas», mais de soslaio e de desconfiança passou a era olhada. Era vulgar, ao tempo e na cidade, sermos verbalmente agredidos e pouco simpaticamente olhados e comentados. Cobardes e traidores, era o mínimo que nos era chamado! Tempos amargos e perigosos, esses!
O Rodrigues, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala (companhia que por esse tempo aquartelava na ZMN, vinda do Songo), lembra-se bem desses amargos dias: «Foi daqui a nossa partida para Luanda e aqui passámos muitos maus momentos, com muitas noites sem dormir e sempre à espera de ataques e preparados para a defesa da guarnição. Naqueles tempos, o ambiente era de cortar à faca, em Carmona, com o conflito entre os movimentos e a nossa tropa, como tu bem conheceste», recorda ele, agora a viver a reforma na sua Vila Nova de Famalicão.
Ai se conheci!!! Eu e todos os Cavaleiros do Norte!!!
- FNLA. Frente Nacional de Libertação de Angola presidida por Holden Roberto.
- QG/RMA. Quartel General/Região Militar de Angola
- ZMN. Zona Militar Norte.

1 comentário:

  1. Tempos difícieis..., os atiradores foram uns heróis mesmo a sério.
    Lopes

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