A placa de entrada da vila do Quitexe, no Uíge angolano, do lado de Luanda e na Estrada do Café, a 24 de Setembro de 2019. O piso, no geral, está em bom estado e mantem a largura do tempo colonial |
Pavilhões escolares na antiga parada do BCAV. 8423, no Quitexe. A sapata de cimento poderá ser de uma das casernas dos Cavaleiros do Norte da CCS |
Notícia do Diário de Lisboa |
Há 45 anos, o «A Província de Angola» foi o primeiro jornal a que tivemos acesso, no Quitexe e já a 12 de Janeiro de 1975, sobre o que se passava no Alvor, entre as Delegações de Portugal e dos três movimentos de libertação de Angola - o MPLA, a FNLA e a UNITA.
«A 200 metros do Hotel Penina não se pode circular. Cães ferozes, comandos, pára-quedistas, polícias, guardas-republicanos, exercem uma vigilância estreita que tem derrotado todas as tentativas de perfuração dos elementos da imprensa.
A Cimeira recordada
pelo «Jornal de Angola»
Há 45 anos, o «A Província de Angola» foi o primeiro jornal a que tivemos acesso, no Quitexe e já a 12 de Janeiro de 1975, sobre o que se passava no Alvor, entre as Delegações de Portugal e dos três movimentos de libertação de Angola - MPLA, FNLA e UNITA.
O «Jornal de Angola», que lhe sucedeu, dos acontecimentos deu conta na passagem dos 40 anos (há 5) dessa histórica data e é isso que hoje, com a devida vénia e situando-os a 11 de Janeiro de 1975, disso damos conta:
«A 200 metros do Hotel Penina não se pode circular. Cães ferozes, comandos, pára-quedistas, polícias, guardas-republicanos, exercem vigilância estreita, que tem derrotado todas as tentativas de perfuração dos elementos da imprensa. O almirante Rosa Coutinho esteve esta tarde no Hotel D. João II, onde funciona a sala de imprensa. A personalidade mais em evidência nas negociações, do lado português, é o major Melo Antunes, cuja forte personalidade parece dominar, realmente, (...), isto sem quebra de prestígio para Mário Soares e Almeida Santos.
Os pontos cruciais neste momento das negociações são a constituição do Governo Provisório e a forma de funcionamento do Conselho de Ministros. O funcionamento do dia a dia dos serviços é da competência do respectivo ministro, mas a decisão política das decisões é do Gabinete, funcionando como órgão colegial. Assim se evitam os atritos entre os Movimentos de Libertação, responsabilizando-se colectivamente todos e cada um.
O outro ponto básico que demora mais tempo a resolver é, sem dúvida, o da constituição e comando das Forças Armadas da nova Angola. Savimbi já disse que concorda com um comando unificado, mas salvaguarda a segurança dos seus companheiros de luta. A opinião dos outros dirigentes é igualmente significativa: Exército Unificado no comando, mas salvaguarda dos seus militantes, da sua individualidade de guerrilheiros e membros dos movimentos».
Os presidentes Jonas Savimbi (da UNITA), Agos-
tinho Neto (MPLA) e Holden Roberto (FNLA)
num momento certamente muito optimista em
relação ao processo de independência de Angola
|
As delegações
da Cimeira do Alvor
A lista oficial das Delegações participantes da Cimeira de Penina foi divulgada na tarde de 12 de Janeiro de 1975.
Há 45 as e as seguintes:
- Portugal: Ministros Melo Antunes (de Estado), Almeida Santos (Coordenação Inter-Territorial) e Mário Soares (Negócios Estrangeiros), brigadeiro Silva Cardoso, tenente-coronel Passos Ramos, majores Pezarat Correia, Gonçalves da Costa e José Pimentel, Fernando Reino, Sá Machado, António Cordeiro, Corucho de Almeida e Rui Machete.
- Alto Comissário: Rosa Coutinho, conselheiros Brito de Figueiredo, Amílcar Martins, António Castilho, Salvação Barreto, Edmundo Gonçalves, Sindicato, Américo Silva, José Nunes Pedro, Cardoso e Cunha e Morais Sarmento.
- MPLA: Agostinho Neto, Diógenes Boavida, Afonso Van Dúnem (Mbinda), Lúcio Lara, Paulo Jorge, Lopo do Nascimento, Carlos Rocha, Joaquim Kapango, Saydi Mingas, Pascoal Costa, Albertino Almeida, Maria do Carmo Medina, Mateus Van Dúnem, Maria Mambo Café, Rui Carvalho, Rui Moreira, Miguel Whekeni, Armando Ginapo, Jacob Caetano (Monstro Imortal), César Augusto Kiluanji e Filipe Costa.
- UNITA: Jonas Savimbi, Jorge Sangumba, Rony C. Fernandes, José N´Dele, Marques Karumba, Jorge Valentim, Eliseu Chimbili, Fernando Wilson, Rubon Chitacumbili, Fernando Wilson, Rubom Chitacumbi, O. Goundiam, Jean-Paul Jouzinho, Waldemar Chindondo, Samuel Lumumba, Francisco Bole-Pole, M. Doringui, Fernando Jambiri, António Vakulukuta e Lucas Tukongelgni».
O jornal, citando um despacho da ANI, não fazia referência à Delegação da FNLA, por razões que desconhecemos.
Alberto Ferreira e Rodolfo Tomás, o homem do SPM, fotografados no bar dos praças Quitexe |
Cavaleiros do Norte
com todas as calmas
A Cimeira do Alvor decorria no algarvio Hotel Penina e os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, na Angola uíjana, continuavam nas suas expectantes calmas.
Os furriéis milicianos Francisco Bento, José Augusto Monteiro e o José Carlos Fonseca vieram de férias a Portugal e delas não voltou este - que por lá era amanuense, prestando serviço no Comando do Batalhão. Em particular, era responsável pelo Serviço Postal Militar (SPM), com o 1º. cabo Rodolfo Tomaz a viajar quase diariamente (menos à segunda-feira) para Carmona, para levar e trazer correio do Portugal Europeu.
Quantos sonhos transportaram aquelas malas, que se enchiam de aerogramas (os bate-estradas), com apaixonados recados de amor, ou íntimos conselhos de familiares, ou o «diz-que-diz-que» dos amigos. Assim era, naquele tempo.
- Cimeira do Alvor no Jornal
de Angola Ver AQUI
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