domingo, 21 de junho de 2015

3 167 - A primeira operação militar dos Cavaleiros do Norte!!!

Alferes António Garcia (ao centro) e furriel miliciano Viegas (à direita), momentos 
antes da saída do Quitexe, para uma operação militar. À esquerda, está o alferes 
João Sampaio, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala


Edifício do Comando  do BCAV. 8423 (seta
vermelha) e porta d´armas (seta verde), na Avenida do
Quitexe (ou Rua de Baixo) em 1974. Daqui
partiu a primeira operação dos Cavaleiros do Norte,
há precisamente 41 anos!


Quitexe, 20 de Junho de 1974. O Batalhão de Cavalaria 8423 iniciou a Operação Castiço DIH, na qual «envolveu, nas suas 4 fases, todas as unidades orgânicas». Garcia, o alferes miliciano comandante do PELREC, avisou-nos (a mim e ao Neto) muito perto das 11 horas da noite, da véspera, para o início da operação - previsto para as 4 horas da madrugada. Que fossemos «falar com os rapazes!...».
Lá fomos, mas o falar foi regado a Cucas, Eka´s e Nocais, cervejas bem fresquinhas e em fartura, para desbloquear emoções. Até que foi dada ordem de dormir e, às 15 para as quatro da madrugada, ordem de «três minutos para formara na parada, com equipamento de combate». Íamos para o mato!!!  
Ninguém deu passo atrás. Era a nossa «estreia» no mato, numa operação «a sério», precisamente duas semanas depois de termos chegado ao Quitexe! - a 6 de Junho de 1974. 
O que ficou do edifício do Comando (a verde),
depois da guerra civil (em data indeterminada).
Ao fundo, vê-se a Igreja da Santa Mãe de Deus do
Quitexe (seta vermelha)
A actividade dos Cavaleiros do Norte estava «virada para as centrais de Mungage e Negage e para os quartéis de Aldeia e Tabi» e a operação contou com «o reforço da 41ª. Companhia de Comandos e dos Flechas de Carmona». Refere o Livro da Unidade que «não se viu grande compensação do esforço desenvolvido pelas NT, pois que, salvo uma emboscada sem consequências, no Tabi,  só teve por reacção IN a materialização de tiros de aviso».
A 41ª. Companhia de Comandos «teve efeitos mais graves, pois que foi accionada uma mina AP na central do Negage, no qual um seu soldado sofreu a amputação de um pé». A 41ª. CC  «retirou da ZA após escassas 18 horas de operação (...), quando deveria ser de 8 dias».
Os Cavaleiros do Norte fizeram registo histórico do «primeiro contacto com o mato e o conhecimento das reacções humanas» em operação desta natureza e grandiosidade, mas, como refere o Livro da Unidade, a expectativa «acabou até por ser defraudada». 
 Um ano depois, MPLA, FNLA e UNITA, reunidos no Quénia, concluíram a cimeira e, segundo o Diário de Lisboa desse dia, «abrindo a via política para  fusão das bases militares e para a aproximação política dos três movimentos». A principal decisão foi fundir num só exército, de 30 000 homens, as forças militares dos três movimentos, «sendo desmobilizados e desarmados os restantes», segundo se lê no Diário de Lisboa desse dia. Ver neste link
Notícia do Diário de Lisboa, há precisamente
40 anos, sobre a Cimeira do Quénia
A independência continuava marcada para 11 de Novembro (de 1975) e seriam (não foram) marcadas eleições para a Assembleia Constituinte para data anterior a esse dia. O MPLA, entretanto, denunciou ataques da FNLA, nos dias 15 e 18 de Junho,  a Forte República, Brito Godins, Cuale, Canagola, Quiculunho, Samba Caju, Sambalucala e Barra do Dande. Lá para os lados do Norte angolano! 
Acusava o movimento de Agostinho Neto que o de Holden Roberto «aproveitou a  relativa acalmia que a realização da Cimeira provocou para manobras ofensivas com as características de uma ofensiva militar conjunta e simultânea». Era tempo de paz, mas nem tanto, afinal!

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