Militares do PELREC nos patrulhamentos mistos: Messejana (falecido),
José Neves, Soares, Albino Ferreira (?) e Armando Gomes (?).
Atrás, Vicente (falecido), Viegas (furriel), Francisco e Leal (falecido).
Jovem de 18 anos violada e assassinada no Quitexe (em baixo)
O desafio é (foi) chegar ao alto da Mata do Soares, onde está(va) instalado o comando inspectivo. De surpresa, em forma de assalto, como se furtivo, rápido, audaz, felino - tal qual o de 31 de Janeiro, aquando de uma outra inspecção (AQUI). Assim se fez, de novo e ainda com mais perfeição e agilidade, galgando a mata em silêncio de guerreiros.
Março de 1975, dia 15!
Um ano depois, estamos em Carmona e é dia do aniversário da FNLA. Acontecem os primeiros patrulhamentos mistos - daquele que seria (e nunca foi) o Exército Nacional de Angola, integrando elementos dos três movimentos emancipalistas. A leitura do Livro da Unidade faz recordar que a actividade foi «exclusivamente em serviço de segurança dos locais onde iriam celebrar-se tais comemorações».
Março de 1961, dia 15!
O norte de Angola foi «varrido» pela revolta independentista, sob bandeira da UPA, a futura FNLA. O Quitexe, que 13 anos depois seria o nosso espaço de jornada, foi uma das vilas-mártires. mas também Aldeia Viçosa, Zalala, Vista Alegre (terras dos Cavaleiros do Norte, Quibaxe, Cuimba, Mavoi, Camabatela, Nambuangongo, Nova Caipemba! E outras! O Negage, Damba e Bungo, Madimba! E muitas, muitas fazendas!
Horácio Caio, no livro «Angola, os dias do desespero», descreve a sua chegada ao Quitexe, a 18 de Março, um sábado: «Quitexe, quatro horas da tarde, uma rua as matas sufocantes a abafá-la. O cheiro dos mortos, a presença dos mortos a apodrecer, a náusea dos vivos. Imagem do crime. Pulsação apenas, Sangue, sangue, sangue. A terrífica face das casas esventradas, os cadáveres das crianças e das mulheres».
Esta tarde, o Lito - que por lá passou semanas depois, na primeira Companhia de Caçadores que acudiu de Lisboa, não quis falar do viu e passou. «Nem quero lembrar, pá!...». Mas Horácio Caio, no seu livro, lembra um momento desse dia, na rua de cima, cheia de lama e de mortos, o da chegada de Orlando Traila, de jeep, com olhos de espanto, vermelhos. «Todos mortos no Zalala».
Zalala, onde 13 anos depois estaria a 1ª. CCAV. dos Cavaleiros do Norte. Onde José Martinho, outro conterrâneo, viveu amargos e trágicos dias, numa outra Companhia de Caçadores.
- LITO. Aníbal Gomes dos Reis, soldado 200/61/2416.
Meu conterrâneo, com quem estive esta tarde a
falar da sua comissão em Angola.
- MARTINHO. José Gonçalves Martinho, soldado. natural
de Tarouca, mas conterrâneo pelo seu casamento. Encontrou
dezenas de mortos na chegada a Zalala, em 1961.
- FOTO; Foto do livro «Angola - os dias do desesper0, de Horácio Caio
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