terça-feira, 15 de dezembro de 2015

3 245 - Morteiros do Quitexe e Delegações dos Movimentos

Cavaleiros do Norte de Zalala: NN (quem é?), Campos, Santos, Nascimento 
(furriel miliciano) e Casimiro. E os dois companheiros de baixo, quem são?


Manuel Deus, 1º. cabo rádio-telegrafista e Cavaleiro
do Norte de Santa Isabel, frente à delegação da
FNLA do Quitexe, depois de atacada pelo
MPLA (em 1975)

A notícia da rotação do Pelotão de Morteiros 4281, do Quitexe para Carmona, soube-se a meados de Dezembro de 1974. Era comandado pelo alferes João Leite - um oficial miliciano açoreano, agora empresário nos Estados Unidos -, com um 2º. sargento de que não recordo o nome (e estava na secretaria) e pelos furriéis milicianos Luís Costa e Fernando Pires.
Os Cavaleiros do Norte prosseguiam tranquilamente a sua jornada, já com todas as suas subunidades instaladas na chamada Estrada do Café - que liga(va) de Luanda a Carmona, agora Uíge. Zalala e Santa Isabel, e Luísa Maria (e o Liberato, onde tinha estado a CCAÇ. 209/RI 21), já eram passado na sua história uíjana.
Os três movimentos de libertação, instalados em Luanda, alargavam a sua influência e, segundo o Livro da Unidade, «procurando ir estendendo a sua acção ao interior de Angola». No caso do (nosso) Uíge, «abrindo delegações em Carmona e, com o decorrer do mês, aparecerem secretarias destes movimentos em Quitexe e Vista Alegre». 
Carmona, agora Uíge. A estrada da
cidade para o BC12, em 2015, tantas vezes
por aqui passaram os Cavaleiros do Norte!
O livro «Segredos da Descolonização de Angola», de Alexandra Marques (Edições D. Quixote, Leya, 2014) reporta esse tempo: 
«(...) a partir de Carmona, o ELNA controlava o distrito do Uíge, «procurando brancos e negros a sua protecção». A maioria dos cafeeiros brancos pagava uma taxa em dinheiro ou em géneros e tinham sido criadas brigadas conjuntas da FNLA e da UNITA que visitavam as residências dos brancos, aos quais pediam para terem calma e paciência. A atmosfera de cordialidade poderia alterar-se em breve, com a chegados dos elementos do MPLA, apoiados na região de Carmona por «muitos burocratas e jovens, inclinando-se os menos instruídos e mais conservadores para a FNLA». Apesar da paz momentânea, a guerra continuava a ensombrar o pensamento de maioria dos habitantes da região, como assinalava Killoran: «A possibilidade de uma guerra civil é o principal tópico de conversa no Norte. Alguns observadores consideram-ma inevitável, se Neto de mantiver na liderança do MPLA. Outros, incluindo os líderes da FNLA na zona, sentem que uma eleição livre poderá garantir uma transferência de poderes ordeira e evitar a guerra civil. A FNLA admite, porém. estarem a preparar-se para combater, caso seja necessário».
Angola estava semeada de dúvidas, há 41 anos! Nas vésperas do Natal de 1974!
- KILLORAN, Tom. Cônsul-geral dos 
Estados Unidos em Luanda.
- ELNA. Exército de Libertação Nacional de 
Angola, braço armado da FNLA

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