sábado, 23 de julho de 2016

3466 - FNLA «impediu» saída de MVL de Carmona e cessar-fogo em Luanda

Um helicóptero na parada da BC12, com o edifício do comando ao fundo. 
Reconhecem-se o furriel Viegas (à esquerda, de costas), o alferes 
Garcia (com um rádio na mão) e o furriel Machado (de mãos nas ancas). 
Alguém identifica os restantes?

A fachada principal do BC12, em Carmona (imagem 
de cima). Vista aérea do quartel (em baixo)

A FNLA «impediu» a saída de um MVL para Luanda, a 21 de Julho de 1975 - o que já acontecia pela segunda vez, repetindo o dia 13 - e a situação motivou instintiva reacção de um grupo de furriéis (alguns dos que habitualmente faziam patrulhamentos na cidade e itinerários), junto do comandante Almeida e Brito, indagando da razões porque as NT não forçavam a passagem.
As razões foram fundamentadas e ficaram semeadas expectativas quando ao futuro próximo: tal não voltaria a acontecer. E não aconteceu. Por exemplo, a 23 de Julho o comandante Almeida e Brito - e restantes comandos militares de Carmona - reuniram com os os responsáveis da FNLA e o comandante dos Cavaleiros do Norte terá sido tudo menos... simpático. Não era homem de vergar, ou de sustentar medos. 
Era quarta-feira e a melhor notícia chegava de Luanda, onde, noticiava o Diário de Lisboa, por despacho do seu correspondente,  «desde as zero horas de hoje está em vigor um cessar fogo entre guerrilheiros do MPLA e os militares da FNLA». O acordo fora acertado na véspera, numa reunião da Comissão Nacional de Defesa, presidido pelo novo Alto Comissário  - o general Silva Cardoso.
Nem tudo eram boas notícias: havia também a da explosão de uma bomba na redacção do Jornal de Angola (o até aí A Província de Angola). Com portas e janelas destruídas e elevados prejuízos, mas com apenas dois feridos: um polícia e um tipógrafo. A rotativa ficou «completamente destruída». O jornal era «afecto» à FNLA, pelo que não seria difícil «desconfia» de quem terá partido a explosão da bomba.
O Diário de Lisboa de 23 de Julho de
1975 noticiava o cessar-fogo em Angola
Não havia notícias de confrontações armadas, mas os 600 homens da FNLA continuavam no Forte de S. Pedro da Barra - que no domingo anterior tinha sido «palco de intensa batalha». A FNLA voltou a acusar as Forças Armadas Portuguesas «ajudaram o MPLA nas confrontações com o MPLA» e, por este registo, se pode imaginar com o movimento de Holden Roberto olhava e desconfiava, e ameaçava, os Cavaleiros do Norte, as únicas NT no território uíjano - onde derrotaram e expulsaram o MPLA.
O Diário de Lisboa desse dia 23 de Julho de 1975 noticiava que «as Forças Armadas Portuguesas estão prontas a intervir para impedir o possível avanço das tropas da FNLA sobre Luanda, dominada pelo MPLA desde os violentos combates do princípio do mês» e um porta-voz militar português, citado pelo mesmo vespertino de Lisboa, dava conta que «se a FNLA marchar sobre Luanda, ol combates poderão alastrar para as zonas centrais da capital, em vez de se confinarem aos seus subúrbios, com até agora».

   

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