O 1º. cabo pintor Teixeira, o alferes miliciano Cruz e o condutor Gaiteiro há dois anos, na Senhora da Hora, em Matosinhos. Cavaleiros do Norte do Parque-Auto |
O mês de Setembro de 1974 foi de férias (minhas), que me fizeram andar a laurear o queijo pela imensa Angola - de Luanda a Nova Lisboa, Lobito, Benguela, Porto, Gabela... Reencontrei familiares e amigos, em abraços que mataram saudades e nostalgias. Mas, obviamente, a vida continuou pelo norte angolano, onde os Cavaleiros do Norte iam no seu quarto mês de jornada uíjana. A CCS no Quitexe e as companhias operacionais em Zalala (1ª.), Aldeia Viçosa (a 2ª.) e Santa Isabel (a 3ª.).
O furriel Viegas de férias, há 42 anos, na ilha de Luanda e com o amigo e conterrâneo (civil) Albano Resende |
O futuro de Angola (soube-se nesse dia 16 de há 42 anos) foi discutido em Cabo Verde (no sábado anterior, dia 14), entre os presidentes António Spínola (de Portugal) e Mobutu Sese Seko (do Zaire e da OUA, Organização de Unidade Africana). «Se dependesse unicamente do general Spínola, a descolonização de Angola iria muito mais depressa», disse o líder africano, acrescentando, porém, que «os irmãos angolanos estão ainda divididos entre três tendências no seio do MPLA» e que em Kinshasa «continuamos a espera de uma frente comum».
O Diário de Lisboa de 15/09/1974 fala da reunião dos Presidentes Spínola e Mobut em Cabo Verde, sobre a independência de Angola |
Activo estava, ao tempo, o Partido Cristão Democrata de Angola (PCDA), uma das várias organizações políticas criadas após o 25 de Abril. Num comunicado publicado no jornal A Província de Angola, sobre o encontro da ilha do Sal (Cabo Verde) «deplora(va) que essas conversações tenham sido efectuadas sem prévio conhecimento dos partidos e rodeadas de sigilo, o que significa, em linguagem simples, a decisão unilateral de Angola serem todos ou parte dos movimentos políticos excluídos do conhecimento do conteúdo dessas conversações» - mencionando-se a si mesmo, o MPLA, a FNLA e a UNITA,
O PCDA sublinhou também e «mais uma vez que a solução dos problemas políticos angolanos incumbe unicamente à população de Angola, por intermédio dos seus partidos políticos».
Sem comentários:
Enviar um comentário