quinta-feira, 27 de outubro de 2016

3 562 - Golpe «rodesiano» em Angola e combates pré-independência

Cavaleiros do Norte no refeitório do Quitexe. À direita e em baixo, de bi-
 gode, João Monteiro (Gasolinas), Cabrita, Calçada, NN, NN, NN e Flo-
rêncio (de bigode). De pé, NN, Aurélio (Barbeiro), Mendes (bate-chapas?)
e...! Quem identifica quem? Quem é este CN da esquerda, em grande plano?  

Cavaleiros do Norte de Zalala: furriéis milicianos
 Nascimento, Rodrigues e Manuel Dias (à civil).
 Atrás, 1º. cabo Ferreira e furriéis Barata (falecido a
 10/10/1997, de doença,  em Alcains) e José
 Louro. Mais atrás, quem é?

O dia 27 de Outubro de 1974 foi tempo de se saber, pelas terras uíjanas onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte - Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isabel, Luísa Maria..., Vista Alegre, Ponte do Dange e Liberato... -, de «uma tentativa separatista, do tipo rodesiano». «Gorou-se», disse o Alto-Comissário Rosa Coutinho, em entrevista ao jornal «A Província de Angola», em Luanda. O actual «Jornal de Angola».
O almirante acrescentou que «a conspiração estava ligada às forças reaccionárias que tentaram um golpe em Lisboa, no mês passado, durante os acontecimentos que levaram à renúncia do general Spínola da Presidência da República».
Vista Alegre em 2016 (imagem da net)
«Entre outras pessoas detidas em Angola, com conexão com a conjura», disse o Alto-Comissário que estavam personalidades como o secretário geral e três dirigentes do Partido Democrata Cristão de Angola (PDCA), «responsáveis pela recepção de uma remessa ilegal de armas que deveria ser descarregadas no território».
Outro dos implicados, imagine-se e ainda segundo Rosa Coutinho, era Ruy Correia de Freitas, director do jornal «A Província de Angola» - o memso que publicava a entrevista e que o Alto Comissário «julga(va) encontrar-se na África do Sul», acrescentando que «alguns dos cabecilhas da conjura conseguiram fugir».
O dia 27 foi domingo e de Portugal chegavam notícias de uma nova lei do divórcio e da revisão da Concordata, da luta dos novos professores provisórios contra o despedimento e do desemprego, da muita actividade política que por cá se desenvolvia e pouco de... Angola. Do futebol, e já agora, o campeonato era comandado por Vitória de Guimarães e FC Porto (13 pontos), seguidos do Benfica (12), Sporting e Vitória de Setúbal (10), Boavista e Farense e (9), Belenenses (8), Olhanense, Espinho e Atlético (7), União de Tomar e CUF (6), Leixões (5), Oriental (4) e Académico(a) de Coimbra (2).
Os resultados da 8ª. jornada, a de 27 de Outubro de 1974: Espinho-Benfica, 1-2; CUF-Boavista, 1-1; Oriental-Leixões, 3-3; Sporting-Farense, 3-0; Belenenses-U. Tomar, 1-0; Olhanense-Atlético, 3-5; Académico(a)-V. Setúbal, 1-2; FC Porto-V. Guimarães, 1-1.
Notícia do Diário de Lisboa de 28 de Outubro de
1974, sobre a «tentativa rodesiana» de Angola
A poucos dias do 11 de Novembro, um ano depois e a uma segunda-feira, «os combates prosseguem ininterruptamente, desde sábado» na zona de Sá da Bandeira, na sequência da «contra-ofensiva lançada pelo MPLA contra as forças mercenárias que a ocupam», como se lia no Diário de Lisboa, considerando que a cidade era «terra de ninguém».  Por forças mercenárias entenda-se, na linguagem do MPLA, as forças da FNLA e da UNITA - que tentavam «abrir caminho para Moçâmedes, para assegurarem a posse de um porto de mar», considerado vital para o reabastecimento das suas forças, a centro e sul de Angola.
A situação, na área do Caxito, evoluía «favoravelmente para as FAPLA» e a FNLA recuara cerca de 10 kms., para «posições nas proximidades da fazenda».
Os Cavaleiros do Norte, em Portugal, continuavam expectantes e sem saberem o que se passava pelo Uíge, onde dominava a FNLA.


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