quarta-feira, 14 de outubro de 2015

3 283 - Morte de 2 civis europeus e cessar fogo com a FNLA

Cavaleiros do Norte do Quitexe. Os furriéis milicianos António Cruz (morador 
em Lisboa). Cândido Pires (Niza), Luís Mosteias (falecido a 
5 de Fevereiro de
2013), Francisco Neto (Águeda), José Pires (Bragança) e Nelson Rocha (Gaia)

Os furriéis milicianos Viegas e Miguel (Peres
dos santos, paraquedista), no Quitexe, há 41
 anos. Vinham de ver os cadáveres dos dois
europeus brancos assassinados




O 14º. dia de Outubro de 1974 foi trágico na área de acção dos Cavaleiros do Norte: «Um grupo IN realizou uma emboscada a uma viatura civil, com êxito da sua parte, pois que obteve dois mortos civis europeus», relata o Livro da Unidade. O tempo era de «cessar fogo não oficial, é certo», mas não se expectava semelhante barbárie, que ocorreu entre as fazendas Alegria II e Ana Maria, mesmo no limite noroeste do Subsector. Lembro bem esse dia: fui, com o Miguel (furriel páraquedista, nosso companheiro do Quitexe), ver os cadáveres, numa sala da Administração Civil.
O dia, curiosamente, foi tempo de se saber da decisão das FNLA, anunciando para o dia seguinte (dia 15) o cessar fogo oficial, na sequência das negociações de Kinshasa, com o Governo Português. O presidente Holden Roberto, então, comentou querer construir «uma Angola livre e próspera, com todos os seus filhos, seja qual for a cor da sua pele».
Notícia do Diário de Lisboa de há
40 anos, 14 de Setembro de 1975, sobre o cessar fogo
anunciado pela FNLA, o movimento presidido
por Holden Roberto
O MPLA não participou nas negociações e debatia-se com dissidências internas, uma delas liderada por Daniel Chipenda - que participou no encontro de Kinshasa, mas não era reconhecido como representante daquele movimento.
Um ano depois, era terça-feira e o Diário de Luanda, considerado «muito próximo dos órgãos directivos do MPLA», anunciou-se contra as declarações de Melo Antunes na assembleia geral das Nações Unidas. O vespertino da capital angolana considerou que o ministro dos Negócios Estrangeiros «insultou o povo angolano» e anunciou que ia deixar de publicar notícias sobre Portugal, assumindo-se embora do lado do povo português, que «não confundia com o Governo». Considerava-o aliado e, de resto, manifestou-lhe (ao povo português) «toda a sua solidariedade na luta que trava pela instauração de um regime verdadeiramente socialista, liberto da exploração do homem pelo homem».
Capa de uma edição do Diário de
Luanda de Julho de 1974. O
jornal era considerado próximo
do MPLA
O MPLA, esse e sobre esta matéria, não se pronunciou, embora, referia o Diário de Lisboa, «se tenha o Diário de Luanda como reflectindo a opinião daquele movimento».
Foi isto há 40 anos, já com os Cavaleiros do Norte em Portugal, depois da sua jornada africana do Uíge angolano!!! Então com «espectadores» atentos e sedentos de notícias do «nosso» Uíge - do nosso Quitexe, de Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel e Carmona, terras por onde se semeou o gosto de amar aquelas terras e aquelas gentes!

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