quinta-feira, 12 de março de 2015

3 057 - Os Cavaleiros souberam do 11 de Março de 1975


O Cine Moreno, em Carmona, ficava numa praça em frente ao Rádio Clube do Uíge (em 
cima). O pavilhão desportivo e o cinema do Clube Recreativo do Uíge (CRU)




A 12 de Março de 1975, chegaranm tarde a Carmona os ecos da contra-revolução em Lisboa - na véspera. A Emissora Oficial de Angola, no noticiário das 20 horas, deu «ampla reportagem do acontecimento» e, imediatamemnte antes, o Alto Comssário Silva Cardoso «fez um pequeno relato dos acontcimentos» - precisando que «a situação estava perfeitamente controlada pelas Forças Armadas».
Só ao outro dia, ou talvez depois, chegou ao Quitexe o «Diário da Luanda» - jornal da tarde luandina, dando conta da «intentona reccionária que eclodiu em Lisboa». O general António de Spínola estava em fuga, assim como outros cabecilhas - provavelmente para Espanha. As fronteiras foram encerradas e alguns oficiais revoltosos foram presos no Quartel do Carmo. O 1º. Ministro Vasco Gonçalves advertia que «minoria de criminosos lançou militares contra o MFA».
Isto incomodou, ou de algum modo preocupou, os Cavaleiros do Norte?
Nada, do que me lembro. A adaptação à cidade continuava tranquila, sem dificuldades - apesar da animosidade da maioria da comunidade civil branca. Dela estavamos avisados. Para a não reagir a bocas, a insultos ou a cuspidelas para o chão quando passávamos nas ruas, frequentávamos cafés, bares e restaurantes, ou cinemas - o Moreno, o do Clube Reacreativo do Uíge -, ou casas nocturnas e de prazeres abertos ao apetite dos jovens Cavaleiros do Norte. 
Uma coisa era certa e segura, entre a guarnição: disciplina total, sentido e prática de dever e de honra, aprumo e atavio, dedicação e interesse. Virtudes que, um ano antes, nos ensinaram em Santa Margarida, no período de preparação para a jornada africana de Angola.

Sem comentários:

Enviar um comentário