sexta-feira, 21 de novembro de 2014

2 944 - Fazer 22 anos, há 40 que foram passados...


A
Avenida do Quitexe, ou Rua de Baixo, zona das instalações militares. À 
esquerda, a antiga casa da Madame Van der Schaf -  a Casa Guerreiros. Na esquina, 
o restaurante Pacheco, onde há 40 festejei os meus 22 anos. Ficava em frente 
à secretaria da CCS e Casa dos Furriéis - foto de Carlos Ferreira, em Dezembro 
de 2012. Em baixo, eu mesmo, na mesma avenida, há 40 anos. O Pacheco ficava atrás, 
do lado esquerdo da foto




A 21 de Novembro de 1974, estava eu no uíjano Quitexe, na nossa angolana jornada africana. Fiz 22 anos e, creio bem, foi a primeira vez que dei alguma importância a tal dia. Cá por casa, pouca importância se dava a efemérides deste tipo, os meios não eram fartos, era modesta a família, e crescíamos com o desejo e gosto de receber um par de meias como prenda, quando muito! Lá pelo Quitexe, foi diferente!! Talvez porque o moínho da saudade nos fazia mais nostálgicos, porque mais e melhor levedava o sentido de paixão e afecto pelas nossas gentes mais próximas, mas que estavam a milhares e milhares de quilómetros e nós em teatro de guerra.
O dia correu bem, pois a sementeira de cumplicidades do grupo era grande - e a colheita maior!!! - e todos nos sentíamos irmãos, família e "amantes", diria! Neste fim de tarde de hoje, aqui em casa e quando se faz tempo para o jantar de família (desconfio que me está a chegar uma prenda de Lisboa!!!...), voltei a reler algum correio da data, recebido pelos dias mais próximos desse tempo de 1974, e dou conta que alguns amigos, por esta ou outras razões, "desapareceram" do nosso palco diário. É a vida! Não que falecesse a amizade e o carinho, mas as fronteiras do mundo separaram os nossos dias.
Há 40 anos, fiz a festa com amigos Cavaleiros do Norte e, hoje, na hora do almoço, esteve o Francisco Neto a representá-los, refrescando a memória para a jantarada desse dia, no Pacheco, com os apaparicos gastronómicos de D. Maria Lázaro, a cozinheira cabo-verdeana que fabricava sabores novos com as especiarias de lá.
O dia, em Luanda, foi de mais 6 presos, «com as mãos atadas atrás das costas, alguns deles feridos e apresentados à imprensa estrangeira» pelo MPLA. Tinham sido capturados pelas Comissões de Vigilância do partido de Agostinho Neto, nos musseques. Um deles, acusado de assassínio; outro, de extorquir dinheiro em nome do MPLA; os restantes,  de roubos - «todos acusados de se intitularem, falsamente, militantes do MPLA».
A FNLA, do seu lado da barricada, denunciava que «19 pessoas foram forçadas, recentemente, a abandonar os seus lares, no (bairro do) Catambor». Estavam «protegidas pelas Comissões da FNLA» e os seus dirigentes deixavam entender, segundo o Diário de Lisboa, que «teriam sido forçadas a abandonar as residências, na semana passada, por aderente armados de um movimento rival - cujo nome não quis revelar». A Forças Armadas Portuguesas, por sua vez, anunciaram «um africano morto a tiro» e também «dois negros e dois brancos feridos com armas de fogo, na segunda e terça-feira» - dias 17 e 18.
As negociações em Argel, entre Melo Antunes e Agostinho Neto, decorriam em «clima de autêntica fraternidade», como disse o ministro sem pasta de Portugal.
Foi assim o meu dia de 22 anos. Há 40!

2 comentários:

  1. Olá
    O meu nome é Horácio Pinto e estive em Penude a dar instrução no 3º Turno de 1973. O meu nome de guerra era HORÁCIO, e fiz o 2º curso de 1973 com o Asp. Andrade. Fui para Angola em Dez./73. Não tenho memória visual suficiente para vos reconhecer nas fotos do Blogue, mas tenho uma curiosidade: O Celestino, foi o que transportou a CRUZ na Op. Calvário do nosso curso?
    Estive nos Dembos, e quase com seis meses de comissão chegou à minha Unidade o Asp. Baltazar, que fez o curso connosco. Se me quiserem contactar no FB é Horácio Pinto-Tavira, e o meu e-mail é : horaciovitor@gmail.com . Um abraço para todos.

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  2. Olá, viva! Na verdade, na operação Calvário,houve um problema desse género e o companheiro ajudado não era do meu Grupo. Eu era do Grupo do Alferes Eduardo Fonte - o 3º., se me lembro bem. Lembro-me bem, isso sim, é do aspirante Baltazar. Eu, o Neto e o Monteiro, com o alferes Garcia, estivemos no Quitexe. O Sousa (alferes) e o Pinto (furriel) em Zalala, o João Machado (a) e o Letras (fm) em Aldeia Viçosa e o Rodrigues (a) em Santa Isabel. Abraço. C. Viegas

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