sábado, 16 de janeiro de 2016

3 277 - Acordo no Alvor e serenidade no Uíge angolano

Acordo do Alvor, assinado de 15 para 16 de Janeiro de 1975. À frente, Melo 
Antunes, Rosa Coutinho, Agostinho Neto (MPLA), Costa Gomes (PR), 
Holden Roberto (FNLA), Jonas Savimbi (UNITA), Mário Soares e Almeida Santos 


Cruz e Viegas, furriéis milicianos doa CCS
dos Cavaleiros do Norte, na placa separadora
ajardinada da Avenida do Quitexe (ou Rua de Baixo).
Atrás,  era o bar dos praças. O coberto era onde se davam
as aulas regimentais

A imprensa de 16 de Janeiro de 1975 dá enormíssima e normal importância à assinatura, na véspera, do acordo entre o Governo de Portugal e os três movimentos de libertação (MPLA, FNLA e UNITA), no sentido da independência de Angola. «Aqui, as pretensões dos colonialistas ficam enterradas para sempre», disse Agostinho, em nome dos três movimentos, sublinhando que «afastado o obstáculo do colonialismo, nem o povo português nem o povo angolano desejarão recuar na sua transformação progressiva para uma nova definição do homem na sociedade».
«A dinâmica da vida social só nos pode levar a um destino, o destino do progresso. Se recuarmos, o processo, em Portugal ou em Angola. este importante acordo hoje selado pelo estabelecimento das relações justas entre os nossos povos, romper-se-á inevitavelmente», acrescentou o presidente do MPLA, falando em nome dos três movimentos de libertação. 
A imprensa sublinhava a «importância histórica» do acordo, lido pelo major Melo Antunes, «em voz firme, sem uma hesitação», como destacava o Diário de Lisboa, na abertura da cerimónia - que, a 15 de Janeiro de  1975 foi sucessivamente adiada, para, finalmente, se realizar «pouco depois das 23 horas, devido a atrasos na passagem à máquina dos quatro textos, em português, do acordo»,  no Hotel Penina, lá no Alvor Algarvio. Um texto para cada delegação.
O Diário de Lisboa de 16 de
Janeiro de 1975 «dedicava» quase
toda a primeira página à
Cimeira do Alvor

O dia 16, no Quitexe, foi normal, sem grandes alteração aos costumes regimentais. Foi logo pela manhã que se soube, via rádio, da assinatura do acordo - notícia que, não sendo indiferente ao espírito comum dos Cavaleiros do Norte, também não suscitou grandes euforias. Ou pequenas. 
A acção psicológica fazia passar mais um filme, no Clube do Quitexe (para a guarnição da CCS e da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel - respectivamente dos capitães SGE António Oliveira e miliciano José Paulo Fernandes) e com exibições nas subunidades de Aldeia Viçosa (a 2ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz) e Vista Alegre (a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, do capitão miliciano Davide Castro Dias).
Um ano antes, em Santa Margarida, tomava posse o novo comandante do RC4 - a unidade mobilizadora do Batalhão de Cavalaria 8423 -que tomou parte da cerimónia. O Livro da Unidade regista que «pode(ndo) dizer-se ter sido nesta data a sua primeira aparição como unidade constituída»

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