Dias de férias, em Nova Lisboa, há precisamente 39 anos.
Saudade, Fátima, Idalina, Viegas e Valter, com Rafael (de joelhos)
Saudade, Fátima, Idalina, Viegas e Valter, com Rafael (de joelhos)
Luanda acalmava, aparentemente, mas as labaredas incendiavam ânimos noutros locais de Angola. O Luso, era exemplo: dias antes do 12 de Abril de há 39 anos (a 8, uma 3ª.-feira), MPLA e FNLA envolveram-se em confrontos armados que duraram 12 horas e resultaram em vários feridos (civis e militares) e um morto, civil.
“Incidentes graves”, foi como os classificou um comunicado do Alto-Comissário - citando “prejuízos materiais de certa monte em vários edifícios da cidade”.
O Cruz e eu, por este tempo, já vadiávamos por Nova Lisboa, instalados no Hotel Bimbe, da minha familiar Cecília (e marido Rafael). Ela, filha de Arménio, meu padrinho de baptismo - que, poucos anos antes, um acidente de viação fez jaer no cemitério da Gabela.
Foi de lá que, via telefone (coisa excepcional, a esse tempo) para a messe de sargentos do Montanha Pinto, soubemos das primeiras notícias de Carmona: “Tudo controlado, mas há umas escaramuças, os tipos não se entendem...”, disse-nos o Neto.
Sem incidentes com a tropa, que fossem para além das já costumadas bocas de insulto com que nos brindava a população - nomeadamente a branca, europeia. Mas se já éramos das poucas capitais de província sem incidentes, todos os dias eram vésperas.
As forças mistas faziam patrulhamentos e FNLA (a “dona” do Uíge) e MPLA faziam pela vida, querendo conquistar as almas e os futuros votos do povo.
Não era pêra fácil, fazer os patrulhamentos mistos. Não era raro que os militares/militantes de FNLA e MPLA se quezilassem e era a tropa portuguesa que tinha de aclamar os ânimos. O que, valha a verdade, bem sempre era fácil e... pacífico. Sempre ficavam ódios a remoer e vinganças a cozinhar-se na alma daquela gente que queria a independência.
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