segunda-feira, 31 de outubro de 2016

3 566 - O êxodo de trabalhadores rurais, a independência de Angola a 11 dias!



Cavaleiros do Norte no Quitexe, todos furriéis milicianos, sob o olhar do 1º. sargento Marchã, da 3. CCAV.
8423, a de Santa Isabel (de pé e à direita, a despejar um copo). Atrás e de pé, Fernando Pires e Luís Costa
(ambos dos Morteiros), Graciano Silva, António Fernandes (de quico), José Carvalho (de boina) e Nelson
  Rocha (garrafa na mão). Depois, João Cardoso (a rir), Grenha Lopes, António Flora (tapado pelo Fernandes) e
Viegas (de dedo apontado). À frente, Joaquim Abrantes (de cachimbo), Ângelo Rabiço (de bigode), Ar-
mindo Reino (tapado pela mão do Bento), Francisco Bento (de mãos no ar) e, à frente dele, Delmiro Ribeiro

Cavaleiros do Norte no «casino». À volta da mesa, Oliveira (de
 cigarro na boca), Frangãos (Cuba, de bigode), Breda, Vieira (Sa-
cristão, a olhar para trás) e José Coelho (ao lado do Oliveira,
faleceu, de doença, a 13/05/2207, em Penafiel). De pé e com mala
 na mão, quem é? Depois e do lado esquerdo, o Machado (?),
Soares, Marques (Carpinteiro, falecido a 01/11/2013)

 e Jorge Vicente (a fumar). E os outros, quem são?

Quarta-feira, 31 de Outubro de 1974! O mês acaba e são crescentes as preocupações, na parte civil do território uíjano, pelo «êxodo dos trabalhadores rurais», que, ao tempo, teve «elevado incremento, provocando o fecho de algumas fazendas, nomeadamente nas cordas de Zalala e Canzundo, bem assim na zona de Vista Alegre e em muitas outras, provocando a paragem da laboração».

A Estrada do Café, na entrada do Quitexe,
do lado de Carmona para Luanda
A altura em que se encontravam os trabalhos agrícolas ainda não era preocupante de todo, «não trará grande afectação à futura colheita» mas, recorda o Livro da Unidade, «se a situação de mantiver a partir de Janeiro, então já se verificarão fortes prejuízos ao poderio económico local, situação que conduza a grande preocupação na maioria dos fazendeiros e que está a conduzir à fuga do pessoal dirigente das fazendas».
Julgava este pessoal que a sua presença «não tem justificação e até nem serão aceite no futuro, uma vez que tem provas absolutas que é a FNLA que impõe a saída dos trabalhadores rurais, sob coação de morte, se tal não fizerem». Muitos deles, na verdade, abandonaram as fazendas e procuraram mais certezas para a sua vida - seguramente acautelados pela morte dois civis europeus que se transportavam numa viatura civil e, entre as fazendas Alegria II e Ana Maria, forma emboscados e mortos a 14 de Outubro desse ano de 1974. Os das acções de banditismo que a FNLA passou a fazer depois de 18 de Outubro, com «pilhagens aos utentes dos itinerários», especialmente entre o Quitexe e Aldeia Viçosa.
O Diário de Luanda, um ano depois e nessa última sexta-feira (31) de Outubro em despacho para o Diário de Lisboa, noticiava que «não se registaram alterações assinaláveis, de norte a sul de Angola, nas últimas 24 horas».
Diário de Lisboa de 31 de Outubro de 1975
A informação que circulava dependia, no essencial, dos comunicados do MPLA (ou das Forças Armadas Portuguesas), pois UNITA e FNLA não tinham acesso aos meios informativos da capital. Por alguma razão não se falava da «nossa» Carmona, do «nosso Uíge!
«As forças do ELP e da África do Sul, «constituindo uma ponta de lança dos fantoches da FNLA e da UNITA - assim apelidava o MPLA estes dois movimentos - parecem tentar um avanço sobre o Lobito, dividindo-se em duas colunas: uma localizada na estrada marginal, outra deslocando-se pelo interior», relatava o Diário de Lisboa de 31 de Outubro de 1975, em serviço do Diário de Luanda. 
A 11 dias do dia maior de Angola: o da independência!




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