domingo, 13 de novembro de 2016

3 579 - Mortos (50) e feridos em Luanda, calma na ZA dos Cavaleiros

Cavaleiros do Norte em momento de pose para o futuro. De pé, reconhe-
ce-se o António Cabrita - o primeiro do lado direito. E os outros? Em baixo,
os 1ºs. cabos Fernando Grácio e Manuel Marques (?, o Carpinteiro),
 António Calçada, NN e 1º. cabo Luciano Borges

O capitão José Paulo Falcão (ao centro) na va-
randa do edifício do Comando do BC12, em Car-

mona. Ladeado pelo alferes João Machado (à
 esquerda) e capitão José Diogo Themudo
O capitão José Paulo Falcão, enquanto comandante interino do BCAV. 8423, reuniu a 13 de Novembro de 1974 no Comando do Sector do Uíge (CSU), com outras unidades do Sector e para «estabelecer contactos operacionais».
A reunião foi em Carmona e no Quitexe, no mesmo dia, uma quarta-feira e «na continuação do programa traçado», realizou-se mais um encontro da Comissão Local de Contra-Subversão - que se repetiria a 29.
A vila que aquartelava os Cavaleiros do Norte andava na «paz dos anjos» e a guarnição matava saudades dos seus chãos e famílias pelos bares e restaurantes: o Rocha, o Pacheco, o Topete (na imagem).
O bar e restaurante Topete, na avenida do Quitexe
(ou Rua de Baixo). Reparem nos candeeiros
Angola, por esse tempo, procurava o caminho do futuro, o Uíge estava tranquilo mas o mesmo não acontecia em outras regiões. Luanda, por exemplo, refazia-se de «dois dias de tiros, facadas e fogos postos, em que encontraram a morte mais de 50 pessoas e ficaram feridas mais de 100». A madrugada da véspera fora de«trajadas de tiros nos subúrbios».
Os camionistas cessaram «a greve de protesto contra os assaltos e tiros, na estrada principal que liga Luanda ao Dondo» - com garantia de patrulhamento militar.
Notícia sobre Angola no Diário de
Lisboa de 13 de Novembro de 1975
Um grupo de soldados negros, que tinham sido das tropas especiais portuguesas, em Cabinda, mantinha 39 reféns numa posição fortificada sobranceira à fronteira com o Congo-Brazzaville. Estas tropas, referia o DL, eram «aparentadas da FLEC, movimento que procura a total autonomia daquele enclave, muito rico em petróleo» e que apresentou «uma lista de exigências para os libertar», que o Governador Lopes Vale, português, disse «não poder aceitar», por ultrapassarem as suas competências. As tropas portugueses tinham a posição cercada mas não intervieram  por causa da segurança dos 39 reféns. O MPLA não podia andar armado fora das suas áreas controladas e não era o caso.
A UNITA, na véspera e na cidade do Lobito, referindo-se à comunidade branca de origem portuguesa, garantiu que «deve estar absolutamente calma pois, a UNITA assegurar-lhe-á protecção». «É por este princípio que a UNITA está disposta a combater», assegurou Jorge Valentim, que era chefe da Delegação do movimento de Jonas Savimbi naquela cidade do litoral angolano e considerado a segunda personalidade do «Galo Negro», depois do presidente.
Um ano depois e ao terceiro dia da independência de Angola, era dada como «praticamente certa» a participação de independentes no Governo do MPLA, nomeadamente de elementos que tinham integrado a primeira Junta Governativa de Angola, liderada pelo Almirante Rosa Coutinho.
As chamadas «áreas libertadas» pelo MPLA estavam todas calmas e o jornalista Eugénio Alves, no DL, reportava que todas elas «com a população empenhando-se em tarefas de produção e as crianças regressando às aulas».

Sem comentários:

Enviar um comentário