quinta-feira, 12 de setembro de 2013

1 791 - O Cordeiro da Bezerra de Porto de Mós...

O Cordeiro e o Viegas numa tarde de Agosto de 2013. 
O Cordeiro em 1974 (em baixo), como membro do PELREC, no Quitexe



Há 38 anos, neste dia 12 de Setembro de 1975, já os Cavaleiros do Norte já estavam (quase) todos nas suas casas, embalados em abraços familiares e de amigos, chegados da sua nobre missão em terras de Angola. Do que sei (e não sei tudo) apenas um, dos cerca de 600 militares das quatro companhias, não gosta de falar dessa jornada que, por 15 meses, nos teve por terras do Uíge africano.
Há dias, numa tarde quente do verão de 2013, a um domingo (25 de Agosto), passando eu pelos lados de Porto de Mós, ocorreu-me um nome, que é o Cordeiro. E uma terra, que é Bezerra!   
Então, é muito longe, é muito perto?! «Olhe, vá por ali, vá por acolá!!!...», disseram-me. E lá fui eu, serra dos Candeeiros acima, passando por Serro Ventoso e até ao adro de Bezerra, de igreja nova a mostrar-se aos olhos, bonita, em espaço arejado e com um mini-coreto na frente, a servir de miradouro.
«Conhece fulano de tal?...», perguntei eu, a quem primeiro achei. E logo era um sobrinho do Cordeiro: «Olhe está ali, na associação. Está ali a mota dele, está a ver?!...», respondeu-me um jovem trintão, alto e amorenado, que m´apareceu do lado do pequeno coreto, olhando-me grávido de curiosidade, talvez meio desconfiado.
Lá fui eu e lá estava ele, o Cordeiro, a jogar as cartas, a bater o punho na mesa, exibindo ases e trunfos. Até que me viu: «Ó meu amigo Viegas!!!... Ó meu amigo Viegas!!!!...», foi comentando ele, espreitando-me de frente e repetindo-se: «Ó meu amigo Viegas!!!...».
O Cordeiro foi 1º. cabo atirador de cavalaria, do PELREC, da CCS. Algo tímido, pouco palavroso, mas sempre sem uma falha, sempre disponível, sempre presente. Fizemos muitos serviços juntos, em operações, em escoltas, em rondas e sentinelas, em PM na cidade de Carmona. Tudo isso rememorámos, a 25 de Agosto, e pela nossa saudade passaram muitos nomes - principalmente os dos que, de nós, já partiram e vivem na nossa memória: o alferes Garcia, os 1ºs. cabos Almeida e Vicente, o Leal, rapazes do PELREC.
Trabalha, o Cordeiro, numa fábrica de mármores. «Trabalho duro...», disse-me ele. Mas trabalho que não regateia, pois tem sido a vida dele, a arrancá-lo do chão dos Candeeiros, uma vida inteira, a «mandar todos os dias três, quatro camiões para os chineses».
- CORDEIRO. José Manuel de Jesus Cordeiro, 1º. cabo 
atirador de cavalaria. Trabalha numa empresa de mármores e 
reside em Bezerra, Porto de Mós, de onde é natural.
  

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