quinta-feira, 28 de novembro de 2013

1 871 - A independência de Angola e o Enclave de Cabinda

Rosa Coutinho, Alto-Comissário em Angola, falando aos jornalistas (foto do jornal A Província de A
Angola, de 16 de Janeiro de 1975). Abaixo, título do Diário de Lisboa de 26 de Novembro de 1974 




Rosa Coutinho, a 27 de Novembro de 1974, não tinha dúvidas: Angola vai ser independente em 1975, Corroborava as afirmações de Agostinho Neto  e sublinhava que «99% da população de Angola, se consultada, é a favor da independência».
O chamado «almirante vermelho», líder da Junta Governativa de Angola (alto-comissário interino e governador geral), falava no Palácio Foz, em Lisboa, e sublinhava que «os partidos tem de ser ouvidos». Só que, explicava, «como nem todos tem as mesmas ideias sobre o processo (de descolonização) é necessário, primeiro, que as ajustem e que encontrem uma plataforma  comum, sem a qual a formação do próprio governo  de transição é impossível»
O almirante, no estilo por vezes desbocado que o caracterizava, colocava «a FNLA à direita, a UNITA ao centro e o MPLA com a tendência mais progressista, mais à esquerda». Ia mais longe: ante esta estratificação partidária, nem seriam precisos mais partidos em Angola. 
Sobre a FUA e o PDCA, criados após o 25 de Abril, cruzes canhoto. Considerou-os «associações políticas, que podem perfeitamente existir, até serão úteis a Angola (...), não fazem mal a ninguém», mas a questão é que «todavia, os movimentos de libertação veriam com maus olhos o seu aparecimento em igualdade de circunstâncias na formação do governo de transição». Sobre a FLEC, acusou-a Rosa Coutinho de «atitude oportunista», por aparecer após o 25 de Abril como «movimento armado a exigir, ou a pedir, a independência separada para Cabinda». Independência que, frisava Rosa Coutinho, «era contrária aos interesses de Angola e de Portugal e às de terminações e recomendações internacionais feitas pela ONU e da OUA».
«Temos o dever, e fá-lo-emos, de reprimir qualquer tentativa nesse sentido», disse Rosa Coutinho, em declarações reproduzidas pelo Diário de Lisboa».
A 26 de Novembro de 1974, o Conselho de Ministros decidiu criar o cargo de Alto-Comissário para Angola. Viria a ser Rosa Coutinho, até aí interino e que exerceu o cargo até ao Acordo do Alvor, precisamente a 28 Janeiro de 1975, então substituído pelo general Silva Cardoso.
Os Cavaleiros do Norte, pelo Uíge, cortavam dias no calendário, à espera do regresso que ainda iria demorar 9 meses!
- FUA: Frente de Unidade Angolana. 
- PCDA. Partido Cristão-Democrata de Angola.
- FLEC. Frente de Libertação do Enclave de Cabinda.

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