quinta-feira, 14 de maio de 2015

3 119 - O problema angolano, o MODU e militares para o Norte

Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel: furriéis milicianos José 
Querido (Odivelas), Vitor Guedes (falecido a 16/04/1998), António Fernandes (Braga), 
Agostinho Belo (Retaxo, Castelo Branco, de óculos) e Ângelo Rabiço (de Vila Real, mas 
em Guimarães). Em baixo, algumas localidades do Uíje angolano. por onde 
passaram os Cavaleiros do Norte


A 14 de Maio de 1975, em Luanda, o ministro Melo Antunes (dos Negócios Estrangeiros) iniciou negociações com os três movimentos de libertação: MPLA, FNLA e UNITA. O objectivo era «encontrar uma solução para o problema de Angola».
Incidentes entre MPLA e FNLA, em Luanda, reporta(va) o Diário de Lisboa desse dia que «continuam a registar-se alguns, embora de pouca gravidade». Em Nova Lisboa, a segunda cidade de Angola, «a situação está normalizada». Os recontros entre as forças dos dois movimentos teriam «provocado  4 mortos do lado do MPLA e 14 do lado da FNLA»
O dia foi tempo para incidentes em Teixeira de Sousa (onde as forças da FNLA «retiraram para o Zaire») e Vila Nova, Cuína e Caala (ou Roberto Williams, perto de Nova Lisboa).
Um ano antes, em Carmona, foi criado o Movimento Democrático do Uíge (MODU). Anunciou «total adesão ao MFA» e o seu objectivo passava pela «restituição das liberdades cívicas ao país e pela restauração, em Portugal, de um regime democrático».
A ANI, em despacho desse dia, dava conta que «cerca de 20 organizações políticas foram criadas em Angola, desde que eclodiu o Movimento das Forças Armadas» e o manifesto do MODU apontava para «colaborar activamente nas intenções e objectivos já proclamados pela Junta de Salvação Nacional» e, em particular, na «missão que se propõe de consciencialização política para uma solução justa e pacífica do problema ultramarino».
Do que foi feio do MODU, não sei. Nem mesmo no tempo da passagem dos Cavaleiros do Norte tenho memória de ouvir falar de tal partido. Os seus dinamizadores, há 41 anos, também propunham  criar um jornal independente.
Ao mesmo tempo, e ainda segundo a ANI, «milhares de soldados foram transferidos para o norte de Angola, a fim de enfrentarem uma prevista ofensiva de guerrilheiros». Isto porque o Alto Comando previa que os cerca de 4000 combatentes  da FNLA «iniciem os seus ataques no fim deste mês, numa tentativa de destruírem a colheita do café e para intimidar os trabalhadores negros assalariados pelos colonos brancos daquela área».
Outro motivo desta transferência de militares era «convencer os colonos brancos de que a Junta de Salvação Nacional não tenciona por ter à guerra contra os cerca de 4000 membros da FNLA».

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