terça-feira, 3 de setembro de 2013

1 782 - Nem mais um soldado para Angola...

Nota de 1000 escudos de Angola (os chamados angolares). Aventino Teixeira, 
Franco Charais e Jaime Neves na Assembleia do Exército de 2 de Setembro de 1975

As coisas por Angola iam como iam e não melhor iam por Portugal, onde, por entre outros «luxos» revolucionários, se gritava «nem mais um soldado para Angola». Então, e  os que lá estavam e com a sua comissão cumprida?
Os (chamados) retornados, em Lisboa, a 2 de Setembro de 1975, reocuparam o Banco de Angola, exigindo trocar angolares (os escudos angolanos) por escudos de Portugal. Era cerca de três centenas e entraram à força, pela porta principal e janelas. O banco já fora evacuado nessa madrugada, por forças militares e militarizadas.
Luanda era terra de candonga à vista desarmada:  civis a comprarem escudos de Lisboa, a 200, a 300, a 1000%. Muitos negócios se fizeram nas ruas da cidade. E terra onde o MPLA proclamava ter conseguido «repelir a força invasora sul-africana que havia penetrado no sul do país, forçando-a a retirar para alem-fronteiras». O DL, que citamos, em despacho de Luanda, dava conta que «a FNLA, que no domingo (31 de Agosto) tinha conseguido avançar até 20 kms. de de Luanda, foram repelidas na 2ª. feira (dia 1) para 40 kms», pelas forças do MPLA. O seu objectivo seria «destruir os reservatórios de água».
A Assembleia de Delegados do Exército, no mesmo dia 2 de Setembro, reunida na Escola Prática de Engenharia, em Tancos, presidida por Carlos Fabião, o Chefe do Estado Maior, analisou «problemas específicos das Forças Armadas e do Exército, em especial», tendo os representantes do MFA/Angola «exposto com dura realidade, a situação naquele território», sendo afirmada, como reporta o DL do dia 3 (ver imagem), «a intenção de envidar todos os esforços para que sejam tomadas medidas imediatas, nomeadamente no que se refere ao embarque de tropas, para a manutenção do efectivo, estabelecido no Acordo do Alvor e ao reforço da ponte aérea para evacuação dos nossos compatriotas e sua posterior integração na nossa sociedade».
Era isso mesmo que os Cavaleiros do Norte queriam: que para lá embarcassem tropas e de lá viessem as que a missão tivessem cumprida.
- AVENTINO. Aventino Teixeira, oficial do Exército, mais tarde conselheiro do Presidente Ramalho Eanes. Viria a conhecê-lo em Buenos Aires e tornámo-nos amigos de família. Já falecido, com a patente de coronel.

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