terça-feira, 25 de outubro de 2016

3 560 - Saída da Fazenda do Liberato, rotação em Vista Alegre!

Os furriéis milicianos Viegas e Pires (Cândido), a 25 de Outubro de
1974, na aldeia do Talambanza - na saída do Quitexe para Carmona.
Foram assistir a rituais fúnebres pela morte de uma criança
Gente do Liberato: os furriéis Flora (de pé, à esquerda) e
Gaspar. mecânico-auto, com o cão. Há 42 anos, souberam
que iam sair da fazenda uíjana e regressar ao RI 21, em
Nova Lisboa. Quem identifica os outros?
O dia 25 de Outubro de 1974 foi uma sexta-feira e, pelas bandas dos Cavaleiros do Norte, foi assinalado pelo anúncio da alteração do dispositivo militar do BCAV. 8423 - o nosso Batalhão. Assunto que, refere o Livro da Unidade, era «por demais importante». Assim e em previsão, «abandonam o Subsector a CCAÇ. 209, que regressará à sede a 8 de Novembro, e a CCAÇ. 4145, a qual, a partir de Novembro, se irá instalar no Sector de Luanda».
Memorial dos militares mortos,
na Fazenda do Liberato
A primeira CCAÇ. (a 209) era oriunda do RI 21, de Nova Lisboa, no Huambo, e estava aquartelada na Fazenda do Liberato. Comandada pelo capitão Victor (casado com uma senhora holandesa) e a ela pertencia (embora na altura não soubesse) o furriel José Oliveira - meu companheiro de escola, em Águeda. A segunda, em Vista Alegre e com destacamento na Ponte do Dange.
Caxito, tão perto de Luanda, onde há 42 anos
 MPLA e FNLA disputavam cada palmo de terreno
A notícia «saiu» da reunião do Comando do Sector do Uíge (CSU), em Carmona, na qual participou o comandante Almeida e Brito e ficou a saber-se, também, que «para solver estas situações, em meados de Novembro começará a 1ª. CCAV. a tomar conta da área de Vista Alegre, mudança que só estará completamente processada» no final do mês.
A título pessoal, eu o o Cândido Pires (furriel miliciano dos Sapadores, ambos na primeira imagem) estivemos na aldeia do Talambanza, onde assistimos ao ritual fúnebre da morte de uma criança negra. Infelizmente, e para aqui os  pudesse evocar com rigor, a memória fez perder os pormenores essenciais do cerimonial - dele recordando, todavia ser muito inusitado para os nossos hábitos lutuosos. Cantava-se e não se chorava!
Um ano depois, soube-se - pelo despacho do Diário de Luanda para o Diário de Lisboa - que «as FAPLA lançaram ontem uma grande ofensiva contra as posições de mercenários em Sá da Bandeira, depois de previamente terem evacuado os civis daquela cidade». A acção do exército do MPLA provocou «a divisão das forças mercenárias, das quais um considerável parte retirou para Humpata, a sudeste de Sá da Bandeira, na Leba».
Os noticiários do tempo (os Cavaleiros do Norte já estavam em Portugal desde a segunda semana de Setembro) não falavam do Uíge e dos chãos que o BCAV. 8423 tinha pisado na sua jornada de 15 meses por terras do norte de Angola - o Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isabel, Luísa Maria, Vista Alegre e Ponte do Dange, Songo e Carmona.
Falavam do Caxito e relativamente ao dia 23: «Tiveram lugar violentos combates na zona do Quipiri. Os invasores quisera avançar na direcção da Quifangondo mas o fogo intenso da nossa artilharia obrigou-os ao recuo, tendo deixando no terreno uma metralhadora e dois blindados equipados de canhão, que foram destruídos. As posições mantêm-se, assim, inalteráveis nesta zona», disse Júlio Almeida (Jujú), comandante do MPLA.

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