sábado, 19 de julho de 2014

2 117 - Cavaleiros do Norte à espera de Luanda....

Querido, Guedes (falecido a 16/04/1998), Fernandes, Rabiço e Belo, cinco furriéis 
milicianos da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel. Em baixo, notícia do Diário de 
Lisboa sobre Luanda, publicada a 19 de Julho de 1975



A segunda quinzena de Julho de 1975, em Carmona e na guarnição dos Cavaleiros do Norte (agora toda reunida, depois da chegada da 3ª. CCAV., no dia 8, deixando o Quitexe) , foi vivida com entusiasmo, sem desproteger as normas de segurança que nos cabiam e que nunca o comandante Almeida e Brito deixaria  abrandar. Uiiii..., nem pensar! Mas continuava, já em decréscimo, a hostilidade da população, à tropa, visível e sentida nas ruas da cidade, nos bares e esplanadas, restaurantes, cinemas, pavilhões desportivos, fosse onde fosse.
Sabia-se já da nossa partida para Luanda e, entre a comunidade civil, até aí muito hostil, agressiva, acusadora do nosso papel (militar), começou a perceber-se o que poderia mudar nas duas vidas. «Descrente do seu futuro e receosa de quaisquer represálias», anota o Livro da Unidade. Lá saberiam porquê.  
Daniel Chipenda, secretário-geral adjunto da FNLA, como ontem referimos, estava em Carmona, a 18 e dias seguintes de Julho de 1974. Ele e os seus colaboradores «comanda(va)m os trabalhadores dos cafezais, nas colheitas»
A Reuters, em despacho de Luanda, referindo-se a 19 de Julho de 1975, dava conta de «combates entre MPLA e FNLA», na capital, que se travavam «há mais de uma semana», e aludia a «recontros nos musseques das zonas industriais» - nomeadamente na da Petrangol e da fábrica da farinha.
Não havia falta de combustível, mas estava limitado o fornecimento de pão, com «filas de 500 metros às portas das padarias».
O MPLA cercava o forte de S. Pedro da Barra, onde estavam acantonados 600 militares da FNLA (que «algumas fontes afirmam poder atingir o milhar», com referia o DL) e a segurança do local estava a ser assegurada pelas Forças Armadas Portuguesas. Era o único ponto de Luanda onde «existia» FNLA.
A 19 de Julho de 1974, um ano antes, as Associações Económicas de Angola, reunidas em Luanda, exigiam a  descolonização. O comunicado, que respigo do Diário de Lisboa, condenava a violência dos últimos dias, nos musseques, e manifestava «discordância pela existência de um Governo local, sem a presença das correntes políticas angolanas, quase reduzido a um agrupamento tecnocrata que não pode obedecer à evolução programada pelo MFA». Deliberaram enviar uma delegação a Lisboa, para «procurar urgentes e adequadas soluções para os problemas decorrentes da situação de Angola».
Nunca chegariam a entrar no Governo. 

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