domingo, 18 de setembro de 2016

3 523 - Portugal sem Governo e MPLA a preparar ataque a Carmona

Equipa de futebol da CCS dos Cavaleiros do Norte. De pé, Grácio, José 
Gomes, Miguel Teixeira, Botelho, Miguel Santos, Gaiteiro e Soares. Em 
baixo, NN, Mosteias, Lopes (enfermeiro), NN, Monteiro e Teixeira (estofador)


Equipa de futebol da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala.
Quem ajuda a identificar os atletas? Em
baixo, o campo de futebol do Quitexe
O dia 18 de Setembro de 1974 foi tempo, na vila do Quitexe, de mais uma reunião da Comissão Local de Contra-Subversão (CLCS). Por mim, continuava de férias, correndo o imenso território angolano, que preferi conhecer, descobrindo-lhe o chão e as gentes, as tradições e grandeza, em vez das convencionais viagens para o Portugal então denominado Metropolitano.
O tempo desse tempo de há 42 anos, pela terra uíjana, era também de animados jogos de futebol, entre equipas das subunidades dos Cavaleiros do Norte e entre estas e formações civis. Assim se dava, e cito o Livro da Unidade, «extensão às actividades psicológicas».
Um ano depois, era quinta-feira e os Cavaleiros do Norte já iam com mais de uma semana em Portugal - depois da jornada africana do Uíge angolano. O almirante Pinheiro de Azevedo continuava sem formar Governo (completo), muito embora «as dificuldades pareçam estar definitivamente ultrapassadas, com a aceitação, em princípio, de uma certa forma de proporcionalidade na distribuição de pastas ministeriais pelos três partidos maioritários» - o PS, o PCP e o PPD (o actual PSD).
De Angola, chegavam notícias que confirmavam a preparação, pelo MPLA e as suas FAPLA, de «uma grande ofensiva na frente norte, contra Ambriz e Carmona, os grandes bastiões da FNLA», de que já aqui temos falado. Mas não se registavam confrontos desde o fim de semana anterior.
Notícia sobre a situação em Angola, na primeira
página do Diário de Lisboa de 17 de Setembro de 1975
A FNLA, sublinhava o Diário de Lisboa, «encontra-se isolada e com grandes dificuldades de reabastecimento, dado que as principais vias para o efeito estão sob controlo do MPLA».
A situação em Luanda era de «calma total» e o Exército Português, comentava o Diário de Lisboa, «continua a observar a neutralidade activa», previstas pelos acordos do Alvor. Os seus militares estavam essencialmente concentrados em Nova Lisboa e Luanda, cidades «onde se encontra a maior parte dos civis portugueses que pretendem ainda emigrar para Portugal».
O êxodo da população branca, no entanto, continuava a decrescer e deu-se até o caso de, na manhã de segunda-feira (dia 15), um avião da UTA ter «a surpresa de não encontrar nenhum passageiro para o avião diário, fretado pelo Governo Francês, com destino a Lisboa».
Um «Boeing 707» da Força Aérea da Alemanha Federal e um «Illyuchin» da Alemanha do Leste «tinham já embarcado os «desalojados» inscritos nos seus voos».

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