O aquartelamento do Negage (em cima). Notícia sobre a invasão de zairenses
A CCAÇ. 4741/74 era principalmente formada por açoreanos da Ilha Terceira e, a partir de 17 de Março de 1975, passou a depender operacionalmente do BCAV. 8423. A 20 de Abril de 1975, foi visitada pelo comandante Almeida e Brito, que se fez acompanhar pelos capitães José Diogo Themudo (2º. comandante) e José Paulo Falcão (oficial adjunto e de operações).
A razão da visita teve a ver com um incidente no Negage (onde estava por essa altura), que, e cito do Livro da Unidade, «obrigou à realização de uma reunião conjunta com a FNLA, de modo a obter uma mentalização do que deverá ser a missão das NT e dos Exércitos de Libertação, neste período que decorre até à independência».
Grave, bem mais grave, era a denúncia de Agostinho Neto, o presidente do MPLA. Segundo disse na véspera, em Lusaka, «Angola está a ser sujeita a uma silenciosa invasão de soldados vindo do Zaire».
Esses soldados, disse, «são militantes da FNLA e são, por conseguinte, considerados patriotas angolanos» mas, como frisou, «entram em Angola em grande número e muito bem equipados (...) melhor até que estavam durante a guerra contra o domínio colonial português».
A dúvida principal era se seriam mesmo angolanos, ou soldados do Zaire, ao serviço da FNLA. O presidente Holden Roberto, recordemos, era cunhado de Mobutu, o do Zaire, e Neto acusava a FNLA de responsável pelas «recentes confrontações sangrentas em Luanda».
«Os incidentes e massacres de Luanda forma provocados pela FNLA. Na noite de 22 de Março, cercaram as nossas bases de Luanda, começando, assim, os massacres que causaram centenas de mortos», denunciou Agostinho Neto.
Dias de incertezas, estes que eram vésperas da independência, anunciada para 11 de Novembro de 1975. Neste mesmo dia 20 de Abril de 1975, eu e o Cruz tivemos uma inolvidável experiência no Caminho de Ferro de Benguela, em viagem da Nova Lisboa para o litoral angolano. Para Benguela e Lobito.
Eu tinha 7 anos e estava no Negage nessa altura. O meu pai era PSAR na Base Aérea. Lembro-me um incidente por volta dessa altura, talvez em Abril, em que fecharam a escola e mandaram-nos para casa. Claro que era muito pequena para perceber o que se passava. Pouco tempo depois, um mês talvez, rebentou a guerra, nós no meio, e tivemos que sair. Abraço.
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