O furriel Viegas, à direita, com o conterrâneo (civil) Albano
Resende, na ilha (restinga) de Luanda
O navio Niassa, para o qual esteve marcada a viagem de regresso dos Cavaleiros do Norte, há 40 anos, depois da jornada africana que nos levou a Angola |
Dia 1 de Setembro de 1975, em Luanda!!! Os Cavaleiros do Norte tinham ficado a saber, já na véspera e «em previsão», que, atingido o final da comissão, e cito do Livro da Unidade, «regressaremos a Portugal a 8 de Setembro, no navio Niassa». A notícia não podia saber melhor e foi vivida com extrema alegria.
Era domingo e o capitão Oliveira, comandante da CCS, não perdeu tempo e encarregou-nos (a mim e ao Neto) de ir conhecer o navio, fundeado no porto de Luanda, com a incumbência de prepararmos a distribuição do pessoal pelos beliches. O da CCS. Lá fomos, mas nem entrámos - ninguém nos autorizou, o pessoal estava de greve... - e fomos parar à baixa de Luanda, para almoçar na esplanada do Amazonas, certamente um bom bife com ovo a cavalo, bem regado a cerveja. Ainda fomos ao Pólo Norte (aos gelados, que luxo!...) e por Luanda passámos a tarde, fazendo horas para o jantar combinado com o meu conterrâneo Albano Resende, civil com quem fomos visitar outro conterrâneo (o Neca Taipeiro), que trabalhava num bar da alta de Luanda.
Comer, por esse tempo, não era tarefa fácil: os praças, com mais ou menos quantidade e qualidade, sempre refeiçoavam no aquartelamento do Grafanil. Mais delicada era a tarefa dos graduados, que tinham de procurar e pagar a sua alimentação. Muitos restaurantes fechavam, muitas padarias e pastelarias já não abriam - em muitos casos por falta de abastecimento, outros porque os seus donos «fugiam» para Portugal. Onde comer, então? Lá nos desenrascávamos...
O final da jornada turística ia tendo mau fim, quando, no regresso à casa do Viana, fomos ameaçados de assalto no Largo Serpa Pinto, por homens armados. Lá nos safámos e «voámos» para Viana enquanto os céus de Luanda se estrelavam de rajadas e material de guerra pesado. Foi num ápice que galgámos a estrada de Catete e passámos ao Grafanil, com o Neto de prego a fundo
O dia foi tragicamente assinalado por outra notícia, bem dramática: a da morte do alferes miliciano Bragança, dois dias antes, na estrada do Caxito, entre Quifandongo e Luanda, abatido por um militar da FNLA.
«No dia 1 de Setembro, chegou ao Ambriz o corpo do alferes Bragança, que a FNLA mandou buscar e meter num camião», narra o livro «Sefredos de Descolonização de Angola» (Alexandra Marques, 2014).
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