terça-feira, 21 de julho de 2015

3 197 - Dia da Cavalaria e guerra civil iminente

Avenida do Quitexe (ou Rua do Baixo). À direita, vê-se o edifício do 
comando (com a bandeira nacional hasteada) e a porta d´armas 
dos Cavaleiros do Norte. Há precisamente 41 anos!

Notícia do Diário de Lisboa de 21 de
Julho de 1975, sobre o ataque da FNLA
às Forças Armadas Portuguesas. na
Barra do Dande


O Dia da Cavalaria foi assinalado no Quitexe, a 21 de Julho de 1974, com «cerimónias simples», destacando-se a mensagem do comandante, enviada a todas as subunidades, por não poder ser «o dia festivo, o dia em que todos os Cavaleiros em confraternização vivessem essas horas e meditassem no passado, para orientarem o futuro». 
«A época é difícil, as solicitações são várias, o desentendimento entre os homens uma constante, mas esses factores não podem arrastara-se ao Exército e, por isso mesmo, neste Dia da Cavalaria de 1974, o Comandante apela para o conceito de disciplina, o sentido da responsabilidade, a agressividade do combatente, de modo a que possam os militares do BCAV. 8423 ser um destes muitos bravos que foram já imortalizados na afirmação do Patrono, de que «essas poucas páginas brilhantes e consoladoras que existem na História de Portugal Contemporâneo, escrevemo-las nós, os Soldados de África»», epistolou o comandante Almeida e Brito.
Em Luanda e enquanto isso, um comunicado das Forças Armadas dava conta da melhoria geral da situação e apelava «uma vez mais, para que a população não dê crédito a quaisquer boatos, tendentes a perturbar a ordem e o sossego que se te vindo a acentuar». Ainda segundo o mesmo comunicado, «não deu entrada no Hospital de S. Paulo qualquer ferido ocasionado por armas de fogo».
Um ano depois, a situação era bem mais grave: forças da FNLA atacaram um  avião DO 27 da Força Aérea, na zona da Barra do Dande, onde fazia voo de reconhecimento. Morreu no 1º. cabo mecânico da tripulação. Uma corveta da Marinha também foi atingida na mesma zona. Ao mesmo tempo, os 600 homens da FNLA acantonados na Fortaleza de S. Miguel resistiam ao cerco do MPLA - já desde 5ª. feira anterior (dia 17 de Julho).
A FNLA; através da rádio,  pediu «a mobilização completa das suas tropas» e o Diário de Lisboa, que citamos, dava conta que «o apelo às armas pode ser o prelúdio de uma guerra civil, que no ministro do Interior do Governo Provisório de Angola e dirigente da FNLA, N´Gola Kabangu, disse estar muito perto». Acusava os portugueses de combaterem ao lado do MPLA, nomeadamente impedindo o avanço de «uma coluna fortemente armada» que seguia em direcção a Luanda. E ameaçou que «se os portugueses continuassem a obstruir o avanço das tropas, a FNLA teria de responder pela força».
A FNLA estaria perto do Caxito, a escassos 50 quilómetros de Luanda.
Era para esta Luanda que os Cavaleiros do Norte iam partir dentro de duas semanas. Há 40 anos!!!


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