segunda-feira, 2 de maio de 2016

3 384 - Cavaleiros no Encontro de Antigos Combatentes em Fátima

Alfredo Coelho, o 1º. cabo Buraquinho (à esquerda) e o condutor Joaquim 
Celestino foram a Santo Tirso, a casa do ex-alferes António Albano Cruz, 
buscar o estandarte e preparar a ida ao Encontro Nacional de Antigos 
Combatentes do Ultramar - que decorreu ontem, em Fátima


Os (já) capitães milicianos José Manuel Cruz  (ao
centro) e José Paulo Fernandes, comandantes,
respectivamente, da 2ª. CCAV. e da 3ª. CCAV. 8423,
 com o alferes miliciano João Machado (da 2ª. CCAV.) ,
já em Angola
O Batalhão de Cavalaria 8423 participou ontem no Encontro Nacional de Antigos Combatentes da Guerra do Ultramar, representado por uma delegação formada por Alfredo Coelho (o 1º. cabo Buraquinho) e pelos condutores Joaquim Celestino, José António Gomes e Vicente Alves.
O grupo de Cavaleiros do Norte da CCS apresentou-se em Fátima com o estandarte do Batalhão e o Vicente e o Gomes (também com um cunhado deste) foram alguns dos ex-combatentes (da Guiné, de Angola e de Moçambique) que levaram o andor de Nossa Senhora de Fátima, durante a procissão.
As cerimónias envolveram ex-militares dos três ramos das Forças Armadas (Exército, Marinha e Força Aérea) e começaram às 9 horas, com a concentração nas imediações do Santuário e desfile para a Capelinha das Aparições - onde foi rezado o terço. Seguiu-se a procissão, para o altar, e a celebração da missa.
«Foi um momento de muita emoção e de muitas recordações», comentaram o Alfredo Coelho (Buraquinho) e o Joaquim Celestino Silva, sensibilizados com as cerimónias e pela distinção dada ao Batalhão de Cavalaria 8423, transportando o andor de Nossa Senhora de Fátima.
Notícía do Diário de Lisboa de 2
de Maio de 1974. Há 42 anos e
sobre a «situação preocupante
em Luanda»
A delegação foi preparada durante um encontro com António Albano Cruz, alferes miliciano mecânico auto, em Santo Tirso - Cavaleiro do Norte que é o guarda-mor do estandarte do BCAV. 8423. A foto (acima), ele mesmo a legenda: «Três valentes Cavaleiros a fazerem aquilo que mais sabem, comer, beber e contar histórias...».
O encontro foi ontem, mas há 42 anos a história era outra. Portugal estava em oitavas da festa do primeiro 1º. de Maio depois de Abril e, por África, o presidente da Zâmbia exigia «a independência de Angola e Moçambique».
Kennett Kaunda, na sua primeira intervenção depois da revolução portuguesa, tal pedia «ao novo regime de Lisboa» e reafirmava «apoio aos movimentos de libertação que lutam com as forças militares portuguesas em territórios africanos».
Em Luanda «a situação é (era) preocupante», segundo o Diário de Lisboa de 2 de Maio de 1974. O director geral da PIDE/DGS, S. José Lopes, afirmou que a situação em Angola se «manteria como até aqui». A Comissão Cívica Democrática, apoiante do programa do MFA, sentiu-se ameaçada e «receando pela vida dos seus membros». Apenas 6 presos políticos tinham sido libertados e os democratas angolanos exigiam a presença, em Luanda, de um membro da Junta de Salvação Nacional para «clarificar as coisas e fazer cumprir as suas determinações».
Holden Roberto, presidente da FNLA e falando em Kinshasa (capital do Zaire), denunciou «o carácter fictício da auto-determinação de que fala o general Spínola», considerando haver uma facção política, em Lisboa, «no sentido de que as colónias de África são o prolongamento de Portugal». E que «os presos políticos em África, designadamente em Angola, não foram libertados, tão-pouco os partidos políticos angolanos no exílio foram autorizados a regressar a Angola, para ali exercerem livremente as suas actividades, como é o caso de Portugal» - onde tinham sido autorizada reconstituição dos partidos e o regressos dos partidos políticos que estavam no exílio.
Ordem de Serviço nº. 66, do RC$, com a
licença dos 10 dias de mobilização da 2ª. CCAV.
8423 - os Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa
Hoje, fazendo história das Ordens de Serviço, cito a nº. 66 do RC4, de 20 de Março de 1974 (há 42 anos) e quanto ao BCAV. 8423, dou conta da ida de férias (a 18 desse mesmo mês) dos futuros Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa - os militares da 2ª. CCAV. 8423, comandada pelo então ainda tenente miliciano José Manuel Cruz.  
A fac-simile mostra os nomes dos oficiais, sargentos e alguns praças, mas a OS inclui todos os outros dessa Companhia (e outras do BCAV.) que, nessa data, «entraram de licença nos termos do artigo 75º. das NNAPU» - os conhecidos 10 dias antes do embarque para o ultramar (que, nosso caso, não corresponderam a tal).

Sem comentários:

Enviar um comentário