sábado, 19 de dezembro de 2015

3 249 - Cavaleiros à espera do Natal e encontro do Luso

Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, em Zalala: os furriéis milicianos José 
António Nascimento (vagomestre, emigrado nos Estados Unidos) e Manuel 
Dinis Dias (mecânico, falecido a 20 de Outubro de 2011, de
 doença e em Lisboa)

Rosa Coutinho a cumprimentar Jonas Savimbi,
na Base Aérea do Luso. À esquerda, de óculos,
Agostinho Neto. Entre este e atrás de Rosa
Coutinho (farda branca), está Lúcio Lara

Os uíjanos Cavaleiros do Norte lá andavam nas suas calmas, a galgar os dias quentes de Dezembro de 1974, entre serviços de ordem, fiscalização de itinerários (principalmente na Estrada do Café) e uma ou outra escoltas, nomeadamente em deslocações do comandante interino - o capitão José Paulo Falcão.
O correio da metrópole chegava aos montes, através do SPM e embrulhado em mensagens de Natal: da família, das mulheres, das namoradas, dos amigos, das madrinhas de guerra. Todos, quase todos, a perguntar pela data do regresso. No Portugal metropolitano, levedava a ideia de «nem mais um soldado» para as frentes coloniais, como se por lá - por Angola, por Moçambique, pela Guiné... - não estivessem milhares de homens para render!!!
Ao tempo, na véspera e lá por Angola e na base Aérea do Luso, o Alto Comissário Rosa Coutinho reuniu com os presidentes Agostinho Neto (MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA), primeiro separadamente, depois a três. O comunicado final, lido por Lúcio Lara (chefe da Delegação do MPLA em Luanda), não podia ser mais esperançoso, anunciando ir ser posto «termo às hostilidades e propaganda que dificultem a colaboração franca e sincera entre as duas organizações».
Vista Alegre. Quartel onde. há precisamente
41 anos, estava instalada a 1ª. CCAV. 8423, a
de Zalala, comandada pelo capitão miliciano
Davide Castro Dias
O comunicado era de 10 pontos, deles sublinhando (nós) os de «procurar estabelecer, e conjunto com a FNLA, neste momento crucial da história do nosso povo, uma plataforma política para a formação do Governo de Transição». Também «estudar formas práticas de cooperação imediata, nos planos político e militar». Por outro lado, «opor-se, tenazmente, às manobras da reacção interna que visam perpetuar as relações injustas herdadas do colonialismo, perturbando assim a paz duramente conquistada, após anos de sacrifício». Finalmente, «combater com vigor as manobras que atentem contra a dignidade nacional e visem a secessão do país».
O encontro terminou com uma conferência de imprensa, durante a qual Agostinho Neto disse que ainda não estava marcados a data e o local da cimeira dos três movimentos com o Governo Português, mas que «ela se realizará depois de 27 de Dezembro, em território não português e numa área geográfica já definida pelos três movimentos de libertação».
Sabe-se hoje que, afinal, foi no algarvio Alvor (no Hotel Penina), começando a 10 de Janeiro de 1975 (uma sexta-feira) e terminando apenas a 28, acordando os representantes portugueses e dos três movimentos de libertação (FNLA, MPLA e UNITA) na constituição de um Governo Provisório, chefiado por um Alto-Comissário Português e na data de 11 de Novembro de 1975 como a do dia da proclamação da independência.

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