Eu mesmo, há 40 anos,
furriel miliciano de Operações
Especiais - os Rangers! - do
Batalhão de Cavalaria 8423, os
Cavaleiros do Norte!
Foto de Março/Abril de 1974
Cheguei a casa, vindo de Angola, já era 9 de Setembro - 9 de Setembro de há 39 anos! Fui direito à de minha irmã, para que fosse acordar a nossa mãe - que tinha ficado viúva e só, entregue às suas orações pelo filho que tinha ido para a guerra. No espaço de 8 meses, de Agosto de 1972 para Abril de 1973, perdera o marido (meu pai, falecido nesse mês de verão), minhas irmãs tinham casado e ido à vida delas e eu assentei praça a 23 do mês que, um ano depois, seria o da revolução.
«É o teu irmão!!!...», disse meu cunhado para a minha irmã, acordados por volta da duas horas da manhã, quando lhes bati à janela do quarto.
O cuidado de os chamar tinha a ver com o pormenor de eu chegar de surpresa e desconhecer com reagiria minha mãe, que tinha ficado doente e viúva, no Maio de 1974 que foi o meu mês de partida para a guerra angolana.
Viemos até à casa materna, aqui ao lado da igreja - em noite que era de calor e galgando apressadamente a rua do Cabo, ao tempo sem iluminação (que fechava à meia-noite), depois o largo do Cruzeiro, a Carreira da Igreja, o largo, o adro... Um deles, não sei qual - varreu-se-me da memória... -, com a Susana ao colo. Filha deles, de gorro enfiado na cabeça e a minha primeira sobrinha, dos quatro que tenho! Também afilhada!!!, que tinha baptizado antes de partir e que ia em sono profundo!!!
«Mãe, acorde!!!....», chamou a minha irmã Dulce, batendo na janela do quarto, virada para a rua!!
«O que éééé?!!...», perguntou a mãe, de dentro, talvez estremunhada, ainda no primeiro sono.
"Está aqui o meu irmão!!!...».
Levantou-se minha mãe, abriu a porta e olhou para mim: «Já vieste, rapaz?!!!...».
Tinha vindo, pois! Entrámos, com o Benício, o motorista de FRAL, que nos tinha ido buscar a Lisboa - ao Neto, deixado na sua casa de Águeda, e a mim, que tinha mais uns quilómetros pela frente, até Ois. O Benício, convidado para «beber um copo».
Vinha sem fome, mas comi um resto de escoado aquecido na sertã, ao lume, que tão bem me soube!!!, regado com uma água pé da produção caseira!, e fui deitar-me, em sono dos anjos.
Quando acordei, fui ao pátio ver a vaca, os porcos, as galinhas! Tinha saudades daqueles cheiros, da Amarela (o nome da nossa vaca arraiana), até do cantar do galo, na aurora dos dias! E das trindades da manhã, no velhíssíma torre da igreja que me baptizou e aqui existe! Voltei à cozinha, para o café (de cevada) da manhã, com migas de broa - ai a broa da minha mãe, que saudades eu tinha!!!... -, e dela fui sabendo como estavam todos, os familiares, os vizinhos, os amigos!!!
«Já conhece a sua neta mais nova?», perguntei-lhe eu, pela Marta - que a 10 de Agosto, há poucos dias deste ano de 2014, fez 39 anos!
Não conhecia, tinha nascido menos de um mês antes, os tempos não eram de fáceis comunicações e deslocações, como hoje. E teria de ir a Viana o Castelo, para pegar no colo o terceiro neto, uma... ela! Iria conhecer!
Só depois saí de casa, indo à rua achar gente da minha gente, que me perguntava tudo sobre tudo.
Foi há 39 anos! Como o tempo passa!
Abraço, man, já passou...
ResponderEliminarMan. Pinto
Abraço CC,já passou men ?
ResponderEliminar*
ManPinto
12 h · Gosto
Cavaleiros Do Norte Quitexe Estamos velhos e sexiiiiiiiigenários, companheiro!!! Já lá vão 39 anos e parece que foi ontem! O tempo voa!
Como comentei no blog, tenho seguido com interesse esta odisseia.
Manuel Aldeias
Como comentei no blog, tenho seguido com interesse esta odisseia.
ResponderEliminarManuel Aldeias
Excelente narrativa.
ResponderEliminarUm abraço, Viegas.
António Artura Guedes
Abraço, Viegas...
ResponderEliminarJoão Monteiro
O TEMPO NÃO PASSA, NÓS É QUE PASSAMOS. DESTAS CRONICAS TODAS FAZ UM LIVRO VIEGAS. UM ABRAÇO
ResponderEliminarÉ Viegas, pareces um puto...
ResponderEliminarObrigado por estas coisas que nos lembras de forma brilhante...
J. Silva