domingo, 4 de outubro de 2015

3 273 - Cavaleiros de Aldeia Viçosa em Salvaterra de Magos (9)

O alferes Jorge Capela, ao centro, ladeado pelos furriéis milicianos Freitas 
Ferreira (à esquerda) e Rafael Ramalho, em Valongo (2014). Em 2015, em Salvaterra 
de Magos, recordaram mil histórias da jornada africana de Angola


António Artur Guedes e António Carlos
Letras, dois furriéis milicianos Cavaleiros do
Norte de Aldeia Viçosa, no encontro de 2015, a
26 de Setembro de 2015


O desfiar de memórias, em Salvaterra, fez lembrar momentos dramáticos - que hoje se recordam à gargalhada mas que, ao tempo, foram sofridos e exigiram coragem e sangue frio. Um deles, lá por Junho/Julho de 1975, foi o da chegada de Daniel Chipenda a Carmona. Era ele, ao tempo, militante da FNLA.
A segurança do aeroporto estava a cargo do grupo de combate do alferes Jorge Capela, com o furriel Rafael Ramalho. E houve pequenas escaramuças, com a segurança de Chipenda, que pretendeu desautorizar a força portuguesa, querendo arredá-la das suas posições. Que não e não foi. «Quando quiseram impor a força, impuse-la nós, como tinha de ser. Nem que fosse pela força das armas», disse Jorge Capela.
Os dramáticos momentos da intercalação foram rápidos e serenos, da parte portuguesa, «Quando disseram que aquilo era deles, garanti-lhes que onde estava a nossa força, éramos nós quem mandava. Onde estão os meus pés, é meu, disse-lhes...», narrou Jorge Capela - que tinha o seu grupo de combate  «pronto para tudo».
Felizmente, os «chipendas» acataram a autoridade portuguesa e assim se terá evitado um banho de sangue, algumas mortes e lutos que hoje seria trágico recordar!
Manobras neocolonialistas denunciadas
pelo MPLA», titulava o Diário de Lisboa de
4 de Outubro de 1974, faz hoje 41 anos!
Há 41 anos, aos quatro dias de Outubro de 1974, o comandante Almeida e Brito teve reunião operacional no Comando do Sector do Uíge, em Carmona - numa altura em que, em Lusaka, na Zâmbia, o presidente do MPLA denunciava «manobras neocolonialistas» e condenava «as personalidades que haviam sido convidadas para conversações em Lisboa sobre o futuro do território». Não tinha, disse ele, «mandato do povo angolano».
Tais conversações, segundo Agostinho Neto, «sem a presença do MPLA, constituíam o mais flagrante desrespeito por aqueles que voluntariamente verteram o seu sangue e deram o seu esforço ao longo de 13 anos de luta armada». Sublinhou também que «o processo de descolonização de Angola não está a ser visto à luz dos princípios que conduziram ao aparecimento de novos Estados em África». E que o MPLA não deporia armas «caso as negociações não seja estabelecidas com a vanguarda revolucionária».
A Comissão de Descolonização reuniu em Lisboa, na manhã desse mesmo dia 4 de Outubro de há 41 anos, e o problema de Angola, segundo o Diário de Lisboa, «ocupará lugar de relevo». os processos de independência de Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Timor e Macau, segundo o vespertino de Lisboa, «não podem ter a mesma importância e acuidade que o grande Estado atlântico da África Austral».

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