O BC12, visto do lado de Carmona. O bloco da direita, foi residência dos furriéis nos primeiros dias de Agosto de 1975 (foto de Jorge Oliveira). Aerograma de Alberto Ferreira (de faz hoje 39 anos)
A 1 de Maio de 1975, já estava em Carmona, onde, como leio no Livro da Unidade, havia «permanentes quezílias entre os três movimentos (...), dia a dia tendendo a aumentar». Não era coisa que não fosse expectada. «Uíge, a bem ou mal, terá que ser a terra da FNLA e, consequentemente, não será bem aceite no seu solo qualquer outra opção política», explica o Livro da Unidade.
O Neto, o Machado, o Mosteias, o Pires, o Monteiro, outros..., logo nos fizeram (a mim e ao Cruz) o reporte da situação carmoniana: patrulhamentos constantes (nomeadamente nocturnos), segurança reforçada no BC12 e espaços militares dispersos na cidade (o comando da ZMN, as messes...), as estações de rádio. «Isto é tudo fictício, mas permite manter-se a calma, o que não é mau...», sentenciou o Machado, que era furriel mecânico de armamento - um dos mais veementes de todos nós.
Tinha eu chegado de Luanda e era de Luanda que recebia já notícias do Alberto Ferreira, o meu amigo cabo especialista da Força Aérea, de quem nos tínhamos despedido a 29, deixando-o na casa da prima dele: «A situação cá por Luanda continua a m... de sempre, mas agora mais mal cheirosa. Quase não preguei olho de 29 para 30. Isto, após vocês me deixarem em casa», escreveu ele (ver na imagem), acrescentando que «as coisas estão sérias de mais. Com fogo daquele, é para assustar mesmo!».
A capital continuava a fogo, a morte e desassossego, com dores que, saindo dos musseques, já entrava na cidade mais urbana e por lá iam espalhando lutos.
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