sexta-feira, 2 de outubro de 2015

3 271 - Cavaleiros de Aldeia Viçosa em Salvaterra de Magos (7)

Cavaleiros do Norte em Salvaterra de Magos, a 26 de Setembro de 2015, 40 anos 
depois da cegada de Angola: condutor Samuel Oliveira e furriéis Ramalho,  
Letras e Viegas. Atrás, Estevão Neto, o atirador que por Aldeia Viçosa se fez padeiro


António Carlos Letras e Abel Mourato,
furriéis milicianos de Aldeia Viçosa, personagens
de avantajadas requisições de géneros alimentícios
e bebíveis. Aqui, num jardim de
Carmona, há 40 anos!

O encontro de Salvaterra de Magos, a 26 de Setembro, foi um mar de pequenas/grandes histórias e estórias daqueles que, por lá, foram Cavaleiros do Norte e orgulhosos combatentes do Batalhão de Cavalaria 8423. Nem falemos de fulgurantes e efémeras paixões que por lá se fizeram em labaredas d´amores. Por exemplo, pela filha de um quadro superior de uma fazenda onde os «aldeias viçosas» fizeram serviço (cala-te boca!!...). 
Ou as requisições de géneros alimentícios (e bebíveis) que, por tempo que a memória já esqueceu, foram canalizados para o pelotão do alferes João Machado, em Luísa Maria - que por lá os consumiu, regalando os apetites e matando as sedes em quase desregração. Conta Letras que «foram centenas de litros de vinho a mais, só para falar de vinho, que a rapaziada mamou que foi um ver se te avias...». Quando o Abel Mourato, o «maçarico» vagomestre de Aldeia Viçosa deu por ela, olhem, «tarde piaste...». Foi a conferências, mas já não havia vinho ou consumíveis para conferir. Era o vinho para um mês inteiro, de toda a companhia! E com que gosto, com que fartas gargalhadas!, isto foi lembrado em Salvaterra!! Principalmente pelo Letras, quem fez a requisição.
A 2 de Outubro de 1974, o almirante Rosa Coutinho anunciou em Luanda que Costa Gomes, o novo Presidente da República (substituindo o auto-renunciado António Spínola), iria assumir pessoalmente «as negociações com vista à futura independência de Angola, tal como o presidente cessante se propunha fazer»
Capa do Diário de Lisboa de há 41 anos,
sobre o processo de descolonização de Angola.
Costa Gomes assumiu o processo, substituindo
António Spínola, que tinha renunciado
à Presidência da República
A renúncia de Spínola, de resto, levou o MPLA a, segundo o Diário de Lisboa, «cancelar os seus planos para a reabertura das actividades militares naquele território, após uma trégua de 4 meses». O presidente Agostinho Neto, falando em Dar-es-Salam, disse mesmo que «a renúncia de Spínola é o sinal de que Portugal continua a ser uma democracia, na linha do Movimento das Forças Armadas, que domina a situação». E acusava Spínola de «em Angola, estar a fazer jogo muito perigoso, cultivando e escutando fantoches e dirigentes de partidos políticos que não representam o povo».
Agostinho Neto denunciou igualmente que «soldados sul-africanos estão a treinar angolanos brancos em três campos recentemente criados no território, com o objectivo de criarem um exército particular». E de quem eram os campos de treino? Do Partido Democrático Cristão de Angola (PDCA), da FUA (Frente de Unidade Angola, ou Frente Unida de Angola) e da FRA (Frente de Resistência de Angola) - «fundados pelos colonos portugueses, pouco depois do 25 de Abril» e que, na opinião de Agostinho Neto, tinham «ligações com a UNITA, o único movimento de libertação de Angola, que não era reconhecido pela OUA» - a Organização de Unidade Africana.

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