O alferes Cruz (à direita) na praia de Luanda, em Agosto/Setembro de
1975, ao lado do capitão José Manuel Cruz e com familiares de ambos, atrás.
Hoje, comemora 70 anos, em Santo Tirso. Parabéns!
O furriel Viegas na praia da Ilha de Luanda, em Angola, nos últimos dias de férias de Setembro de 1974 |
A 24 de Setembro de 1974, o comandante Almeida e Brito e oficiais da CCS visitaram a 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa e comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz. Já lá tinham estado a 13 e 19, no «campo dos contactos (...) necessários ao bom andamento dos trabalhos militares». O mesmo fizera(m) à 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel e do capitão miliciano José Paulo Fernandes (a 13 e de 21 para 22), e à CCAÇ. 4145, a de Vista Alegre.
O oficial capelão do Batalhão de Cavalaria 8423 - o alferes José Ferreira de Almeida, sacerdote católico - acompanhou essas visitas, em missão de assistência religiosa e de acção psicológica.
Vagamente me lembro do alferes capelão: alto esguio, algo reservado, que se dividia entre os vários aquartelamentos do Batalhão de Cavalaria 8423 e, uma vez ou outra, vi a celebrar na Igreja de Santa Maia de Deus do Quitexe.
O tempo, a esse tempo e no capítulo da acção psicológica, segundo recordo do Livro da Unidade, foi também para «actividades da equipa de foto-cine do BCAV., com a projecção de um filme em todas as subunidades e destacamentos».
Notícia do Diário de Lisboa sobre a Cimeira dos três movimentos angolanos em Kampala, promovida por Idi Amin Dada (OUA e Uganda) |
Um ano depois, a Setembro de 1975, a OUA persistia na realização de uma cimeira entre os três movimentos de libertação, envolvendo o Governo Português e para analisar a situação de Angola. O MPLA tinha dúvidas sobre o resultado da cimeira e Portugal, através de um telegrama do Presidente Costa Gomes a Idi Amin Dada (líder da OUA e do Uganda) pressionava a sua realização.
Militarmente, a situação pouco evoluía. A FNLA continuava no Caxito, desde o dia 20, sábado (a 53 quilómetros de Luanda), e o MPLA escusava-se a falar da situação, limitando-se a comentar que «prosseguem os combates, há alguns dias». A contra-ofensiva a Nova Lisboa estava em pausa, embora, noticiava o Diário de Lisboa, «a cidade esteja cercada num raio de cerca de 300 quilómetros».
«Nenhuma acção notável se registou neste sector», informou fonte militar portuguesa, referindo-se à tarde da véspera, dia 23 de Setembro de 1975. A cidade estava controlada pela UNITA e pela FNLA e de lá saíam portugueses atrás de portugueses: na ordem dos 30 000, a esta data de 1975.
Na semana anterior, três tinham sido mortos e dois ficaram ferido, quando saíam de um cinema.
«A situação está a tornar-se de dia para dia mais inquietante», sublinhava uma fonte militar portuguesa. As pessoas eram revistadas a qualquer esquina de rua e algumas tinham desaparecido, «sem que se saiba exactamente em que condições».
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