quinta-feira, 13 de agosto de 2015

3 220 - Colapso do Governo e independência unilateral de Angola

O capitão José Manuel Cruz (à esquerda) e o alferes António Albano Cruz 
com as famílias, em momentos de recreio, há 40 anos, numa praia de Luanda

O Diário de Lisboa de 13 de Agosto de
1975 anunciou, na última página,
o colapso do Governo de Transição
de Angola 


Dia 13 de Agosto de 1975, em Luanda: «O MPLA mantém o controlo total da cidade» e o seu presidente, Agostinho Neto, «está agora numa posição que lhe permite assumir o poder total no Governo Central e declarar unilateralmente a independência». A opinião não era uma qualquer: era de fontes militares portuguesas e nesse dia foi divulgada pela imprensa.
As forças da FNLA, por seu lado, «dispuseram-se em torno da capital, afim de pressionar o movimento rival a fazer concessões políticas», embora não fosse «previsível um contra-ataque»
No resto do território e com intensidades diferentes, continuavam combates, roubos, assaltos, mortes e deserções - em Nova Lisboa, Sá da Bandeira, Lobito, Benguela e Cabinda. Em Sá da Bandeira, por exemplo, estariam no quartel português «cerca de 7000 refugiados». Em Nova Lisboa, «30 000 pessoas aguardavam a evacuação» - ali refugiadas, a fugir dos combates do leste e sul do território. Mas apenas 700 podiam sair por dia, em avião. Em Cabinda, «a situação militar está(va) calma», depois da saída da FNLA, na sequência dos «últimos incidentes com o MPLA». Militares da UNITA, por sua vez, «continuavam refugiados nos quartéis das nossas tropas (...), de onde serão evacuados para o sul».
De Carmona e do Uíge por onde jornadearam os Cavaleiros do Norte, nada se sabia. Era um território controlado pela FNLA - tal qual a província (distrito) do Zaire.
Em Luanda faltava a gasolina e os transportes públicos estavam na iminência de paralisar. «Assiste-se a uma autentica corrida aos postos de abastecimento, dando origem a longas filas de automóveis», relatava a France Press.
As nossas tropas - os Cavaleiros do Norte - continuavam as suas rotinas do Grafanil e na situação de «unidade de reserva da RMA». Com «saídas» para os locais de culto da capital luandina. E para as suas praias, como se vê na imagem.

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