sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

3 626 - O adeus do padre Almeida, a Cimeira de Portugal e movimentos

Grupo de Cavaleiros do Norte da CCS e da 3ª. CCAV. 8423. Atrás, Francisco Bento, Nelson Rocha,
 Viegas, António Flora, António Lopes (enfermeiro, de óculos), Luís Capitão (a fumar) e Delmiro Ribeiro.
À frente, José Fernando Carvalho Carvalho, Agostinho Belo (de óculos), Grenha Lopes e Armindo Reino




Os alferes milicianos João Machado e António Garcia.
Alguém reconhece o «Barbas» da fotografia?  

O ano de 1974 chegava ao fim e ao fim também a comissão de serviço do padre capelão José Ferreira de Almeida, alferes de patente, em «fim de comissão», que dividia a sua acção por todo o BCAV. 8423.
A memória desse tempo faz lembrar a sobriedade do capelão, ainda relativamente novo, alto e magro, a caminhar tranquilamente pela avenida do Quitexe, a caminho da Igreja da Mãe de Deus - aqui e ali cumprimentando ora militares, ora civis. 
A Igreja da Mãe de Deus do Quitexe
Outra memória tem a ver com o mês de Setembro desse mesmo ano, por o termos acompanhado (escoltado) às várias unidades dos Cavaleiros do Norte - por a elas se deslocar em missão. A Zalala, a Aldeia Viçosa e a Santa Isabel, em dias diferentes.
Sabemos, agora e por prestável diligência do dr. António Albino Capela (o padre Albino do Quitexe) junto do Bispo de Viseu, e já de Setembro de 2015, que «o padre José Ferreira de Almeida morreu vai para 20 anos e ainda muito novo». Terá falecido por meados dos anos 90 do século passado. O dr. Albino Capela recordou-nos que contactou com ele em finais dos anos 80 e que «estava adoentado, não parecendo nada de grave».
Há 42 anos, a Ordem de Serviço nº. 148 do Batalhão de Cavalaria 8423 dava conta do final da sua comissão e do seu regresso a Portugal. Hoje, recordamo-lo com saudade. RIP!!!

A Cimeira e o Governo
da Transição de Angola

O dia 30 de Dezembro de 1974, uma segunda-feira, foi tempo para, em Lusaka, Jonas Savimbi, o presidente da UNITA, anunciar que «as conversações entre representantes do Governo Português e os três movimentos de libertação angolanos (...) terão lugar a 10 de Janeiro (de 1975) algures em Portugal».
«Antes disso - acrescentou aquele dirigente - o MPLA e a FNLA realizarão uma cimeira, afim de concordarem numa plataforma comum par apresentar ao Governo Português». Os dois movimentos tinham sido, e citamos o Diário de Lisboa desse dia, «renhidos rivais os durante os anos da guerra de guerrilhas».
A cimeira anunciada para 10 de Janeiro de 1975 era encarada, por observadores de Lusaka, como «uma gigantesca evolução a caminho do entendimento entre os três movimentos, para se encontrar uma adequada solução angolana de independência».
«O nosso objectivo é ter em Angola um Governo de Transição antes do fim de Janeiro e a independência entre nove a doze meses», considerou Jonas Savimbi.
Calma na parada do Quitexe. Alguns Cavaleiros do
 Norte, equipados, preparam-se para um jogo de fute-

bol, no afinal do ano de 1974. Há 42 anos!!!


Calma no Uíge dos
Cavaleiros do Norte

Os últimos dias de 1974, pelas bandas do Uíge onde os Cavaleiros do Norte faziam a sua jornada angolana de África, foram vividos tranquilamente.
Os movimentos emancipalistas, porém e a exemplo do que acontecia por todo o território, «procuravam estender a sua acção e, com o decorrer do mês, apareceram secretarias no Quitexe em Vista Alegre». E começou a verificar-se, também, «uma aproximação dos referidos movimentos. nomeadamente aos povos já há tempo fixados», cm refere o Livro da Unidade, sublinhando «a sua maioria com incidência da FNLA, mas também, nalguns casos do MPLA».
Problema era, antecipava o Livro da Unidade, «a reserva latente entre os dois movimentos, já que na área predomina a FNLA», muito embora e por então «não se tenham ainda verificado actos que possam preocupar as suas actividades». A confiança era palavra de ordem!


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