quarta-feira, 26 de novembro de 2014

2 949 - Os dias 24 e 25 de Novembro, da Angola de 1974 e 1975


Aquartelamento militar do Quitexe, visto do lado da Igreja. A primeira caserna, era a do PELREC.
O edifício a branco, à direita, era a sede do Batalhão de Cavalaria 8423. Em baixo, Rosa Coutinho





A 25 de Novembro de 1975, aconteceu o que aconteceu em Portugal e, em Angola «a situação político-militar continua(va) a sofrer profundas alterações, desencandeadas por uma grande ofensiva das forças populares, ao longo das três frentes» de combate.
Na Zona Norte, a que interessava aos Cavaleiros do Norte já então na «peluda», e cito o Diário de Lisboa desse tempo, «uma coluna invasora, que tentou penetrar até à zona de N´dalatando e posteriormente até à cidade do Dondo, abrindo ponte para a Frente Sul, com o objectivo de ocupar a  barragem de Cambambe, foi sustida na região conhecida por “21 curvas”».
A coluna, e cito, «tinha-se deslocado da Samba Caju e sustida na manhã de 24 de Novembro, sendo obrigada a recuar para Camabatela».
Camabatela, recordemos, que era (é) vila muito próxima do Quitexe. Deixou, refere o enviado especial do Diário de Lisboa, «muitos mortos e prisioneiros, bem como grandes quantidades de material de guerra de diverso tipo».
O ataque, ainda segundo o jornal, tinha «tentado romper a barreira defensiva de Lucala e N´Dalatando, desencadeado depois de a coluna agressora ter sido reforçada com efectivos da FNLA, que retiraram nos últimos dias do triângulo de confrontações Caxito-Barra do Dande-Libongo».
As confrontações destes dias terão registado, nas três frentes, pelos menos 80 mortos, dezenas de prisioneiros e a destruição de 8 carros blindados e 6 camiões das chamadas “forças invasoras” - as que combatiam as FAPLA´s, do MPLA.
Um ano antes, pelo Quitexe, havia contactos directos com elementos da FNLA, que se apresentavam às autoridades e até, dentro de certo limite, confraternizavam com a tropa, com evidentes reservas.
Rosa Coutinho, neste mesmo dia desse ano, veio a Lisboa, para participar nos trabalhos da Comissão Nacional de Descolonização. Era o presidente da Junta Governativa e admitia-se a sua nomeação como Alto Comissário - para «preparar um Governo de Transição».
A imprensa do dia, que nós avidamente líamos no Quitexe (tanto quanto isso era possível...), dava conta que o Secretário de Estado da Economia angolano denunciava «diversas manobras, nomeadamente no sector dos transportes, tendentes a paralisar a economia do país».
Assim ia Angola! Há 39 e há 40 anos!

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